19 de ago. de 2012

Barriga de aluguel


Capítulo : 



Arthur sentou-se na cadeira após duas semanas sem noticias alguma do que tinha encomendado. Olhou seus e-mails e nada. Tinha apenas recebido um bilhete com os seguintes dizeres:

Entrei.
Em pouco tempo terá noticias.
Não me procure.
Sei o que estou fazendo.
Nenhuma suspeita.

G.M


O bilhete já estava amassado de tanto que ele lerá. Em sua visita a sala de Lua Blanco não conseguirá descobrir nada da moça. Apenas tinha constatado o que já sabia. Era realmente uma moça de traços peculiares. Chamou a secretária em sua sala. 


 Chegou alguma coisa para mim? – perguntou ele ansioso.
- Nada senhor Aguiar.
- Nenhum cartão ou encomenda?
- Absolutamente nada. – disse a secretária.
- Quais compromissos tenho para hoje?
- Apenas uma entrevista para a Caras...
- A quanto tempo ela está marcada?
- Duas semanas. – disse ela – E será as 14.30
- Tudo bem... depois terei a tarde livre?
- Sim senhor.
- Não quero que marque nada para hoje então. Darei uma volta pelas dependências da empresa.
- Tudo bem. Mais alguma coisa?
- Não... se precisar eu chamo.

Arthur passou a mão pelo rosto. Pensou mais uma vez no que Sophia tinha falado. E sorriu. Ela não tinha razão, ele nunca acalmaria. Iria casar em breve, mesmo a noiva ainda não sabendo, mas acalmar!? Jamais.


O telefone tocou. Odete não passava uma ligação direta a menos que fosse alguem realmente especial.

- Alo?!
- Olá meu querido. – disse a voz do outro lado.
- Sol!?
- Isso mesmo Arthur.
- Onde está? – perguntou ele se ajeitando melhor na cadeira.
- Não posso lhe informar. Liguei apenas para saber como estas.
- Estou bem, quase um mês que não da noticias.
- Estive realmente muito ocupada.
- Se eu perguntar com que o que irá me responder?
- Não. Porque eu ainda não posso. – disse ela sem rodeios.
- Por que me ligou no final das contas?
- Para saber como estavas e para te avisar que o prazo está se expirando. – disse ela em tom de advertencia.
- Disso eu sei, estou providenciando tudo Sol.

A linha ficou muda. Por que sua vida sempre forá tão cheia de mistérios? E a morte de seus pais uma coisa praticamente obscura para ele. Lembrava-se de sua mãe vagamente. Era uma moça sorridente e bondosa, com cabelos loiros tocando a cintura. Mas não sabia se era realmente ela ou uma criação da cabeça de uma criança desprovida dos pais. De seu pai lembrava apenas as vezes que o pegou no colo e o acalentou. Eram cenas provavelmente ireais, nunca tinha visto sequer uma foto deles para poder confirmar a sua imaginação. Sol e Germana era o que conhecia como família.

Olhou para o telefone e o colocou no gancho. A vida lhe parecia indiferente. Tinha aprendido a não fraquejar jamais, pois ninguém teria pena. O caminho que teria de traçar dali para frente era totalmente incerto. Não poderia planejar o que iria acontecer como tinha feito a vida inteira. Teria que conviver com a insegurança e depositar um pedaço de sua confiança em alguem que mal conhecia.

O fax ao seu lado começou a se movimentar e uma mensagem curta apareceu.
Estou bem.
Entrei com facilidade.
A mãe dela está numa cadeira de rodas.
Não sei se isso ajuda.
Tudo sobre controle. Ligarei assim que der.
G.M

- Isso sim são boas noticias. – disse ele com um sorriso no rosto.


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Lua chegou em casa, respirou fundo. Seria um dia complicado. Entrou em sua sala, nenhuma das duas havia chego ainda. Limpou os olhos com um lenço. Jogou-se em sua cadeira.

- Preciso me concentrar em alguma coisa... – murmurou Lua.

Entrou na sala de projetos e pegou sua pasta. Sentou-se na bancada para continuar a trabalhar na peça que começara, pegou o pequeno alicate e começou a abrir os pequenos aros de ouro que colocaria no colar. Escutou entrarem na sala. Devia ser Sophia ou Mel.

- Licença!? – perguntou uma voz grave atrás dela.

Lua sentiu se sangue subir rapidamente ao rosto. Respirou fundo e virou-se. Não era Arthur.

- Pode me informar onde é a sala de Arthur Aguiar? – perguntou ele casual.
- É no andar de cima. – disse Lua.
- Ah... obrigado. – respondeu o moço se retirando.
Escutou um grito e coisas caindo no chão. Lua se levantou rapidamente e viu Mel sentada no chão com muitos papéis em volta olhando para o cara de cabelos castanhos a sua frente.

- Me desculpe. – disse o moço começando a pegar os papéis. – Estava totalmente distraído.
- Eu percebi... mas não tem problema. – disse Mel juntando as coisas rapidamente.
- Desculpa... nem me apresentei. Sou Chay Suedes. – disse o moço sorrindo
- Sou Melanie. – disse ela se levantando com alguns papéis na mão.
- Bem... eu já vou. Me desculpa... – disse ele saindo apressado.

Lua olhava tudo da porta, apenas observava a amiga resmungando. Tinha acordado de um péssimo humor pelo que constatará.
- Tá tudo bem Me? – perguntou Lua temendo uma resposta.
- Tá... além de um louco me atropelar e derrubar todos os meus projetos no chão... – disse ela arrumando os papéis.
- Já viu ele por aqui antes? – perguntou Lua.
- Não... pq?
- Sei lá... não achava que gente assim frequentasse aqui... – disse Lua debochada.
- Nem eu, mas o que ele estava fazendo aqui? – perguntou Mel tirando um projeto da pasta.
- Veio perguntar onde ficava a sala de Arthur aguiar. – disse Lua sem emoção.
- Aff... – disse Mel. – De onde será que ele conhece esse cara?
- Não sei se conhece... – disse Lua duvidosa.
- Sabe o que eu não consegui ainda perguntar para Soph?
- Sei... – disse Lua rindo
- Como sabe?
- Aposto que é o negócio de como ela conhece o Arthur não!?
- Acertou... – disse ela rindo
- Eu sei que acertei.

Lua teve um longo dia de trabalho. Não tivera tempo de pensar em absolutamente nada. Tivera sua primeira reunião desde que começara a trabalhar. Pode escolher desde o tipo de ouro com o qual queria trabalhar até peças novas necessária que ainda não havia.
Respirou fundo antes de entrar em casa. Seria um resto de dia bastante longo. Entrou sem fazer nenhum barulho. Mariana logo veio ao seu encontro.

- Estou preocupada Lua. – disse a moça.
- O que houve?
- Sua mãe se negou a comer e não quis falar comigo.
- Eu sei... preciso te contar algumas coisas. – disse Lua jogando-se no sofá. – Sente-se por favor Mariana.

Mariana à olhava com uma curiosidade suspeita. Era um olhar estranho. Lua não se importou. Pegou um porta-retratos em cima da televisão e abraçou com força.

- Hoje faz um ano que minha irmã e meu pai morreram – disse Lua fechando os olhos com força.

Mariana apenas a encarou.

- Eles morreram num acidente de carro onde a minha mãe ficou paraplégica. – disse Lua. – Eles tinham acabado de sair da minha festa de 21 anos quando um caminhão bateu de frente com eles.

As lagrimas escorriam abundantes pelo rosto de Lua que tentava contidas enxugando um lenço.
- Minha irmã estava na frente pela primeira vez. Tinha completado 13 anos uma semana antes e minha mãe estava atrás.

Mariana deixava lagrimas grossas escarem de seus olhos. Parecia que aquilo a tinha machucado demais. Era como se tivesse sido com alguém da família dela.

- Sinto muito Lua... eu não tinha ideia. – disse ela – sua mãe nunca nem mencionou. Não sabia que tinha tido uma irmã.
- Eu devia estar lá, eu tinha que ter morrido em vez da Dorinha. – disse ela chorando. – Ela devia ter ficado viva.
- Você não pode pensar assim Lua...
- Mas não tem como... a cena do carro todo amassado me passa pela cabeça todos os dias. Meu pai morreu na hora, mas a minha irmã ainda lutou pela vida alguns dias antes de morrer.
- Eu... eu...
- Minha mãe ficou em coma por duas semanas. Quando ela acordou eu não sabia como contar para ela... – disse chorando – Mas eu tive que contar.
- Sua mãe tem alguma chance de voltar a andar?
- Tem... mas a cirurgia é muito cara... – disse Lua. – Queria poder ter a minha família inteira junta novamente.

Lua chorou. Era como se fosse ontem. Seus pais mal tinham ligado o carro e andados poucos metros quando um caminhão apareceu na pista, arrastando-os por metros a fio. Lua tinha certeza de ter visto caminhão ligar ao ver seus pais entrando no carro.

- Queria poder fazer alguma coisa. – disse Mariana.
- As vezes eu acho que esse acidente foi proposital. – disse Lua. 

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