11 de fev. de 2013

{FIC} Little Star (Adaptada)


Capítulo Cinco Parte 2



Saiu de casa, precisando respirar um pouco. Como contaria isso para Lua? Era complicado demais. Ele estava saindo de casa, mas não significava que eles estavam se separando, significava? Não, é claro que não. Tirou a ideia da cabeça rapidamente, ele não iria se divorciar e Lua, bom, se ela pedisse para se divorciar, ele estaria feliz demais por ela ter uma opinião para se importar.
Quando estava cansado de andar, pegou um táxi e foi até a casa de Micael, onde Raffael e Chay também estavam. Iria contar-lhes que avisaria Lu hoje. Boa notícia para eles, não é?

Chegou em casa razoavelmente cedo. Ao entrar em casa, pode ouvir Catherine falando. Olhou de longe que ela estava acompanhada por Lu, que estava sentada de costas para a porta. Lu escutava a irmã, sem dizer nada, para variar. Thur suspirou e andou até elas. Cumprimentou-as, porém não tocou em Lua, tinha desistido assim que percebeu que ela sempre se afastava, como se tivesse levado um choque. 
- Ah que bom que você chegou, Thur – Cath falou – Eu tenho um encontro hoje – Ela riu, tentando quebrar um clima tenso – Estou saindo agora.
Thur não sabia se ela tinha realmente um encontro ou não, mas percebeu que ela estava saindo naquele momento apenas para deixá-lo sozinho com Lu. Quando Catherine levou, ele se sentou ao lado da esposa. Lu o encarou, mas seus olhos não lhe diziam nada.
Lua costumava falar pelos olhos. Foi assim que Thur primeiramente percebeu que uma parte dela havia morrido, quando viu que seus olhos estavam completamente vazios e sem vida. Eles continuavam assim, Arthur se perguntava se um dia voltariam a brilhar como antes. 
- Lu – Ele a chamou – Tenho uma coisa para te contar – Ele falou, olhando-a intensamente.
Como a mulher continuou calada, ele reuniu forças para dizer o que teria.
- Eu estou indo embora, Lua – Ele falou e levou um susto ao perceber o olhar assustado da esposa – Voltei a compor com a banda... Nós vamos fazer uns shows mês que vem e até lá vou ficar na casa de Raffael, terminando as músicas e tudo mais. 
Lu permaneceu em silêncio, mas ele pode sentir os pensamentos acusadores. Você está me abandonando? Perguntava Lua mentalmente.
- Isso não é para sempre – Ele completou – Vou ficar lá só para me acostumar, Lu, e depois quando voltarmos para Londres, talvez eu volte para casa.
Talvez. Os dois sabiam o impacto dessa palavra. Sabiam o que ela significava. Ele não tinha certeza se ele voltaria, ele não tinha certeza se gostaria de voltar para lá. Para aquela casa cheia de memórias e lágrimas. 
- Eu tenho que fazer isso, Lua – Ele se explicava, mesmo que ela não tivesse perguntado – Eu tenho que continuar a viver - Completou – Você deveria tentar isso também. 
Lua permaneceu em silêncio. Thur esperava que ela dissesse algo, afinal fora ela mesma quem o aconselhara, um mês antes, a ouvir Raffael, não é? Mas ela não disse. Ele se levantou, indo em direção a cozinha, esquentar seu jantar.
- Estou feliz por você – Lua murmurou, despertando a atenção do marido – Você está certo, Arthur. 
Ela se levantou, olhando significativamente para Thur. Ele continuava imóvel, chocado com sua manifestação. Lu virou na direção contrária, subindo as escadas. Parou no primeiro degrau, virando-se para ele, que continuava estatizado.
- Boa sorte com a banda – Ela falou, com a voz meio trêmula.
Lu subiu rapidamente até o segundo andar. Ao chegar em seu quarto – que ela não usava já há um tempo, mas fora o primeiro lugar que lhe veio a mente – se trancou, começando a chorar. 

Arthur não viu Lua pelo resto da noite, ela se trancara no quarto e não saíra dali. Ele tentou conversar com ela pela porta, mas a mulher voltou a ignorá-lo. Por fim, ele desistiu ainda abismado com suas palavras. Lu tinha o respondido! Depois de tantos meses esperando por esse momento, ela finalmente tinha falado. Então por que ele não se sentia bem com isso? Talvez porque tenha conseguido ver a dor em sua voz, sua desaprovação e acusação, ainda presentes. Thur teve vontade de chorar também, mas não chorou. 
Estava cansado de chorar. Estava cansado de se sentir miserável todo dia. Ele iria começar uma nova vida, não iria? Nessa nova vida, ele esqueceria todos seus problemas e não afundaria cada dia mais na tristeza. 
Ainda com os olhos secos e as lágrimas presas na garganta, Thur se ajeitou no sofá, dormindo por ali mesmo. Dormiu tão profundamente, que não ouviu Catherine chegar. Acordou cedo no dia seguinte e saiu pela cidade. Foi ao supermercado, fez algumas compras, pensando que talvez Catherine não se lembrasse de fazer isso. Pensou em comprar algo para Lu, para se desculpar por ir embora. Sentiu-se idiota, eles tinham tantos problemas, tantos pedidos de desculpas pendentes, ir embora não era a questão, ele percebeu. 
E o que um presente resolveria? Só mostraria o quanto fútil ele era, de achar que bens materiais poderiam ajudá-lo. Objetos não pedem desculpas, pessoas pedem. Atos pedem. E ele não conseguia pensar no que poderia fazer, como poderia se redimir. Era mais fácil simplesmente sumir, mais dolorozo, mas ainda sim mais fácil. Se é que isso não era contraditório. 

Autora:Juuh Aguiar

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