14 de fev. de 2013

{FIC} Little Star (Adaptada)


Capítulo Seis Parte 2


Lua sentiu o estômago contrair ao perceber que ela achava que estava doando apenas porque sua filha tinha crescido, e parado de brincar. Sem querer falar sobre isso, Lua apenas assentiu e saiu dali o mais rápido que podia. Talvez devesse ter deixado Cath fazer isso por ela, mas insistiu, disse que ela mesmo tinha que doar as coisas de Stella. Como se fosse um ritual para a aceitação de sua morte. 

- Já voltou? – Catherine perguntou, ao ouvir a porta bater e ver Lua entrando na sala.
Lu assentiu, sentando-se ao lado da irmã. Tentou adivinhar o que Cath assistia, mas chegou a conclusão que não conhecia o programa. Suspirou, sem saber o que fazer. O quarto de Stella estava vazio agora, mas ela não se sentia melhor com isso. Não sentia como se tivesse deixado para trás a filha e a depressão ou jogado a tristeza fora, como fizera com as roupas e os brinquedos da menina. Sentia-se exatamente igual ao dia anterior. 
Não estava mais deprimida, mas continuava vazia, sentindo a falta da filha e do marido. Eles eram a primeira coisa que pensava ao acordar e a última antes de dormir. Mesmo em seus sonhos, era em Stella em quem ela pensava. Algumas vezes lembrava-se de como era antigamente. Alguns sonhos eram apenas memórias, outros eram desejos de como ela queria que seu futuro tivesse sido. Como ela queria que o futuro de Stella tivesse sido. 
Enquanto estava acordada, às vezes conseguia se distrair com outros assuntos. Assistia à televisão e ignorava o resto do mundo, conversava com Catherine e realmente se interessava pelo o que a irmã contava. No fundo, porém, tudo era sobre a filha. Aquele era o quarto em que Stella dormia, a sala em que ela assistia televisão e a cozinha em que ela tomava café-da-manhã. 
Se ela queria recomeçar a vida, teria que deixar tudo para trás. Não podia ficar em um lugar cheio de memórias, assim nunca conseguiria. Percebeu então que Thur tinha razão em ter ido embora dali o mais rápido que pôde. Achava que ele tinha feito isso por ela, por que ela pedira ou por não suportar mais encará-la. Mas tinha mais, ela notou, aquela casa era muito cheia de lembranças. Para suportar tudo, precisava antes ficar um tempo afastado – o que não significava que nunca voltaria – apenas para que conseguisse guardar as memórias em seu lugar certo, o passado. 
- Preciso sair daqui – Verbalizou seus pensamentos, despertando a atenção da irmã – Preciso me mudar, Catherine. 
- Do que você está falando? 
- Não posso mais continuar nessa casa. Eu não vou melhorar enquanto eu não sair daqui – Falou, com um tom desesperado na voz.
- Ok, Lu , vamos começar a procurar algum lugar amanhã então – Cath falou, tentando acalmar a irmã.
A verdade é que Catherine já queria sair daquela casa há muito tempo. Sabia que chegaria o momento em que Lu resolveria que não podia continuar ali, já vinha procurando apartamentos há um tempo e estava quase alugando um; agora que tinha a confirmação da irmã, só tinha que fechar o contrato com o dono do local. 
Sentia que agora sim Lua voltaria. Elas mudariam-se para algum lugar novo e, talvez, daqui algum tempo ela poderia arranjar um lugar só para ela, deixando Lu se cuidar sozinha – ou com outra pessoa. 
Suspirou, feliz com a evolução que Lua já tinha feito.

Agosto, 2006

Arthur estacionou na garagem, sentindo-se nervoso por estar novamente em casa. Seus amigos tinham perguntado se ele não queria ficar um tempo na casa deles, mas ele rejeitou dizendo que já estava na hora de voltar. Tinha saído há mais de quatro meses, já estava pronto para encarar tudo novamente. Pegou suas malas desajeitadamente, tentando levar tudo ao mesmo tempo. 
Ao abrir a porta da casa, sentiu o vazio do lugar. Nada que ele não esperasse. 
Mantinha certo contato com Catherine, e Lua , às vezes, falava com Micael , então sabia que sua esposa tinha se mudado para um apartamento em outro bairro fazia quase um mês. Ela não levara nada da casa, ele percebeu. Ou quase nada, notando que alguns objetos de decoração não estavam mais no lugar. As fotos, porém continuavam todas ali. 
O que fazia sentido, é claro, já que ela estava tentando fugir das duras memórias. Thur deixou as malas jogadas ali no meio do caminho mesmo e foi ver o resto da casa, constatando o que mduara nos últimos meses. Viu que a cozinha estava praticamente vazia – Lua levara as panelas, os copos e os talheres -, os objetos maiores da casa continuavam todos ali – as mesas, televisões, sofás e cadeiras – mas os menores haviam sido levados – almofadas, vasos, laptops e livros.
Quando, por impulso, abriu o quarto de Stella, levou um susto por notar que não havia absolutamente nada ali. As paredes continuavam pintadas de rosa claro, mas todo o resto havia simplesmente desaparecido. Certo, Catherine havia contado que Lua dera para caridade os objetos da filha, mas ele não imaginara que tinha sido, literalmente, tudo. 
Saiu do quarto, fechando a porta. Era melhor assim mesmo. Foi para o quarto do lado, o que havia sido dele e de Lu , tudo continuava exatamente igual, até mesmo os pequenos objetos continuavam ali. Thur se aproximou da mesa de cabeceira, para ver a foto da lua-de-mel, mas encontrou um pequeno pedaço de papel ali. Pegou, sem saber o que esperar, reconheceu a letra de Lua . 
“Thur , eu - “ era tudo o que estava escrito. Uma frase incompleta. Depois de tudo, não havia muito o que dizer. Mas aquela pequena frase não terminada, fez brotar um sorriso no rosto de Arthur , porque, ele percebeu, aquele pedaço de papel dizia tudo o que ele precisava saber. Ele e Lua não haviam terminado, assim como aquela frase. 
Obviamente não estavam mais juntos, e provavelmente não estariam por algum tempo. Entretanto, não significava que tinham terminado, eles pertenciam um ao outro, eles ainda estavam casados e nenhum dos dois iria, tão cedo, pedir o divórcio. Arthur pegou o papel e guardou na gaveta. Um dia, pensou, ele teria o fim dessa frase. 
Agora, cada um deles deveria seguir seu próprio caminho e achar sua maneira de lidar com a perda. Deveriam superar a morte da filha, recuperar suas vidas antes de voltarem a ficar juntos, antes de voltarem a ser felizes por completo. 
Lua inspirou uma grande quantidade de ar antes de apertar a campainha. Não sabia se estava pronta para aquilo. Enquanto ouvia os passos dentro da casa, pensou em sair dali. Talvez devesse ter avisado que vinha.
- Lu ?! – Sophia praticamente gritou ao ver a amiga parada na porta e a abraçou – Meu Deus, entre! Eu não sabia que você vinha...
- Ah, desculpa, eu deveria ter ligado – Lua começou a falar, meio sem saber como agir.
- Desde quando você avisa quando vem? – Ela ergeu uma sobrancelha, rindo falsamente e puxou a amiga apra denro da casa
Não tinham se visto há muito tempo. Sophia vistava Lua muitas vezes, no início, mas Lu só queria ficar sozinha, se recusava a falar e a mandava embora. E depois ela não podia simplesmente deixar a filha pequena sozinha e não poderia simplesmente levá-la para ver Lu . Então ela parou de visitar Lua , tinha notícias dela através dos garotos do McFly e, às vezes, falava com Catherine por telefone, mas a verdade é que nos últimos meses tinha se afastado completamente. 
- Desculpa, Lu – Falou sentando-se no sofá e olhando apra baixo – Eu devia ter ligado para você.
- Não, Soph , eu é que não liguei mais e não quis falar com ninguém – Lua falou, já sabendo que a amiga se culpava por simplesmente ter perdido o contato.
- Não importa... Como você está, Lu ? Micael me disse que você se mudou.
- Sim, eu não podia continuar mais naquela casa, sabe? Catherine arranjou um lugar para ficarmos, é um apartamento pequeno, tem apenas dois quartos, um para mim e outro para Catherine. A sala só tem o necessário, afinal eu tive que comprar móveis novos e tudo mais. Mas estou começando a me acostumar a morar lá. 
- E Thur ? Como ele está lidando com isso?
Lua parou para pensar por um momento. Ela não falava com Thur desde que ele havia ido embora, não sabia como ele estava e, na verdade, não queria saber. Lembrou-se no bilhete inacabado que deixara para ele em casa. Será que Thur entendera que ela quisera dizer que não tinha terminado ainda? Não sabia. 
Não tinha pensado nele nas últimas semanas. Não muito, pelo menos. Estivera tentando ocupar seus pensamentos organizando a nova casa, comprando móveis, limpando tudo e tentando recuperar seu antigo emprego. Falara com sua antiga chefe e ela pedria para que Lua a encontrasse amanhã. Sabia que seria aceita, era muito boa no que fazia, mas provavelmente não na mesma função que costumava ter. Ou com a mesma autoridade. 
- Eu não tenho falado com Thur – Falou, finalmente.
- Mas e como vocês vão ficar? 
- Não sei, Sophia , mas nenhum de nós quer conversar sobre isso agora. Vamos ficar que nem estamos agora. Não estamos mais juntos, mas sempre seremos um do outro, entende? 
- Não dá para entender, Lu , mas vocês dois... Nunca deu para entender.
Ficaram caladas por um tempo, como se estivessem ao mesmo tempo lembrando de Lua e Arthur antigamente, quando começaram a namorar, seis anos antes. Fora tudo tão mágico, parecia tão eterno. Os pensamentos foram interrompidos por uma criança saltitante que entrava na sala
. Autora:Juuh Aguiar

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