Capitulo 16
Eu realmente achava que estava
morta,mas pensando bem… Eu queria estar morta, me livrar dos problemas, me
sentir leve outra vez, sabe aquela sensação de que falta alguma coisa? Era o
que eu sentia a toda hora, eu queria pelo menos uma vez na vida ter a sensação
de que tudo esta certo na minha vida... Mas logo que cheguei nesse cu do mundo
minha vida tem se tornando horrível! Pior do que já era!
-Que bom que você acordou. -Disse uma
voz familiar.
Era Arthur,me recusei a abrir os
olhos estava cansada e fraca,minha cabeça doía e meus olhos ardiam um pouco.
-Sei que esta acordada…-Disse
Arthur,quando tentei fingir que dormia.
-Onde estou?-Perguntei ainda de olhos
fechados.
-Esta na sua casa.-Respondeu ele
serio.
-O que ouve com Rayanne?-Pergunte abrindo
os olhos e o encarando.
Minha visão estava embasada então a
única coisa que eu enxergava era um borrão do meu lado.
-Dei um fora nela. De novo… -Disse
ele com sarcasmo.
-É ? ela aceitou na boa?-Perguntei
esfregando os olhos.
-Ela me deu um tapa na cara e me
chamou de….
- Detalhes nao precisam ser ditos...
-O interrompi.
Minha visão já estava normal, eu pude
ver seu rosto perfeito sorrindo para mim,eu quis sorrir mas isso demonstraria
fraqueza de minha parte,eu não queria ser só mais uma em sua lista.
-Por que não deixou Rayana me matar?
-Porque sua hora ainda não
chegou.-Respondeu ele com um sorriso torto.
-E… Eu não vou me transformar em
vampira. Vou?
-Não. -Respondeu ele sorrindo.
Suspirei de alivio e tentei me
levanta, mas cada vez que eu dava impulso para levantar eu cai de volta, meu
corpo estava pesado e eu me sentia cansada. Sem dizer nada ele me pegou pela
cintura e me levantou.
-Não pedi ajuda!-Disse tentando não
demonstrar fraqueza.
-Mas precisa.-Retrucou ele me puxando
para fora da cama.
Arthur me puxou tão forte que meu
corpo bateu contra o seu peito,seu peitoral era definido e muito rígido,eu até
suspiraria mas eu sem ar,literalmente,foi como se eu tivesse batido contra uma
parede de concreto. Quando levando o rosto meus lábios ficaram quase colados
com os dele,ele deu um sorriso torto que me fez ficar sem ar novamente,mas
desta vez foi de paixão. Naquele momento eu só queria encostar meus lábios aos
deles, e beija-lo até perdermos o ar.
Eu aproximei meu rosto do dele e ele
inclinou a cabeça para o lado, mas quando seus lábios estavam quase
encostando-se aos meus eu desviei o rosto. Fiquei com vergonha de encara-lo, eu
sentia seus olhos castanhos esverdeados me fitando, eu encarava o chão. Ele
levantou meu rosto pelo queixo e disse com uma voz aveludada:
-Até hoje você foi à segunda garota
mais difícil.
-A segunda?-Perguntei o encarando.
Ele tirou a mão de meu queixo e
abaixou a cabeça com um olhar meio triste, como se tivesse se lembrado de
alguma coisa trágica.
-Quem foi à primeira?-Perguntei
curiosa.
-Não interessa… -Disse ele com uma
voz de raiva.
Seus olhos estavam vermelhos, apesar
de estar com raiva eu via uma pitada de tristeza em seus olhos avermelhados.
-Tudo bem… Não precisa me contar e
nem se irritar... -Disse sincera.
Ele me encarou por um estante, desta
vez eu não quis desviar o rosto, quis encara-lo, eu dei um meio sorriso e seus
olhos voltaram a ser castanho esverdeado.
-Acho melhor eu ir tomar banho.
-Disse apontando para o banheiro.
-Fique a vontade. -Disse ele fazendo
um gesto para o banheiro enquanto abria passagem.
Eu peguei minha toalha e já na porta
do banheiro eu disse em um tom de aviso:
-Nada de gracinhas.
-Pode deixar… -Disse ele com malicia.
Entrei no banheiro e tranquei a
porta, fiquei meio insegura em tirar a rouca com Arthur do lado de fora do
banheiro,e se ele tivesse visão de Raio-X?
Fiquei um tempo ali só pensando e
depois eu tomei coragem:
-Arthur!!-Chamei.
-Sim?-Ele respondeu do outro lado da
porta.
-Você tem visão de Raio-X?-Perguntei
com as costas colada a porta
-Acho que não. Por que a pergunta?
-Nada nao -Menti.
-Como eu queria ter visão de Raio-X
agora!-Respondeu ele com uma voz de malicia.
Eu soltei um risinho e mordisquei o
lábio inferior. Depois de tomar um banho eu me enrolei na toalha e sai do
banheiro na ponta do pé,fui até o quarto e ele não estava lá, me tranque e me
vesti bem depressa,vesti uma blusa preta de alça,coloquei um short jeans
curto,e fiquei descalça.
Me sentei no banquinho da penteadeira
e comecei a escovar meus cabelos com cuidado,quando acabei desci as escadas até
o andar de baixo e senti um cheiro maravilhoso de lasanha,corri até a cozinha e
em cima da mesa tinha um prato de lasanha,estava com uma cara muito boa,Arthur
me olhou de cima a baixo.
-O que foi?-Perguntei olhando para o
meu corpo.
-Nada. -Disse ele desviando o olhar.
Eu encarei a lasanha que soltava uma
fumaça como se tivesse acabado de sair do forno.
-Você sabe cozinhar?-Perguntei
surpresa.
-Não tecnicamente. -Ele respondeu.
-Então como conseguiu fazer essa
lasanha?-Perguntei apontando com cara de desconfiada.
-Eu só fiz aparecer. -Disse ele como
se fosse à coisa mais normal do mundo.
-Como assim? Pode fazer coisas
aparecerem do nada?
-Qualquer coisa…-Respondeu ele.
-Huum… Que tal um copo de
Pepsi?-Desafiei.
-Como quiser. -Disse ele.
Em um estalar de dedos apareceu um
copo de Pepsi ao lado do prato de lasanha.
- Ta parecendo um daqueles mágicos de
bares!-Disse e ele soltou um risinho
-Então vai comer ou não?-Ele
perguntou cruzando os braços.
-Tem certeza que é seguro?-Perguntei
o imitando.
-Tenho.-Disse ele com um sorriso.
Não sei porque mas eu senti que ele
falava a verdade e eu resolvi confiar nele,caminhei até a gaveta e puxei de
dentro uma faca e um garfo,quando fui olhar para Arthur deixei cair o garfo no
chão,me abaixei para pegar e quando me levantei percebi Arthur com a cabeça
inclinada para o lado encarando minha bunda.
-O que você esta olhando ai
hein?-Perguntei coma mão na cintura e com uma voz áspera.
-Nada. -Ele disse desviando o olhar.
-Você já usou essa desculpa antes.
Tome cuidado onde olha... Nao vai querer depois uma joelhada no meio das pernas
-Disse ainda com a voz áspera.
-Que seja. -Ele disse revirando os
olhos.
Me sentei na mesa e o encarei.
-O que? Eu não to mais olhando!-Disse
ele cruzando os braços novamente.
- Ainda nao voce quer dizer. E Não é
isso. É que eu não gosto quando ficam me olhando comer.
-Você é muito chata. -Disse ele com a
voz áspera enquanto se retirava da cozinha.
- To vendo o amor que voce tem por
mim viu?- ironizei
Arthur agora me parecia bem legal,
nem se parecia com um demônio sugador de almas que sempre foi, ele parecia bem
diferente, mas eu preferia não confiar,as pessoas não mudam de um dia para o
outro muito menos os demônios. Quando terminei de comer fui escovar os dentes e
quando voltei para lavar a louça ela já estava limpa,dei um pequeno sorriso e
quando me virei para ir até a sala bati de novo a cara contra o peito de
Arthur.
-Obrigado… Pela louça lavada.
-Acho que já vou indo.-Ele disse
serio.
-E se Rayanne voltar?-Perguntei
preocupada.
-Eu te desejo sorte. Ela esta furiosa
com você. -Disse caminhando até a porta.
- Ah nao... Num to afim de ver aquela
sugadora de sangue! E sorte é uma coisa que pelo visto eu nao ando tendo muito!
- falei enquanto o puxava pelo braço.
Arthur quase me arrastou junto quando
eu tentei impedi-lo de ir,sorte que ele parou no meio do caminho.
-Não me deixe sozinha…-Disse
mordiscando o lábio inferior com medo da resposta.
-Lua eu…
-Por favor… Por favorzinho… -Implorei
com cara de cachorrinho.
-Até sua mãe chegar. -Ele disse .
- Ótimo!-Concordei.
Eu estava ficando chatinha igual Mel.
-Quero saber mais sobre você.-Disse
quando me sentei no sofá.
-O que você quer saber?-Perguntou ele
encostando na parede e cruzando os braços.
-Tudo.-Resumi.
-Começando por onde?-Ele perguntou
com uma sobrancelha erguida.
-Sei lá conte sobre sua vida de
demônio. -Disse com um olhar interessado.
-Bem… Apesar das pessoas me chamarem
de demônio eu não sou um.
-Não e um demônio?-Perguntei surpresa
com a revelação.
-Na verdade sou um anjo do inferno.
-Nunca ouvi falar deles. -Disse
franzindo as sobrancelhas.
-Somos chamados de anjos negros ou de
”Aqueles que pecaram contra Deus. ”-Disse ele fazendo ênfase com os dedos na
ultima frase.
-Você pecou contra Deus?-Perguntei.
-Meu pai.-Ele corrigiu.
-Como assim?-Perguntei.
-Meu pai cometeu um pecado e foi
expulso do céu.
-Ele foi mandado para o
inferno?-Perguntei.
-Mais ou menos. Ele foi mandado para
servir a morte.
-Assim como você?-Perguntei.
-Assim como eu.-Ele respondeu.
-Que pecado ele cometeu?-Perguntei.
-Se apaixonou por uma humana.
-Sua mãe?-Perguntei o encarando.
-É.
-Você a conheceu?
-Não. Ela morreu ao dar a luz. -Disse
ele fitando o chão.
-E seu pai?
-Ele foi embora quando nasci. Fui
mandado para o orfanato.
-Ficou no orfanato por quanto
tempo?-Perguntei.
-Até os 12 anos.
-Te adotaram?
-Sim. No dia eu estava trancado no
porão. -Disse ele sorrindo.
-Por quê?
-Machuquei um garoto.
-O que aconteceu com ele?-Perguntei.
-Ele caiu de uma árvore e teve
traumatismo craniano.
-Como sabem que foi você?
-As freiras achavam que eu era
amaldiçoado. A todo lugar que eu estava um acidente acontecia.
-O que as freiras faziam?
-Me davam chibatadas nas costas e
depois era preso no porão. -Ele explicou de cabeça baixa.
-Sinto muito. -Disse com sinceridade.
-Não sinta. -Respondeu.
-Mas o que dizia mesmo sobre a pessoa
que te adotou?
-Ele era um enviado da morte.
-Foi assim que começou a trabalhar
pra ela?
-Foi. -Ele respondeu.
De repente uma pergunta surgiu na minha
cabeça era um pouco vulgar, me apertei para não perguntar, mas eu não resisti e
acabei perguntando:
-Com… Com quantos anos você perdeu
sua virgindade?-Perguntei com as bochechas corando.
Arthur me encarou por um momento com
um olhar malicioso mas depois respondeu:
-Com 14 anos.
-Aos 14?!-Perguntei impressionada.
-Foi só por curiosidade. -Disse ele
como se fosse normal.
-Mas você era muito novo. -Disse
ainda com tom de surpresa.
-Lua deixa de ser boba,de onde eu vim
isso é muito normal.
-Como foi?-Perguntei.
-Não me lembro. -Disse ele.
-Como não pode se lembrar da sua
primeira vez?
-faz muito tempo.
Eu me levantei do sofá e caminhei até
ele que me fitava com um lindo sorriso torto.
-Você já amou alguém na
vida?-Perguntei me aproximando mais ainda.
-Uma vez… -Ele sussurrou com uma voz
meio triste.
Era só o que eu precisava ouvir dele,
só queria saber se ele tinha coração, mesmo que não batesse, eu só queria saber
se ele sentia alguma coisa,se tinha sentimentos. Eu aproximei meus lábios dos
dele e pude sentir seu halito quente em meu rosto,Arthur inclinou a cabeça para
o lado e eu fechei os olhos lentamente,ele segurou meu rosto com delicadeza e
encostou seu lábios nos meus,foi mas perfeito do que nosso primeiro beijo,mas
suave e apaixonado,sua língua se enroscou a minha quase em uma dança lenta,seus
lábios eram macios feito algodão,beija-lo era tão perfeito,parecia tão… Natural
e leve. Seus braços estavam envolta de minha cintura, minha mão direita estava
apertando a argola de sua camisa e a esquerda entrelaçando seus cabelos
castanhos e macios entre meus dedos, estava tudo perfeito, parecia que eu
estava em um conto de fadas, nosso beijo foi interrompido com o barulho da
porta se abrindo,era minha mãe.
Quando ele percebeu que minha mãe se
aproximava ele deu dois passos para traz e virou fumaça,foi como se nunca
estivera ali. Bendita hora que a minha mãe chega! Que odio...
Créditos: Cecília

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