9 de abr. de 2013

Here Comes The Storm


Capítulo 5


- Ninguém sabe, Melanie. Ninguém sabe. É um mistério - Kátia me olhava firmemente - Já tentamos arrancar dele, mas ele não fala.
- Nada?
- Nada. Ninguém consegue. Eu achei que o
 Chay conseguiria, mas nem ele conseguiu. O Arthur sempre foi um terror, porém desde que essa menina apareceu... Meu Deus, eu rezo todos os dias para que eles continuem juntos. Ela faz tão bem para ele. Desde que eles começaram a namorar, ele não apronta uma. Outro dia, peguei os dois brigando por causa da bagunça que ele fez no corredor com os livros do menino novo. Olhe, Melanie, ela tem um controle sobre ele anormal. O dia que eles brigarem sério, eu não quero nem estar perto. Ela eu deixo até bater nele. Ela põe o Arthur na linha. Ela me prometeu fazê-lo parar de fumar.
- E ela está cumprindo, viu? Eu vejo de perto todo o dia a briga que é.
- Só espero mesmo que ela consiga.
- Bom, qualquer coisa que precisar, pode me pedir. Posso tentar ajudar, apesar de que eu sei que não vai surtir efeito nenhum.
- Obrigada.

Saí de casa para andar um pouco no domingo. Fazia um pouco de sol e quando há sol temos que aproveitar, né? Fui andando sem rumo e, quando dei por mim, estava perto da casa do
 Arthur. Ele estava com Chay sentado na calçada e não parecia nada feliz. Kátia parou do lado dele e tentou se comunicar com os dois. Chay respondia normalmente e Arthur só mexia a cabeça e os ombros.Kátia saiu de perto com uma cara esgotada e me aproximei. Assim que cheguei perto, Chay sorriu e eu sorri de volta. Fazia uma semana que o tio de Arthur tinha ido dessa para melhor e ele não falava nada direito. De repente, ouvi a voz dele sair rouca:
- Por acaso você a viu?
- Não – sentei-me ao lado de
 Chay e encostei minha cabeça ao ombro dele. Ele passou um braço pelos meus ombros e sussurrou que Arthur não estava nos melhores dias dele. Concordei, recebendo um beijo na testa. Chay era tão fofo!
Meu celular tocou alto e não me movi, com preguiça.
 Arthur esticou um braço e abriu a mão na minha frente. Alguém me explica como, Deus do céu, ele sabia que era ela? Sem graça, deixei meu celular na mão dele e ele se levantou, já atendendo irritado.
- Você é maluca? Quer fazer o favor de falar comigo? - ele devolveu meu celular e se sentou emburrado - Vadia. Não quer falar comigo.
- Motivo?
- Eu andei fumando esses dias - suspirei e
 Chay mexeu no cabelo.
- Então por que não pára?
- Não é tão fácil e não vou parar de fazer o que eu gosto por causa de uma menina - até parece... A quem ele queria enganar?
 Kátia abriu a porta de casa e parou na frente dele.
- Vá tomar banho - ele não tinha tomado banho? Que nojo.
- Não antes de ela me atender.
- Ela não vai atendê-lo e é bom você ir tomar um banho agora. Temos um almoço daqui a pouco - ele bufou e se levantou, jogando o celular na grama.
- Eu já mandei você parar de ligar para ela!
- Para o banho, agora! -
 Kátia engrossou a voz e eu tremi de medo. Chay percebeu e riu, me apertando. Levantamo-nos e vimos Kátia com o celular dele na mão - Quando isso vai parar, meu Deus?
- Um dia, tia -
 Chay sorriu fofo e ela concordou. 

Eu estava na casa da
 Lua, mais tarde naquele dia, apenas conversando. Já tínhamos visto “Singing In The Rain” e estávamos deitadas no sofá da sala, olhando o vazio. O celular dela tocou pela trigésima vez (sério, eu contei. Mentira. Perdi a conta depois da trigésima, mas ali foi apenas um exemplo básico) e ela continuou parada. O celular voltou a tocar mais duas vezes.
- Acho que você devia atender - toquei no assunto “ela e
 Arthur” pela primeira vez desde que entrei ali naquele dia. Ela se levantou feito uma múmia e não respondeu nada assim que apertou o botão de aceitar ligação no celular. Eu pude ouvir um berro e depois mais nada. Ela arregalou os olhos e concordou, dizendo que já ia para lá. Levantei-me, indo atrás dela para o quarto. Ela colocou uma calça skinny preta, um All Star branco e uma blusa também branca. Estendi um casaco para ela e ela sorriu, negando.
Saímos da casa dela e ela corria até a casa que já conhecia há tempos. Paramos assim que chegamos e começamos a andar para a porta. Ela parou, me puxando junto.
 Chay apareceu ao lado deArthur e desceu as escadas ao meu encontro. Abraçou-me de lado e suspirou, fazendo uma cara ruim. Arthur levantou a cabeça e viu Lua parada ao meu lado. Ele desceu alguns degraus e olhou para baixo. Eu não fazia a mínima idéia do que tinha acontecido. Só sei que, pela cara do Chay, era sério. Senão, ele não tinha se afastado um pouco e me puxado junto.
Lua correu até
 Arthur e o abraçou forte. Ele retribuiu e começou a chorar. Vê-lo chorando estava me matando.
- Vai ficar tudo bem. Você vai ver - ela sorriu e se afastou um pouco, pegando o rosto dele. Voltou a abraçá-lo e
 Chay me fez entrar na casa. Que menino folgado! Os outros dois fizeram o mesmo e sentamos todos no sofá. Lua levantou e Arthur segurou seu braço, negando com a cabeça. Ela voltou a se sentar e ele deitou no colo dela. Ela fechou os olhos e acariciou o cabelo dele. O telefone tocou e Chay esticou o braço para atender.
- Está sim - ele respondeu sem muita emoção e isso me preocupou. Ele podia estar quebrado, mas ia continuar falando alegremente. Algo de muito sério tinha acontecido e eu me mordia para saber.Arthur se sentou, puxando
 Lua para se sentar no colo dele. Ela obedeceu e apoiou a cabeça no ombro dele. Ele firmou os braços em volta dela e chorou de novo em seu peito. A blusa dela começou a ficar molhada e eu podia ver do outro lado do sofá o sutiã dela. Ela me olhou e concordou, lendo meus pensamentos.
- Você me leva lá? - ele perguntou baixo, ainda com a cabeça enterrada nela.
- Levo - ela se levantou e olhou para
 Chay. O mesmo concordou e mexeu nos bolsos.
- Eu vou ligando o carro - fui atrás de
 Chay, a fim de deixar os dois sozinhos.
- Vou pegar um casaco para você -
 Arthur subiu as escadas sem ânimo e voltou logo depois com um casaco azul - É seu. Ficou aqui, semana passada. Está limpo - ele fechou a porta e entrou atrás do carro de Chay com ela. Ela riu baixo.
- Eu sabia que estava aqui - todos ficamos em silêncio e olhei pelo retrovisor:
 Lua olhando a chuva fina cair, com Arthur encostado a ela e os olhos fechados.

Chegamos a um hospital e
 Lua correu para abraçar Kátia que voltou a chorar. Arthur prendeu o choro e Chay passou um braço pelo ombro dele, dando apoio. Eles se olharam e voltaram a olhar para frente. A irmã mais nova de Arthur dormia deitada em um sofá e o rosto dela estava inchado e vermelho. O narizinho dela parecia o do Rudolf, a rena do Papai Noel, daquele filme de criança (que por sinal eu adoro). Arthur abraçou a mãe e, pela primeira vez na vida, meu estômago embrulhou. Achei aquilo tão fofo que comecei a chorar baixinho. Chay passou um braço por minha cintura e me levou para fora dali, para uma cantina.
- O pai dele sofreu um acidente - olhou para o lado e voltou a me olhar sério - Não resistiu - Senti vontade de gritar, vomitar e chorar. Fiz apenas a última coisa.
 Chay era muito forte. Não chorou em momento algum. Só foi para o meu lado e me abraçou forte - Não diga nada, nem para ajudá-lo - concordei. Só uma pessoa podia fazer isso e surtir algum efeito nele e essa pessoa não era eu. 
Lua se sentou ao meu lado e empurrei o café que eu tinha tomado apenas um gole para ela. Ela sorriu fraco e bebeu, voltando a me olhar.
- Ele vai ficar bem - não sei por que, mas eu acreditava nela -
 Chay, tudo bem se você nos levar para casa daqui a pouco? Não quero que ele fique aqui.
- Sem problemas - ele piscou e ela bagunçou o cabelo dele, dando uma leve risada.

6 comentários: