11 de fev. de 2013

{FIC} Única Esperança


Cap 19



   Desesperada, Lua tentou fechar a porta na cara dele, foi pior, ele entrou com tudo, quase a derrubando no chão, se fosse Mark, a deixaria cair no chão e depois se jogaria por cima dela, mas Arthur não, ele a segurou delicadamente pela cintura impedindo-a de cair, e puxando-a ao mesmo tempo para perto de seu corpo, olhando-a nos olhos, depois seus lábios, e logo novamente seus olhos. Lua tinha se esquecido da incrível sensação que sentir a respiração dele tão próxima causava, os lábios quase se tocando, ansiava por aquilo, ansiava por ele, tinha saudades dele, saudades enormes por tanto tempo sufocadas. Mas quando os lábios dele tocaram os dela, foi como se toda a magia tivesse sumido, toda a paixão tivesse ido embora, o prazer sumiu e só ficou o vazio, e no fundo, a dor, que Lua já esperava, depois de dias sendo beijada a força, até o beijo carinhoso e amoroso de Arthur a machucava, e a deixava desiludida, de repente, lembrou de Mark e do que vinha após o beijo, horrorizada, empurrou Arthur, ele a soltou imediatamente, aquela não era a sua Lua. Ela sabia que ele nunca a machucaria como Mark fazia, mas não podia mais deixar Arthur tocá-la, ela tinha nojo de si, tinha nojo de todo o seu corpo, de todas as partes que já haviam sido tocadas pelo seu padrasto, se sentia assim todo dia de noite, mas nunca esperou sentir isso quando Arthur a tocasse, ele não a merecia, admitiu para si mesma, chorosa, segurou as lagrimas e encarou Arthur, que parecia procurar as palavras certas para falar.





Arthur: o que aconteceu? 
Lua: vá embora.
Arthur: mas meu amor, eu...
Lua: Arthur vá embora por favor, se ficar aqui só vai piorar a nossa situação, saia.


Ele percebeu que tinha muito mais ali do que imaginava, deu uma olhada na sala, sem se mover do hall, por isso não viu muita coisa, mas sentiu o sangue ferver quando seu olhar se dirigiu a escada, e ali tinha manchas de sangue, ficou com o olhar fixo naquele ponto, imaginado o que poderia ter acontecido. Lua acompanhou o olhar de Arthur e viu para onde se dirigia, e então viu o sangue, medo, foi a primeira coisa que sentiu, Mark havia feito tudo aquilo com ela no hall, ela tinha batido a cabeça e um leve corte na nuca, quando subiu deveria ainda esta sangrando, distraída com o seus pensamentos, não percebeu que havia levantando a mão automaticamente para acariciar o local na nuca onde havia sido o corte, gesto que não passou despercebido por Arthur.


Arthur: o que aconteceu?


Lua então percebeu como estava, e tirou rapidamente a mão da nunca, dirigindo a Arthur o olhar mais frio que conseguiria no momento.


Lua: nada que lhe diga respeito, por favor, se retire.


Ele pareceu se intimidar e então, sem dizer uma palavra, se virou e foi embora. Lua fechou a porta desolada, sentido-se horrível, ele deveria esta do mesmo jeito, ela pensou, mas não havia outro jeito, era isso, ou teria que ver ele se acabar junto com ela, e ela preferia morrer a ver isso. Era a sua vida pela dele.

Arthur pensou muito, não sabia direito para onde ir, se sentia horrível, pensou em ir falar com Lara, ela se mostrava uma pessoa incrível e fez amizade com ele, mas não queria preocupá-la, também não queria falar com seu tio, ele estava ocultado preparando que usaria no tribunal, se ele lembrava, os primeiros depoimentos foram marcados para semana que vem, e o julgamento para da que a um mês, ele ficara indignado pensando como a Lua poderia ficar mais um mês em poder do Mark, mas seu tio disse que infelizmente não poderiam fazer nada para impedir. Ele tomou um susto quando se viu enfrente ao cemitério “boa morte”, a mãe da Lua estava enterrada aqui, ele lembrava onde era. Entrou no cemitério e se dirigiu ao tumulo da mãe da Lua. Se abaixou e olhou, parecia que ninguém ia ali a meses, não tinha flores, imaginou que a Lua não tinha como ir visitá-lo. Saiu do cemitério, foi em uma floricultura que ficava estrategicamente ao lado do cemitério, comprou uma dúzia de flores do campo, de cores bem alegres e bonitas, voltou para o cemitério e com cuidado colocou as flores ao lado, rezou e então olhou a foto no tumulo. Claudia era linda, e estrememente parecida com Lua, tinham os mesmo olhos ele percebeu logo, mas enquanto a Lua tinha os cabelos Loiros, Claudia tinha cabelos negros, se perguntou se Lua pintava o cabelo, nunca havia pensado nisso, sempre achou que ela não tinha tempo para isso, convivendo com Mark. Uma brisa suave tirou Arthur dos seus pensamentos, espalhando o delicioso perfume das flores e agitou o cabelo de Arthur, que, ainda olhando o tumulo, sussurrou.


Arthur: Seja lá onde você estiver, se puder me ouvir, ajude a Lua, ela precisa de você.





Se sentiu um pouco tolo na hora, afinal nunca fora espírita e não acreditava muito em almas e nada do tipo, mas essa sensação passou assim que sentiu novamente aquela brisa pelo rosto, ele sorriu.


Arthur: obrigado.


Levantou, e sem antes olhar mais uma vez na foto, saiu do cemitério, se sentia como se tivesse sido aceito por Claudia, mas ela estava morta, e daí? Pensou sorrindo, o mundo é muito maior do que sonha a nossa singela filosofia.





Os dois dias passaram rápido demais, até para Lua, que vivia presa dentro de casa, sobre as vontades de Mark. Hoje eles iriam depor, tinha se arrumado, nada muito lindo, na verdade estava muito simples, estava sem animo para tentar se por bonita, Mark a esperava no carro, tinha deixado bem claro que só estava indo por obrigação. Ela desceu as escadas, trancou a porta e entrou no carro. Quando chegaram no tribunal, Lua viu logo, Rodrigo, Lara e nada de Arthur. Mark se sentou e fez com que ela sentasse ao seu lado, ela conseguiu manter os olhos grudados no chão. Rodrigo tentou falar com ela, e Lara também, mas foram cortados grosseiramente por Mark, então se calaram. Logo Arthur saiu da sala, com uma expressão calma, até que viu Lua.



Policial: para depor agora, senhorita Lua Maria Blanco.


Ela se levantou e foi seguida por Mark até a sala, mas o policial disse que o depoimento era individual e secreto, obrigando Mark a ficar fora da sala.





Lua entrou na sala, se sentido nervosa, sentou na frente do conhecido delegado. 


Daniel: Senhorita, quero que me conte como era a sua vida com o senhor Sunsex antes da morte da sua mãe. - Lua respirou fundo.
Lua: era difícil, ele era violento, e ele e minha mãe brigavam muito.
Daniel: ele a agredia nesse tempo?
Lua: não.
Daniel: mas você afirmou que ele a agride, correto? - Lua assentiu, sentido-se humilhada.
Daniel: quando isso começou?
Lua: quando minha mãe morreu, eu tinha 15 anos, e o Mark já se mostrava possessivo comigo, mesmo antes da minha mãe morrer, ele já tentava me tocar. - Daniel arregalou os olhos.
Daniel: te tocar? Intimamente? - Lua abaixou a cabeça, confirmando, mais humilhada do que nunca, era uma fraca que se deixava levar por Mark.


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