Capitulo 20 (CAP 2/2)
A porta se abriu e um feixe de luz
apareceu por debaixo dela, eu levantei o rosto e lá estava ele de braços
cruzados me encarando com aqueles olhos castanhos esverdeados brilhantes, ele
usava uma camisa de manga comprida que me fez quase perdi o fôlego ao ver que
estava aberta, dava para se ver perfeitamente seu peito rígido e seu abdome
definido, agora sim eu tinha a certeza de que Arthur era o garoto mais perfeito
que eu já vira na vida.
–Como descobriu onde eu
moro?-Pergunto ele desconfiado.
–Isso não é jeito de tratar
visita…-Disse com um meio sorriso para tentar distraí-lo.
–Não vai conseguir me distrair…-Disse
ele balançando a cabeça negativamente.
–Eu não tentei. -Menti mordiscando o
lábio inferior.
–Vou fingir que acredito. -Retrucou.
–Eu minto tão mal assim?
–Magina… -Respondeu ele com sarcasmo.
–Não vai me convidar para
entrar?-Perguntei o encarando.
Sem dizer nada Arthur se afastou da
porta e fez sinal com a mão para que eu entrasse. A sala era linda, o papel de
parede era branco, no teto um enorme lustre de cristal, dois enormes sofás
negros com almofadas vermelhas de veludo deixavam o ambiente ainda mais bonito,
nas paredes havia alguns quadros meio macabros de crianças chorando, um quadro
em essencial me intrigou,era de uma bela moça de cabelos escuros segurando um
cálice de vinho em uma das mãos.
–Você gostou?-Perguntou Arthur atrás
de min.
–Ela parece tão real. Parece que esta
me encarando. -Disse fitando a moça do quadro.
–Porque não olha mais de perto?-Disse
ele com um sorriso torto.
Eu me aproximei da pintura e fique
cara a cara com a moça, eu já ia desistir quando vi a piscar um dos olhos para
mim, me afastei com um grito de susto, bati as costas no peito de Arthur, ele
estava quente, muito quente, me segurei pra não me virar e abraça-lo.
–O que foi aquilo?-Perguntei meio
assustada.
–Esta casa tem vida… Tudo nela tem
vida.
–Como assim tudo tem vida?
–As paredes tem vida. Os quadros. Até
os moveis. -Explicou ele olhando em volta.
–Por quê?-Perguntei examinando um
quadro onde uma criança chorava.
–Esta casa tem historias de mais para
serem esquecidas… -Respondeu ele pensativo.
–Amaldiçoada?
–É quase isso. -Respondeu Arthur com
um sorriso lindo.
De repente os latidos começaram
novamente.
–Você tem cachorros?-Perguntei
franzindo as sobrancelhas.
–É quase isso… -Disse ele com
sarcasmo na voz.
–Podemos ir lá vê-los?-Perguntei
curiosa.
–Eu não sei… -Respondeu pensativo.
–Por favor… -Implorei.
–Prometa que não vai gritar. Isso os
irrita. -Arthur disse serio.
–Eu prometo. -Disse confiante.
Saímos de dentro da mansão e
caminhamos até a parte de traz dela.
–Chegamos. -Disse ele apontando para
uma portinha de madeira que dava no porão, ele abriu a portinha e nós déssemos
a escada, o cheiro lá em baixo não era muito bom, tinha um odor forte de carne
crua.
–Por que está tão escuro?
–Eles não gostam muito de
luz.-Explicou Arthur.
No escuro á única coisa que eu via
era os olhos de Arthur que brilhavam como dois faróis de carro. De repente os
latidos recomeçaram, mas agora eram mais altos e ensurdecedores. Vasculhei a
escuridão e de repente surgiram dois pares de olhos vermelhos e brilhantes a
poucos metros de mim
–O que são eles?-Sussurrei.
–Meus bichinhos de estimação. -Disse
Arthur com sarcasmo.
–Pode acender a luz?-Sussurrei.
–Medrosa. -Disse.
– Nem sou, Engraçadinho. -resmunguei.
–Não saia daqui. -Ele disse.
–Tudo bem. -Disse abraçando a mim
mesma.
Assim que Arthur saiu um silencio se
formou me deixando com mais medo, os olhos vermelhos e brilhantes continuavam a
me fitar, eu tentava não encara-los, mas estava sendo impossível, as criaturas
em fim tinham parado de latir, agora estavam só bufando, eu sentia o ar quente
vir até mim a cada vez que respiravam fundo e depois soltavam o ar. Depois de
um tempo as luzes se acenderam, eu olhava para o lado, havia alguns ossos
jogados no chão, as paredes estavam com enormes e profundos arranhões, foi
quando eu os senti bufar novamente e eu automaticamente virei o rosto, não eram
cachorros, pelo menos não no nosso mundo, eram horríveis, no lugar de pelos
eles tinham espinhos negros e brilhantes, no alto da cabeça duas pequenas
orelhas, tinham o tamanho de um leão,talvez um pouco maior,os dentes se
pareciam com os de um tubarão,pontudos e amarelados.
Cada uma das criaturas tinham quatro
correntes de cobre em sua cólera também do mesmo material, as correntes estavam
presas dentro da parede o que me deixou um pouco mais segura.
–Tudo bem?-Perguntou Arthur me vendo
ali parada quase em estado de choque.
–O que são estas coisas?-Perguntei de
olhos arregalados.
–São cães infernais. -Explicou ele
com uma voz calma.
– Agora ta explicado. - falei com
sarcasmo- Por que os trouxe para a terra?- Perguntei ainda os encarando.
–Tenho eles deis de que eram
pequenos. Não podia deixa-los lá. -Disse Arthur os encarando.
Os cães pareciam ficar mais a vontade
com Arthur,não pareciam mas nervosos,mas ainda sim me davam medo.
–Como se chamam?-Perguntei agora mais
calma.
Arthur caminhou até eles e um
levantou a cabeça e em seguida se levantou, pude ver seu tamanho, era enorme.
–Esta é Tanger. -Disse Arthur a
acariciando.
–É uma fêmea?-Perguntei a encarando
com um meio sorriso.
–É uma boa garota. -Respondeu ele
passando um dedo no queixo de Tanger.
–E como se chama o outro?-Perguntei
apontando para o grandalhão deitado com a cabeça apoiada nas duas patas
cruzadas.
–Este é Victor. -Respondeu Arthur se
aproximando da criatura.
–Ele não parece ser bonzinho… -Disse
eu balançando a cabeça negativamente.
–Ele não é muito sociável… -Explicou
Arthur com um sorriso.
Victor levantou a cabeça
vagarosamente e encarou a mão de Arthur se aproximando,mas depois de um tempo o
cão ficou tranquilo e deixou que Arthur o acariciasse.
–Você quer tentar?-Perguntou Arthur
estendendo a mão para mim
–E isso por acaso é seguro?-Me
aproximando aos poucos.
–Deixa de ser medrosa e me de a sua
mão. -Disse ele com um sorriso.
–Tudo bem. -Disse com um suspiro..
–Não tenha medo…-Sussurrou ele.
Eu coloquei minha mão em baixo da sua
e ele a colocou delicadamente sobre a cabeça de Victor,que rosnou e ergueu a
cabeça.
–Arthur.-Disse tentando puxar minha
mão.
–Tudo bem,tudo bem…-Ele tranquilizou
o cão.
Victor vendo que eu não o faria mal
abaixou a cabeça e deixou que eu o acariciasse,Arthur soltou minha mão aos
poucos me deixando por conta própria. Os espinhos do cão eram compridos e bem
pontudos. Eu senti uma energia boa ao toca-lo, talvez fosse adrenalina sei lá.
–Não é tão mal assim
concorda?-Perguntou Arthur acariciando Tanger.
–É… Bom. -Respondi com um sorriso.
–Quer conhecer o resto da
casa?-Perguntou se levantando.
–Claro.
Ele segurou minha mão e me ajudou a
levantar, saímos do porão e entramos na mansão novamente,passamos pela enorme
cozinha e por um corredor onde só havia quadros de pessoas chorando ou
gritando,subimos a enorme escada até chegar a outro corredor, só que invés de
quadros haviam quartos,aquele corredor me lembrava filmes de terror.
–Tudo bem?-Arthur perguntou quando eu
apertei seu braço.
–Hã… Tudo. -Respondi o soltando.
Passamos por diversas salas e por
grandes quartos elegantes, cada um mais bonito do que o outro, andamos e
andamos até chegarmos a uma biblioteca enorme.
–Então e aqui que você se esconde?
–Quando estou com tédio eu venho pra
cá. -Disse ele acendendo a luz.
A biblioteca era linda, varias
prateleiras com livros de diversos temas espalhadas por todos os cantos, no
teto vários lustres de cristal, o chão havia lindos tapetes vermelhos, perto
das prateleiras tinha algumas mesas com cadeiras, encostado a parede tinham
algumas poltronas reclináveis da cor preta.
–O que você gosta de ler?-Perguntei
passando o dedo indicador pelos títulos dos livros.
–Um pouco de tudo… -Respondeu Arthur
passando os olhos pelos diversos livros.
– Muito Legal… -Respondi sorrindo.
–É o que você gosta de ler?
–Um pouco de tudo também… Romance,
poesia, drama, suspense… -Respondi.
–Vem vamos conhecer o resto. -Disse
ele me puxando pelo pulso.
A alguns passos dali Arthur me
mostrou outra sala,esta não era tão grande mas não deixava de ser linda.
–Esta é a sala de música.-Disse ele
me puxado para dentro.
O piso era branco e brilhante,as
paredes tinham um papel de parede vermelho claro,tinham algumas pinturas nas
paredes,mas desta vez eram pinturas felizes de pessoas dançando cantando e
crianças tocando flauta. Havia um grande piano preto e brilhante no centro da
sala, em cima dele tinha um pequeno e fino vaso transparente, dentro duas rosas
murchas e mortas.
–Você toca?-Perguntei com um sorriso
enquanto apontava para o piano.
–Nas horas vagas. -Respondeu ele me
encarando.
–Será que você pode tocar para mim?
Amo o som do piano...- sorri
–Claro. -Disse ele com um sorriso.
Ele se sentou em um banquinho
comprido com forro de veludo preto e fez gesto para que eu me sentasse ao seu
lado.
Arthur me lançou um sorriso torto e
eu retribui com outro, ele estralou os dedos e começou a tocar,era uma música
clássica,parecia um sonho ouvir aquela melodia tão calma e suave em meus
ouvidos,Arthur estava tão concentrado… Ele ficava ainda mais bonito quando
estava concentrado em algo, aquela música estava me deixando hipnotizada de tão
bela que era. De repente a sala foi criando vida, literalmente, as rosas mortas
e muchas do vaso começaram a se erguer lentamente, depois foram se enchendo de
vida recuperando sua cor vermelha ficando lindas outra vez, as figuras nos
quadros começaram a se mover, elas dançavam e cantarolavam enquanto as crianças
tocavam suas flautas.
–É tudo tão lindo… -Sussurrei.
Quando a música acabou as coisas
começaram a voltar a ser como eram, as rosas foram murchando e morrendo aos
poucos e os quadros pararam de se mexer. Arthur ficou um tempo ali parado
encarando as teclas do piano.
–Foi lindo… -Disse tocando em sua
mão.
Ele desviou o olhar para mim e ficou
me fitando,seus olhos castanhos esverdeados estavam pensativos assim como os
meus,eu desviei meu olhar para seus lábios que foram se aproximando aos poucos
até se selarem aos meus delicadamente…
Créditos: Cecília
parece crepusculo hahaha mas foi lindo esse cap. amei
ResponderExcluirshow.......... muito boa
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