28 de dez. de 2012

Uma noiva herdada


Capítulo Dez p.1





— Você já foi a uma fazenda de trutas? — perguntou Arthur.

— O quê? — A pergunta foi tão inesperada que Lua arregalou os olhos e olhou ao redor para ver que a estrada levara-os à beira de um grande lago.

— Venha. Como chefe de cozinha, isto deve interessá-la.

— Uma fazenda de trutas. — Ela saiu do carro e olhou para ele. — Quer conversar sobre uma fazenda de trutas?

Arthur olhou para o rosto dela e viu a incredulidade em seus brilhantes olhos verdes. Ele teve que sorrir.

— Não, Lua. — Ele levantou um dedo e gentilmente retirou o cabelo da bochecha dela, ajeitando-o atrás da orelha, seu coração pulando diante da sensação da pele macia dela contra seu dedo. Tudo o que queria era tomá-la nos braços e beijá-la de forma insensata, mas não fora para isso que a levara ali.

Um tremor balançou o esguio corpo de Lua, mas não por causa do frio e sim da sensualidade do sorriso e do toque da mão dele em seu rosto.

— Então por quê?

— Porque Kátia me pediu para reiterar o convite para você e sua mãe a visitarem na Itália.

Lua arregalou os olhos verdes ao máximo. Ele era algum tipo de idiota ou o quê?

— Você não precisava ter me arrastado para uma fazenda de trutas para dizer isso. Podia ter falado na cozinha. E quanto à visita à sua madrasta, só pode estar brincando. Como beneficiária do testamento do irmão, ela devia saber que você estava vendendo o rancho sem ter a decência de me contar.
Arthur se esticou, seus olhos negros demonstrando raiva, nem um pouco satisfeito com o comentário dela sobre Kátia, mas então ele notou que Lua tinha todo direito de pensar assim.

— Ainda tenho mais coisas para falar e, se você me ouvir, pode mudar de ideia. Quando saímos do Brasil, você estava com a impressão errada de que eu vendi o rancho, o que não ocorreu. Caminhe comigo e ouça.

Ele passou o braço ao redor da cintura dela. Ela tentou se livrar, mas ele simplesmente apertou mais.

— Fique calma e preste atenção uma vez na vida. A história é longa e eu deveria ter contado na época, mas não cabia a mim.

Lua desistiu de lutar e eles caminharam ao redor do lago.
— Você e Kátia não são os únicos membros sobreviventes da família Blanco. — Isso não surpreendia Lua. Um homem como Billy Blanco provavelmente tinha outros filhos que sequer conhecia. Mas o que Arthur falou em seguida surpreendeu-a completamente.

Juan não era somente o gerente do rancho; ele era meio-irmão ilegítimo do pai dela. A informação foi mantida em sigilo entre Juan e Billy. Nem sequer Kátia sabia disso até a morte do irmão.

Em sua posição como executor, uma semana depois do enterro Arthur começou a analisar os papéis da família no escritório da fazenda e descobriu um documento provando que Juan era filho ilegítimo do segundo Billy Blanco. Ele perguntou a Juan, que admitiu a verdade. Mas também contou a Arthur que, em uma conversa com Billy um mês antes de sua morte, ele disse que pensava em deixar parte do rancho para ele. Mas como Juan era casado com Cássia havia vinte anos e sem filhos, não havia razão para fazê-lo. Billy era obcecado em fazer a linhagem dos Blanco seguir adiante não somente no presente como também no futuro e como último recurso ele confessou a Juan que estava considerando a linhagem que a seus olhos lhe parecia a mais baixa. A feminina... Lua. O que explicava a cláusula adicional. Era uma tentativa de assegurar a continuidade do sangue dos Blanco na terra que amava tanto.
Creditos: Ronnie

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