9 de fev. de 2013

{FIC} Little Star (Adaptada)


Capítulo Quatro Parte 3


Como não tinham condições de dirigir e estavam tão bêbados que se esqueceram que táxis existiam, resolveram voltar andando para casa. Em uma temperatura agradável de quatro graus Celsius, eles congelaram no caminho. Pelo menos o frio os deixou mais sóbrios, pelo menos era o que pensavam. 
Entraram na casa de Thur, que morava mais perto, cansados de andar. Todos calaram-se ao entrar, o clima sombrio da casa sobrepunha o efeito do álcool. Jogaram-se ao sofá, como nos velhos tempos. Micael arriscou fazer uma piada e todos riram, ficaram conversando. Alguns minutos depois, perceberam que Chay tinha dormido, era sempre o primeiro a se cansar. 
Além disso, apesar de não ter comentado nada, ele tinha uma filha e ser pai era uma tarefa árdua. A pequena Elle não devia ter nem dois anos... Ou será que tinha perdido o aniversário da filha de Chay e Sophia? Não iria de qualquer forma, não estava pronto para encarar uma criança. 
Micael levantou-se e foi pegar um copo de água. Thur aproveitou para subir as escadas, verificar como Lu estava. As luzes do corredor estavam apagadas, isso era um bom sinal. Olhou o quarto de Stella, que estava vazio, depois até seu quarto, a porta estava fechada.
Abriu-a, verificando que Lua estava deitada no escuro. Não sabia se estava dormindo, mas estava em silêncio. Fechou a porta com cuidado, não queria atrapalhá-la. Levou um susto ao perceber alguém atrás dele, virou-se pensando que ia encontrar Catherine, que estava dormindo no quarto do fim do corredor, mas era Raffael.
- Hey, o que está fazendo aqui? – Sussurrou, saindo da frente do quarto.
- Só estava vendo onde você foi. Está tudo bem com?
- Nunca está tudo bem. – Suspirou – Está tudo péssimo, Raffael. – Desabafou – Lua só piora, não come, não faz as coisas sozinha, e eu não posso fazer nada, porque ela não me suporta.
- Você não precisa aguentar isso. – Raffael falou – Por que você não sai? Não sei, vamos fazer uma tour algo assim. Eu não queria falar, combinamos de não falar nada para você, mas a gravadora está nos pressionando para fazermos outro single. Uma música nova, um show, precisamos de algo, entende? Estamos parados há quase cinco meses. 
- Eu sei, mas o que você quer que eu faça?
- Viva! Stella não vai voltar, aceite isso, e talvez Lu também não volte, o que você pode fazer? Nada, então deixe isso de lado por um tempo. 
- Minha filha morreu, Raffael, eu não posso simplesmente “deixar isso de lado”. – Falou irritado – E eu não me importo se Lu não vai voltar a ser como antes, não vou abandoná-la.
- Não vai, vai ficar aqui vendo-a morrer. É isso? 
- Eu não vou deixá-la, Raffael, eu prometi quando nos casamos. 
- É, mas ela te abandonou, não é? Você também está sofrendo e ela não está nem aí! Ficar aqui, vendo-a sofrer, só está deixando os dois piores, só alimenta a lembrança de Stella e a dor. Lua nem ao menos vai notar se você for embora um dia, ou talvez até goste. Talvez você esteja a deixando pior.
Ao ouvir as palavras, Thur não aguentou. Quando viu, já tinha dado um soco no rosto de Raffael. Ele estava passando dos limites, não tinha o direito de vir em sua casa e falar essas coisas. Ele não iria abandonar sua esposa. 
- Ei, calma! – Raffael falou, colocando a mão no rosto – Não precisa se estressar!
- O que está acontecendo? – Micael, que subiu as escadas correndo, se intrometeu – Droga, Thur, você bateu no Raffael ? 
- Tira esse cara da minha casa. – Arthur falou, irritado – Eu vou dormir, acorde Chay também e o mande embora – Ele entrou no próprio quarto, antes que obtivesse uma resposta.
- O que você disse a ele? – Micael perguntou a Raffael, que continuava reclamando de dor.
- Só estava dando uns conselhos.
Thur entrou no quarto furioso, nem se importou em bater a porta. Percebeu o olhar de Lua, mas sabia que ela não diria nada, nunca dizia. Pegou uma roupa no armário, ainda no escuro, e entrou no banheiro da suíte. No banho, teria tempo para absorver as bobagens que o amigo tinha dito. Não importava se estava bêbado, nem que estivesse morrendo poderia ter dito essas coisas. Era seu amigo, não era? Deveria cumprir esta função, ao invés de dizer que eles tinham que trabalhar.
Foda-se o trabalho. Que a banda terminasse, ele não iria sair dali. Sua família vinha em primeiro lugar, sempre.
Lu não tinha o abandonado, pensou, não era culpa dela. Era difícil lidar com a dor, insuportável, não dava para explicar. Raffael não podia entender, ele nem ao menos tinha um filho. Perder um filho era a pior sensação do mundo, pior que morrer. E cada um tinha um jeito diferente de lidar com a dor, Lu chorava pelos cantos, negando o acontecido, e ele tentava se manter em pé, vivendo cada dia de cada vez, e apenas tentando manter todos vivos, jogando a dor para o lado. Mas no fim, nada adiantava, pois quando fechava os olhos, tudo o que via era a cena do acidente repetitivas vezes.
Não ficava irritado por Lua o culpar, nem ao menos surpreso. Ele sabia que era sua culpa, não tinha como negar. Era um fato, assim como o de que sua filhinha estava morta. Não podemos mudar o passado.

Autora:Juuh Aguiar

6 comentários:

  1. ai que triste,mas posta ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

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  2. ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

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