Uma noiva herdada

Capítulo Um p.1

---

Lua Blanco trocara o gélido inverno inglês pelo verão do Brasil e a temperatura beirava os vinte e sete graus. Chegara na véspera em Rio de Janeiro, o último local em que gostaria de estar no momento. A terra de seu pai, um pai que conheceu pouco!

Tinha dormido mal e, ao acordar bem cedo, ligara para a mãe, Liz. Depois de assegurar-se de que ela estava bem, Lua passara as últimas horas muito ansiosa. Bebera várias xícaras de café, concentrando-se no encontro que teria ao meio-dia.

Ela olhou para o relógio — estava quase na hora de encontrar-se com Arthur Aguiar. Só este nome já era suficiente para deixá-la nervosa, mas ela sabia que, como executor do testamento de seu pai, ele era a última esperança.

Lua pensava que preferiria viver na mais absoluta pobreza do que aceitar um centavo da herança do pai. Mas não estava preparada para arriscar as chances que a mãe teria de se recuperar de uma operação de câncer de mama por causa de alguns milhares de libras.

Lua achava que o pai devia muito mais à mãe. Maria Cláudia, uma ingênua jovem de 19 anos, conheceu Billy Blanco e se apaixonou por ele em um jogo de pólo em Cotswolds. Ele era um jogador de pólo brasileiro bem mais velho. Maria Cláudia engravidou e se casou em meses, e Lua, nascida na Inglaterra, foi o resultado. Billy continuou com o circuito de pólo e, quando voltou para pegar mãe e filha e levar para seu rancho no Brasil, o casamento não durou mais de seis meses.

No rompimento do noivado de Lua, sua mãe con¬fessara que seu charmoso marido admitira que tinha uma amante no Rio e que não tinha a intenção de manter-se celibatário enquanto viajava o mundo jogando pólo. Maria Cláudia voltou para a Inglaterra com o bebê e logo depois pediu o divórcio.

Lua não culpou a mãe. Sua própria experiência com o pai fora um desastre. Aos 14 anos, ele ofere¬ceu a ela uma viagem de férias ao Rio de Janeiro e ela se agar¬rou à possibilidade de encontrar um pai que não via desde bebê, e do qual não se lembrava. Imediata¬mente, ela se sentiu atraída pelo filho do fazendeiro vizinho, um rapaz de 20 anos chamado Diego Montez. Encorajada pelo pai, ela ia para o Rio nos verões e ficou noiva aos 17 anos, marcando o casa¬mento com Diego para os 18, mas felizmente ela acordou para a realidade a tempo e terminou tudo. Ela passou sete anos sem falar com o pai e voltar ao Rio de Janeiro desde então, não estaria ali naquele momento se não fosse pela mãe.

Creditos: Ronnie