Capítulo Quinze p.2
Ao chegar no quarto, Thur encontrou Lu dormindo quase profundamente, sem
querer atrapalhá-la, ele saiu rapidamente de lá. Acabou indo para o escritório,
que costumava ser o quarto de Stella, já que o antigo tinha sido transformado
em um quarto para o futuro-não-mais-existente bebê. Era irônico como eles
acabavam voltando para o mesmo cômodo, de um modo ou de outro.
Ele não iria para cama e choraria até dormir como Lu fizera. Não podia
se dar o luxo de fazer isso. Por mais que o medo estivesse o consumindo, por
mais que toda a tristeza que tinha deixado escondida nos últimos tempos
estivesse voltando com toda intensidade.
Não aguentaria passar por tudo aquilo de novo. Não conseguiria ver Lua
no mesmo estado de três anos antes. Tudo estava indo tão bem, não podia voltar
tudo tão de repente. Mas ele tinha o pressentimento que voltaria. Sabia disso
desde que a médica anunciara que eles tinham perdido o bebê e o olhar de Lu se
perdera. Era uma questão de tempo, pouco tempo, até que ela se perdesse
completamente.
E até que ele recorresse a bebida novamente.
Logo, viraria um ciclo. Talvez em alguns anos ele e Lu voltassem
novamente. Talvez estivessem destinados a repetir os mesmos erros todas as
vezes. Até aprenderem que não existe a possibilidade de eles serem felizes. E
nunca existirá.
Ele estava sendo ridículo. Sabia que estava ao mesmo tempo em que
pensava, mas não conseguia evitar. Todos os seus piores pesadelos haviam se
tornado verdade, o mais improvável tinha acontecido. Eles haviam perdido mais
um filho.
Mesmo que ainda fosse um feto, ainda contava. Era uma vida,
afinal.
Não só isso, era um símbolo. Era um símbolo da felicidade que ele e Lu
tinham conseguido resgatar, da esperança que ainda restava, da certeza de que
tudo ficaria bem no final. E esse símbolo estava morto agora.
E o que ele poderia fazer? Resgatá-lo estava muito a cima de sua
capacidade. A cima da capacidade de qualquer humano deste século, pelo menos.
Ele poderia não desistir. Ele poderia tentar resistir a tendência de
voltar ao passado. Ele poderia ajudar Lu e os dois poderiam continuar juntos
dessa vez. E podiam continuar tentando acertar.
Mas isso seria tão difícil. Daria tanto trabalho. Valeria mesmo à pena?
E se acontecesse mais alguma coisa. Até onde a força de vontade vai? Até lugar
nenhum, Thur pensou, ao continuar no mesmo lugar e resolver simplesmente deixar
que o tempo resolvesse tudo. Ou que não resolvesse nada. Ele estava cansado
demais para se importar.
Lua não encontrou Thur no quarto quando acordou. Descobriu que havia
cochilado por pouco mais de meia hora e o sono não fora o suficiente para
apagar sua memória. Ela nem ao menos havia sonhado, nem ao menos conseguia
fingir que tudo não passava de um engano ou de uma ilusão. Nunca era um engano,
não com ela.
Ela desceu para o primeiro andar, sem se dar o trabalho de procurar
Arthur em um dos outros cômodos. Foi até a cozinha, onde tomou um copo de água
e uma aspirina. Pensou em tomar um antidepressivo, mas sua medicação já havia
acabado há um tempo. Talvez fosse melhor ligar para sua psicóloga. Talvez fosse
melhor ligar para qualquer pessoa. Ou ao menos conversar com Arthur. Talvez ele
estivesse preocupado. Talvez ele também estivesse mal.
Não conseguiu recuperar forças suficientes para subir novamente,
entretanto. Sentou-se em uma das cadeiras da cozinha, sentindo-se completamente
vazia. Nenhum pensamento passava por sua mente. Nada além de uma vasta
escuridão dentro de seu cérebro.
Algumas lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto e Lu já não sabia
mais pelo o que chorava. Tudo estava tão errado que ela não mais sabia o que
era certo.
Só sabia que queria seus bebês de volta.
Só sabia que queria ficar sozinha.
Ela ouviu os passos de alguém descendo as escadas. Mesmo que não
totalmente consciente disto, percebeu que aquele seria o momento que decidiria
como reagiria a toda essa situação. De acordo do modo como reagiaria a presença
de Thur, ela sabia se realmente tinha voltado ao estado pós-morte de
Stella.
Arthur entrou na cozinha e não disse nada, apenas acenou com a cabeça
para Lu que continuou imóvel. Ele abriu a geladeira, como se procurasse por
algo e fechou irritado logo em seguida. Ele então se virou para Lu, devagar,
como se não tivesse certeza como deveria reagir perto dela. Ele se aproximou da
esposa, que automaticamente deu um passo para trás.
- Lu... – Ele comentou, portando possivelmente um dos olhares mais
tristes que Lu havia visto dos últimos anos – Não se afaste de mim, por favor.
Ela não respondeu nada, apenas continuou o encarando, tentando segurar
as lágrimas que começavam a se formar em seus olhos. Quando Thur fez menção de
chegar mais perto, Lua se afastou mais ainda, surpreendendo até a si mesma com
o movimento.
- Eu sinto muito – Ela disse, antes de sair rapidamente da cozinha e
subir para o quarto.
Ela teve sua resposta. Ele também. Tudo tinha voltado a ser como antes.
Creditos: Juuh Aguiar
Quero Muitos Cometários !! Quero saber se vocês estão gostando da Web ?????
Eu to amando e tbm to super viciada, mais poxa n é justo com nenhum dos dois isso :‘( A gente vai ter q ver td isso novamente?? :(
ResponderExcluireu amo demais a web, e tbm nao acho justo eles tarem a sofrer outra vez. eles tem que ser felizes e com um monte de bebezinhos em volta, o sonho deles é construírem uma familia e eles merecem ser felizes
ResponderExcluirfaz com que eles voltem a tentar e consigam ter o filho deles tão desejado e amado, eles merecem ser felizes, eles já sofreram tanto, não é justo com eles os dois passarem por tudo o que já passaram de ruim outra vez
ResponderExcluirass:Sophia
Eu amo a web, mas poxa eles vão sofrer tudo de novo? Eu já estava comemorando que a web estava ficando feliz, mas afora tá voltando tudo! Espero que não fique muito tempo nisso! Mas o pior é que eu não consigo parar de ler! Cada dia fico mais ansiosa pelo próximo capítulo!
ResponderExcluirAss: Julia