Uma noiva herdada

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Já tinha sido bastante ruim quando ele pensou que ela quisesse apenas seu dinheiro. Ela olhou para a cama desarrumada e quis chorar. Durante todas as vezes que fazia amor, ele pensava que ela era indire­tamente responsável pela morte da mulher que amou. Isso era impensável! Ela sentiu a mão dele em seu braço e se livrou dela sem olhar para ele.

— Preciso tomar um banho.

Arthur ligou o carro e pegou a estrada a uma veloci­dade estonteante. Somente ao ver que quase bateu em um caminhão ele começou a raciocinar e diminuiu, finalmente virando e dirigindo de volta para a casa. Foi até a antiga construção da fazenda. Estacionou o carro e caminhou sem parar ao redor.

Lá no fundo ele sabia que Lua falara a verdade, mas também ficou muito enraivecido com a possibi­lidade de ter sido traído por Diego e Alice, e jogou toda sua fúria em cima de Lua, a única pessoa ino­cente em toda a história.

Tudo fazia sentido. Ele fora noivo de Alice por quase cinco anos e, apesar de o sexo entre eles ser muito bom, não era muito frequente, acontecendo so­mente nas poucas semanas do ano em que visitava o Brasil.

Ele a amara de certa forma, mas, honestamente, tinha muito mais interesse em expandir suas empre­sas do que em se casar. Metade da atração que tinha por Alice era pelo fato de ela estar tentando construir sua carreira de cantora e, desde que ele ajudasse com dinheiro, ela não o atrapalhava. Era conveniente para ambos na época.

Mas tardiamente ele percebeu que Alice também não tinha pressa em se casar com ele. Ele notou que ela só apressou a data do casamento depois que Lua deixou Diego. Provavelmente porque quando Lua fugiu e os planos de seu pai para o rancho foram por água baixo, Diego passou a pressionar Alice para casar-se com ele.

O acidente do carro ganhava um novo aspecto. A situação mais provável era que dois amantes estives­sem brigando enquanto dirigiam em alta velocidade.

Não era de se espantar que Lua não quisesse nada com o rancho Blanco. O lugar e as pessoas só lhe causa­ram dor de cabeça e ela era somente uma adolescente na época.

Ele se jogou no chão e se recostou no tronco de uma oliveira. Seu próprio comportamento desde que encontrara Lua novamente há alguns meses fora diabólico, se pensasse nisso agora e, depois da dis­cussão daquela tarde, ela jamais olharia para ele no­vamente.

Arthur imaginou, sem vaidade, como um homem brilhante, articulado e inteligente como ele podia ter se comportado de forma tão grosseira, presunçosa e boba com a única mulher no mundo com a qual se importava: Lua.

Ela era a única mulher do mundo com a qual se importava... Ele obteve sua resposta e, se levantando com um sorriso de determinação no rosto, entrou no carro e dirigiu de volta.

Lua só conseguiu um voo para a Inglaterra na noite do dia seguinte, às dez.

Creditos: Ronnie

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