5 de abr. de 2013

Here Comes The Storm



Capítulo 2


Segunda feira, sete e quarenta da manhã, porta do colégio. Eu e Chay estávamos conversando animadamente sobre qualquer programa de TV que passava em Liverpool, exclusivamente. Eu contava como eram os programas e ele anotava os nomes para ver se achava os vídeos na internet. Arthur parecia mais morto do que vivo ao nosso lado. Acendeu um cigarro e olhei torto para ele, com a cara também meio assustada. Chay nem ligou, continuando a escrever, enquanto eu falava o nome do último programa.
- Você se importa? - ele me perguntou, já quase acendendo o cigarro. Neguei e ele deu de ombros, acendendo o mesmo e dando uma forte tragada. Não que eu ache que minha opinião fosse mudar alguma coisa, mas...
Cocei o nariz por causa da fumaça e o vi mexendo na mochila, indiferente.
 Chay olhou o relógio e para a rua. Virou e olhou sério para Arthur que continuou na mesma.
- Quarenta e três -
 Arthur abriu a mochila, tirou a blusa que estava usando, sem se importar que estivessem vendo, vestiu outra e esticou a mão para Chay. O menino mexeu no bolso e colocou algo embrulhado na mão de Arthur que abriu e enfiou com tudo a coisa embrulhada na boca. Abriu a mesma e eu fiquei olhando para ele, com a maior cara de bunda possível. Ele queria que eu visse como ficava o papel dentro da boca dele, é isso?
Chay negou com a cabeça e entregou mais dois para ele, que repetiu o ato. Ele pegou a blusa do chão e jogou em cima do porteiro do colégio, fazendo um aceno de cabeça. Jogou a mochila em um ombro e encostou à parede, olhando para quem entrava, com cara de que ia matar todos.
- A festinha ontem foi boa? - um loiro alto passou rindo para
 Arthur que sorriu cínico para ele. Chay virou para mim, segurando o riso.
- Foi, sim. Aliás, sua mãe sabe das coisas - o loiro na hora fechou a cara e entrou no colégio.
 
Meu celular apitou e abri a mensagem das minhas amigas de Liverpool. Desejavam-me boa sorte no primeiro dia. Que amores. Logo,
 Arthur mexeu nos bolsos e Chay revirou os olhos.
- Quarenta e cinco -
 Arthur olhou para a rua indiferente e olhou para Chay de volta - Não venha querer me bater, não, sua bichinha - realmente acho que Chay é um completo babaca quando solta algum tipo de brincadeira no Arthur. Acho que de vez em quando ele pede para morrer. É sério. É impressionante a habilidade que ele tem para fazer de tudo para que Arthur bata nele. Mas acho que ele não bateria, porque Chay sabe de podres dele. Chay já me informou de algumas coisas, mas não dos detalhes. A última que eu soube foi que o Arthur traía a namorada até mês passado, toda a semana com uma nova. Para falar a verdade, acho que ela é uma retardada por ainda estar com ele. Diz a voz da sabedoria (lê-se: Chay) que ela sabe de tudo e um pouco mais.
Perdida em pensamentos, fui acordada por um
 Arthur correndo pela rua, quase sendo atropelado. Gritei o mais alto que pude pelo susto. Os olhares se voltaram para mim e eu sorri com vergonha.Arthur voltou do outro lado da rua, abraçado na cintura de uma menina. Cabelos longos pretos, a pele branca. O olho marcado pelo lápis preto e pelo delineador. Ele sorria abobado, enquanto ela batia e dava bronca nele.
- E se você tivesse sido atropelado, hein? Eu sei atravessar a rua, sabia? Espero que agora você saiba, porque não acho nada engraçado você sair por aí correndo no meio da rua. Está querendo morrer? - os dois entraram no colégio.
Chay deu de ombros e pegou a mochila de
 Arthur, que ficara no chão. Entrei atrás de Chay. 
- Essa é ela, a menina de quem eu estava lhe falando há alguns dias. Não pense um minuto em falar com ela - por acaso ela era anti-social? Ela ia me bater se eu falasse com ela? - Eu sei que é estranho eu lhe pedir isso, mas se você tem amor à própria vida, nem chegue perto dela, a não ser que o
 Arthur esteja com a gente - OI? Que gente mais bizarra, céus! - Vou lhe explicar o motivo - ele me chamou com o dedo de um jeito até que sexy, se posso comentar, e eu abaixei um pouco a cabeça - Arthur já deixou claro que vai... Bem, você o conhece - eu concordei. Se era uma peste quando era pequeno, pelo que o Chay disse, só poderia ser bem pior agora - Se alguém trocar alguma palavra com ela... É sério! Não ria, por favor. Para você ter noção, uma vez, depois que eu dei um bom dia, eu falei o nome dela e ele me fuzilou com aquele olhar dele. Eu juro que achei que aquele seria meu último segundo aqui no mundo. 
- Ah, qual é?! Fale sério! O nome dela vale ouro? - caramba, que coisa ridícula!
- O nome não. Já ela...
- O que é? Ela é filha do presidente?
- Pelo contrário. Os pais dela são o mais simples possível. O problema é que ele tomou certo ciúme sobre ela e já está começando a ficar doentio. Uma vez, ouvi falar pelos corredores que ela falta à aula só para não passar por isso, porque ela já está cheia.
- Se ela já está cheia disso, por que não termina? É tão simples -
 Chay deu de ombros e paramos na porta da sala.
- Vai saber - ele sorriu e abriu a porta, me deixando passar antes.
- E cadê ele? Não vem para a aula? - ele abriu a boca, mas logo o interrompi - Ou vai falar que ele fica de vigia na porta da sala dela também? Era só o que me faltava! - ok, menos de quinze minutos na presença dessa menina e eu já estava enlouquecendo. Sério mesmo, quem era ela? Era A garota do mundo todo? Meu Deus, que exagero.
- Na verdade... -
 Chay apontou para a porta, onde um Arthur vinha caminhando lentamente até perto de nós. A professora se levantou e abriu a boca. Na mesma hora, ele sentou todo relaxado na cadeira ao meu lado e sorriu.
- O de sempre.
Cutuquei
 Chay que estava à minha frente, a fim de uma resposta para a resposta que Arthur havia dado para a professora. Antes que Chay pudesse completar o "ele foi...", Arthur olhou para mim com a maior cara de retardado possível e disse baixo:
- Eu fui deixar a
 Lua na sala dela. Que coisa... – virou-se emburrado e dormiu durante todas as aulas.
Então o nome dela era
 Lua... Interessante. No intervalo, nós fomos apresentadas e... Ok, eu mudo meus conceitos sobre ela. Ela parece ser um amor de pessoa. Mas Arthur não deixa que ela se entrose. Aliás, acho que está mais do que na hora do Arthur se tocar de que a menina não é parte dele e deixar com que ela tenha também a vida dela.
Eu dando opinião sobre o que estou presenciando há cinco segundos. Risos.



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