21 de fev. de 2013

Ódio e Amor

Capitulo 2

Já era de manhã,não tinha conseguido dormir direito,estava formulando hipóteses na minha cabeça de como seria esse tal acampamento,primeiro eu pensei num internato cinza,com grades nas janelas e guardas em todas as portas,depois eu comecei a imaginar as pessoas de lá,tipo,patricinhas e mauricinhos,e alguns maconheiros,minha amigas da antiga escola me disseram que lá é o inferno em formato estudantil,só que não,lá não tem aulas,era só um acampamento com atividades horrivelmente chatas e diárias,a única coisa que me animou mesmo de ir pra lá é que eu ouvi que lá,alguns campistas já se perderam na floresta e nunca mais voltaram,isso é maneiro,ficar perdido na selva,e ter que comer o próprio pé para sobreviver,só que não.
Eu estava arrumando minha mala para a viagem,o acampamento não era lá tão longe,eu ia com o motorista da minha mãe.Na minha mala,eu coloquei tudo oque tinha que colocar,e alguns absorventes á mais,bom,minha mala de roupa está pronta,mas eu queria levar minha guitarra,não sei se lá é permitido isso mas,foda-se,eu iria levar minha guitarra de qualquer jeito,música me acalma,eu amo música.Na pasta da minha guitarra,adicionei também um spray de pimenta,caso algum engraçadinho tente algo comigo,eu não sei que tipo de pessoas eu iria encontrar lá,fora os mauricinhos e patricinhas.
Quando eu ia descendo pela escada para entrar no carro,minha mãe me parou e disse:
–Filha,eu te amo!Feliz Aniversário!-Ela disse,calmamente,eu tinha me esquecido completamente do meu aniversário,que era hoje,merda,estou ficando velha.
–Valeu mãe! Eu já vou,e,não precisa ficar me ligando de minuto a minuto,ok?-Eu a alertei,mas sabia que aquilo tudo foi em vão,ela iria me ligar todo dia.
Sai de casa,puxando a mala de rodinha e segurando a pasta da guitarra,quando vi o carro branco me esperando,na frente da minha casa.O carro era bem espaçosa por dentro,tinha um frigobar cheio de refrigerante,e era dos meus preferidos,passei a viagem toda bebendo aquilo e pensando,meus pensamentos saiam da minha cabeça e eu começava a ver tudo oque eu pensava pela janela a fora do veículo,até que eu simplesmente bati a cabeça no teto,que não era tão alto assim,tínhamos entrado em um estrada de terra,fiquei olhando a paisagem do lado de fora da janela,montanhas,montanhas e só,até que começaram a sumir,as montanhas,tínhamos entrado em uma mata fechada,ainda dava pra ver a estradinha,mas era por pouco.
Me surpreendi quando chegamos,primeiro eu vi uma casa grande,que eu julgava ser a diretoria,um campo de futebol,com vários meninos jogando,tinha uns garotos lá bem gatinhos,e mais adiante,avistei um monte de cabanas,mais pra chalés,eram cerca de cinquenta ou mais,eu pensava que iria ter de acampar em barracas,mas não,era em chalés,até que,quando olhei para frente,ainda na limosine,eu avistei uma praia,uma bela praia,linda,com ondas calmas,será que eu iria gostar dali?
Quando sai da limosine,um rapaz moreno de cabelo preto despenteado (mais ou menos da minha idade...) chegou em mim,perguntando se ele podia me ajudar com as malas,ele me disse que era encarregado de ajudar os campistas novos,dando as informações necessárias e falando qual era o chalé e quais eram seus companheiros de chalé.
Aquele rapaz era bem bonito,sim,ele me ajudou a tirar as minhas malas do porta-mala e fomos andando por uma trilha,até os chalés,nós passamos pela prainha,e ele me perguntando coisas.
–E ai? Qual o seu nome?-Ele perguntou,de uma forma suave.-
–Lua,Lua Blanco,e o seu?-
–Micael Borges,eu também sou campista aqui,mas eu estava querendo arranjar uma graninha,ai pedi pro diretor me deixar com esse cargo de ''recepcionista'' por alguns dias.-
Eu estudei seu corpo,era forte e musculoso,mas quando eu e ele batíamos um papo,parecia que ele me entendia,Micael tinha muito a ver comigo,ele era despojado e arrojado,aparentemente,tínhamos a mesma personalidade.
Chegamos a Ala dos Chalés,todos os chalés formavam um U,e bem no meio daquele U,tinha uma grande fogueira,apagada,pois era dia,eu mal podia esperar para ver ela acessa,a noite.
–Lua, seu chalé é o 13,eu acho que suas companheiras são a Mel,e a Sophia...- Micael me informou,mas eu percebi uma certa incomodação quando ele disse o nome Sophia.
Quando entramos no meu chalé,me deparei com três camas de solteiro,paredes roxas,uma mesa com um computador,um ármario grande,e um banheiro.Vi na cama do meio,um monte de mochilas de costas verdes com detalhes muito...paz e amor,era um estilo mais para...natureza.Na outra cama,vi duas malas enormes de rodinha rosas,a não,eu teria que dividir o chalé com uma patricinha,tava demorando.Eu peguei a cama que estava sobrando,e comecei a desfazer minha mala,colocando tudo na minha parte do ármario. Enquanto eu fazia isso,Micael se despediu e saiu pela porta,aposto que tinha que ajudar mais campistas novatos.
Quando finalmente todas as minhas roupas couberam no ármario,eu me deitei na minha cama,abri a pasta da minha guitarra,e comecei a tocar alguns solos que eu tinha criado,era basicamente Link Park que eu estava tocando ali,nada de mais,até que uma garota entrou no quarto,ela era alta,morena,com cabelos negros e lisos,picotados,ela estava vestida com uma blusa de renda roxa,e uma calça jeans,tênis de caminhada.
–Hey! Você deve ser a Lua! Eu sou Mel, muito prazer!-Ela disse, Mel parecia uma pessoa legal e bacana,pelo menos não era uma patricinha.Eu deixei minha guitarra em cima da cama,me levantei para cumprimentá-la.
–Eu sou Lua,você pode me dizer quem é a outra garota que vai dividir o quarto com a gente?-
–Ah,a Sophia,digamos que no mundo dela só tem bichinhos fofos e coisas rosas,é mais uma garotinha rica desse acampamento.-
–Ah caralho! Eu detesto esse tipo de pessoa!-
–É,ela é legal sim,as vezes deixa o lado patty de lado,quando está triste,ela tem um probleminha com um garoto que ela é apaixonada,ele é campista aqui.-
–Eu sei,é o Micael né?-
–O próprio,ele conseguiu,digamos que...uma bolsa para vir pra cá,a mãe dele é cozinheira no refeitório,eu também tenho esse tipo de bolsa,é que minha mãe namora o Jonas,o diretor,e,vai por mim,não queria conhecer ele,o cara é um mala!-
–Todo diretor é assim,mas eu fico feliz que pelo menos tenho uma amiga aqui que não é patty!-
–E você tem que me agradecer,não consigo imaginar você andando por ai com essas patricinhas,você é do tipo mais...ér....Rock 'n' Roll.-
–É,todo mundo diz isso.-
–Ok,aqui Lua,eu acabo de voltar de uma corridinha básica em volta do Acampamento,eu acho que vou passar lá no pavilhão do refeitório e beber algum suco refrescante.-
–Tá bem,eu vou ficar aqui mais um pouco,tocando minha guitarra.-
Mel abriu um sorriso,e saiu de novo,e eu fiquei sozinha no chalé,sentei na cama de novo e comecei a tocar minha guitarra,mas logo depois eu a guardei e deitei,deixando meu corpo se levar por devaneios.

Um comentário: