7 de nov. de 2012

Uma noiva herdada


Capítulo Um p.2
O lobby do prédio de Aguiar era rodeado por um conjunto de portas de vidro e ela aproveitou para ob¬servar seu reflexo enquanto passava. Nada mal, pensou. Lua optara por vestir uma saia na altura dos joelhos com uma jaqueta de manga curta. Prendera os cabelos longos em uma trança e, com sandálias de salto fino que ajudavam a aumentar sua altura, pensou que parecia inteligente e pronta para negociar.

O recepcionista observou-a com apreço.

— O senhor Aguiar a espera. A secretária dele a conduzirá ao escritório.

Lua agradeceu sorrindo.

O pequeno percurso de dois andares foi o suficiente para outro ataque de ansiedade. Felizmente a porta do elevador logo abriu e ela saiu em um silencioso corredor.

Não havia nenhuma secretária à vista e tudo o que via era uma porta bem distante. Ela consultou nova¬mente o relógio. Já passava de meio-dia. Estaria Aguiar fazendo algum jogo diabólico? De certa forma, não o culpava. Ele ligara para ela há cinco meses pro¬pondo a reconciliação com o pai. Depois tentou mais três vezes e ela ignorou todas as sugestões. Principal¬mente porque, devido a uma trágica coincidência, foi na mesma época que sua mãe descobriu que tinha câncer. Lua recebeu o primeiro telefonema de Arthur Aguiar uma semana antes da operação da mãe. Dizia que seu pai sofrerá um pequeno ataque cardíaco, nada sério, mas Arthur pensou que Lua talvez pudesse visitá-lo, ou mesmo ligar para ele. Na opinião dele, era hora de pai e filha esquecerem as desavenças e se reconciliarem.


Ela ficou tão surpresa ao ouvir uma voz do passado que disse que tentaria, e a ligação foi encerrada amigavelmente.

O telefonema seguinte ocorreu na véspera da operação de sua mãe. Aguiar disse que o pai dela tivera outro infarto, mais sério, e estava hospitalizado. Aguiar comprara para ela um lugar no voo para o Rio de Janeiro do dia seguinte e tudo que ela precisava fazer era ir ao aeroporto e pegar a passagem.

Lua declinou a oferta, pois queria estar ao lado da mãe na operação. A conversa terminou de forma nada amigável. A terceira ligação foi uma semana depois, para informar que o pai dela morrera e que a data do enterro já fora marcada. Novamente Lua não pôde atender, pois estava mais preocupada com a recuperação da mãe...

Lua compreendia a impressão que Aguiar devia ter dela: uma filha que se recusava a visitar o pai e não aparecia em seu enterro! Mas talvez quando explicasse as circunstâncias ele entendesse. Ainda assim, a ideia de vê-lo novamente a deixava muito ansiosa. Arthur estava no rancho quando ela visitou o pai pela primeira vez. Um italiano com interesses na América do Sul, ele se hospedara no rancho no ano anterior, a pedido da madrasta, Kátia. Kátia era irmã do pai de Lua o que fazia de Arthur tecnicamente seu primo, mas não havia relações de sangue.

Creditos: Ronnie
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