1 de abr. de 2013

June 15



Capítulo 25.



(COLOCAR PARA CARREGAR – http://www.youtube.com/watch?v=NAuTK6QIhWw) 

Certifiquei-me de que
 Mel havia saído e chamei um táxi. Eu precisava resolver as coisas de uma vez. Tinha que vê-lo pela última vez. A raiva e o orgulho não conseguiam ser maiores do que a falta que ele estava fazendo. Eu não queria saber se seria um momento constrangedor, se eu me passaria por fraca ou se simplesmente não aconteceria nada além de ficarmos um olhando para a cara do outro e ele pensando por que raios eu tinha ido até lá. Entrei no táxi e encostei a cabeça no vidro, vendo o percurso que fazíamos. Era exatamente o mesmo que fiz com Thur no dia em que o conheci. Infelizmente, dessa vez, eu sabia exatamente quem ele era e como tudo estava. Paguei e desci do carro sentindo as pernas vacilarem. Olhei para o grande hotel do outro lado da rua e senti meu coração quase gritar e sair correndo do meu peito. Respirei fundo e sabia exatamente o que fazer, era só colocar em prática. Fui até a recepção e rezei mentalmente para que Thur quisesse me atender. A moça ligou para o seu quarto e ele autorizou. Sim, autorizou, e isso me deixou ainda mais ansiosa. Entrei no elevador e pressionei o bom e velho botão “5”. Lembrei da primeira vez que fui naquele lugar, em que Thur riu abafado quando um casal de velhinhos pegou o mesmo elevador, a diferença é que era o de serviço. Lembrei também da primeira vez que pegou em minha mão. Parecia fazer tanto tempo, como se tivesse sido há anos. 

A porta se abriu e eu encarei aquele corredor. As minhas pernas me levaram até a porta do quarto de
 Thur involuntariamente. Dei duas batidas leves e achei que teria um ataque cardíaco antes mesmo de abri-la. O elevador de serviço teve sua porta aberta e um casal saiu, me cumprimentando educadamente. Eu queria mesmo estar expressando a mesma simpatia, mas a demora de Thur para abrir a porta estava me matando. Bati novamente e, como em um impulso, ele apareceu, me assustando. Estava apenas de boxers, agora com desenhos dos Simpsons, sorri internamente. Seu cabelo estava bagunçado, porém molhado. Devia ter acabado de sair do banho. Ele tinha um olhar confuso e acredito que eu tinha um olhar de desespero. Definitivamente tinha que fazer o que estava com vontade. Eu tinha que guardar aquilo em minha mente. Joguei-me em seus braços e deitei a cabeça em seu ombro. Thur mal tocou em mim, acho que não entendeu nada. Tentei controlar, mas comecei a chorar. Sabia o quanto ele faria falta. Foi aí que senti seus dedos passearem pelos meus cabelos e seu outro braço me envolver. 

- Vamos entrar,
 Lu. – disse, se desvencilhando e eu me senti uma idiota por estar chorando. Limpei as lágrimas, mas não adiantou muito porque suas substitutas já apareciam. Ele fechou a porta do quarto. – Senta. – apontou para a beira da cama e eu o fiz. Sentou-se ao meu lado e me olhou, confuso. – O que foi? – passou as costas de seus dedos em meu rosto. Senti as mãos gelarem quando seu rosto foi se aproximando do meu. Nossos lábios se tocaram como um choque. Abracei Thur pelo pescoço e o puxei para mais perto. As nossas línguas se encontraram com pressa, ele me abraçou pela cintura com força. Novamente, tive aquela sensação falsa de paz, que foi se instalando e me fazendo perder a vontade de chorar e achar que tudo estava bem de novo. Fomos deitando lentamente, Thur me beijava com ternura e ficava por cima de mim. – Não chora mais. – sussurrou e depois me deu um selinho rápido, fazendo carinho em minha testa e me olhando nos olhos, depois enxugou algumas lágrimas que tinham sobrado em meu rosto. O abracei novamente e permanecemos por alguns instantes daquela maneira: em silêncio, prestando atenção em nossas respirações e no calor de nossos corpos. Iniciamos outro beijo e nossos lábios se pressionavam com intensidade. Eu sabia que devia aproveitar cada segundo ali, com ele. Me fez bem perceber que correspondeu ao meu toque e até me beijou primeiro. Infelizmente, tudo o que é bom dura pouco. A vida novamente bateu em minha cabeça e me fez lembrar o que eu tinha que fazer. Empurrei Thur e sentei. Ele ficou confuso e se sentou. Levantei da cama e desamassei a minha blusa, depois os cabelos. Seus olhos suplicavam por uma explicação. 
- Eu... Eu... Eu tenho que ir. – falei, querendo realmente dizer o contrário e dei as costas.
 
-
 Lua, o que tá acontecendo? – ouvi Thur perguntar e me puxar pelo braço. Virei-me para ele, mas evitei encarar seus olhos. 
- Nada, eu só tenho que ir. – respondi tirando sua mão do meu braço e abrindo a porta.
 
- Você volta? – perguntou em um tom preocupado.
 
- Não. – balancei a cabeça negativamente. – Eu vim aqui me despedir. – comuniquei de uma vez e ele me olhou assustado.
 
- Pra onde você vai? –
 Thur realmente esperava uma resposta. 
- Não importa. – respondi ríspida.
 
- Eu posso fazer alguma coisa pra mudar isso? –
 Thur usou um tom insistente e eu não acreditei que ele estava fazendo aquilo. Seria tão fácil se ele apenas ignorasse e me mandasse ir para o inferno. Já sentia as lágrimas se acumularem em meus olhos e respirei fundo, depois balancei a cabeça, negando e baixei o olhar. Olhar em seus olhos era cada vez mais difícil. No fundo, eu sabia que uma coisa podia me fazer ficar. Não custava nada tentar. 
- O que você faria para que eu ficasse? – perguntei voltando a encará-lo. – O que você diria?
 
- Eu... – começou e abaixou a cabeça. Continuei olhando-o, esperando ansiosa para ouvir a forma que concluiria sua frase. – Não saberia o que dizer. – concluiu e em seguida bufou, balançando a cabeça e coçando a testa.
 
- Eu já esperava por essa resposta. – falei sincera e ele bateu na parede.
 
- Droga,
 Lua. Eu não entendo o porquê disso tudo! 
- Não precisa entender.
 
- Desculpa, te peço quantas desculpas você quiser! Eu agi como um idiota, mas agora já está feito. – disse nervoso e eu acho que se referia ao que aconteceu no Brasil e o que ocorreu na manhã anterior.
 
- Não,
 Thur, não precisa. Você sabe o que faz. Já te falei isso uma vez. Eu simplesmente tenho que ir. – respirei fundo e várias lágrimas já escorriam. Seu olhar era preocupado, receoso. – Não se preocupe, você vai ficar bem. Você não precisa de mim, acredite, tudo vai ficar bem. – falei e dei um beijo demorado em seu rosto. Thur tentou dizer alguma coisa, mas se sentia inseguro por não entender o que estava havendo. Olhamo-nos pela última vez e dei as costas, pressionando o botão do elevador. Eu sabia que não seria como em comédias românticas, ele não viria atrás de mim e se declararia, dizendo tudo o que eu sempre quis ouvir. A vida não é um conto de fadas. 

Não sei como consegui deixar aquele prédio, chamei um táxi e chorei o percurso inteiro. Entrei em casa e rapidamente peguei um papel e uma caneta. Tinha que me despedir de
 Mel. Não pude fazer isso mais cedo pessoalmente, pois ela não me deixaria fazer o que planejava, eu tinha certeza. Ver Thur confuso e atordoado com o que falei quase me fez desistir, ver Melanie chorando seria mil vezes pior. 

“Mel, 
Eu queria, honestamente, me despedir de você de uma maneira normal e corajosa. Porém, descobri que sou covarde demais para te encarar e agir fracamente em sua frente. Sei que você esperava exatamente o contrário de mim e não uma fuga repentina. Eu tentei, juro que tentei, mas não consegui uma maneira melhor para encarar tudo o que está acontecendo comigo. Preciso de um tempo longe daqui, longe de tudo o que me cercou nesses últimos meses. Por enquanto, não posso te dizer pra onde vou e faço isso com o coração na mão, porque realmente queria você perto de mim. Por outro lado, acho que isso é preciso, eu tenho que sumir por uns tempos. Tentar colocar a cabeça no lugar e talvez consertar alguns erros do passado. Eu amo você de todo o meu coração e sou eternamente grata por tudo o que você já fez por mim. Sei que se não fosse você, não estaria aqui hoje. Se não fosse você para segurar as pontas, certamente eu já teria cometido suicídio. Consigo até ouvir você me xingando ao ler isso. E acredite, pela primeira vez alguém sentirá falta de ser xingada de tudo o que não presta. Se cuida, loira, vou me virar do jeito que posso e prometo dar sinal de vida quando as coisas estiverem melhores. Não tenta me achar, prometo que apareço.
 

Não tenho nenhum direito de pedir isso, mas, por favor, não conta nada para o
 Thur. Te peço por toda a amizade que temos, não quero que ele saiba que é pai do filho que eu estou esperando. Diz para os meninos (Chay, Mica e Harry) que os amo muito também, que queria ter dito um ‘adeus’ pessoalmente, mas não pude, nem tive tempo. Boa sorte com os seus dois homens, espero que você opte por um e que não cause o fim de uma bela amizade. Haha

Te amo incondicionalmente e obrigada por tudo. Um dia, quando você menos esperar, estarei aqui para batizar o serzinho que cresce em minha barriga e quero você ao meu lado, sendo madrinha, assim como sempre combinamos em nossas conversas de madrugada.Até mais.
 

Beijos,
 Lu.” 


Leopold me olhou preocupado, então apenas confirmei levemente com a cabeça e dei a minha mochila para que ele guardasse. Abri a porta do caminhão e olhei em volta, eu estava realmente deixando tudo aquilo para trás. Olhei para o nosso prédio pela última vez e entrei no veículo. Bati a porta ainda olhando fixamente para a entrada. Lembrei exatamente do dia em que
 Mel e eu alugamos o nosso apartamento, a nossa felicidade ao vê-lo todo mobiliado, as inúmeras vezes que enchemos a cara, só as duas e ficávamos fazendo zoada na janela, assustando todos que passavam na rua. As diversas vezes que a abracei quando chorava com o coração partido, as vezes que tive de consolá-la. Levei um susto e saí do pequeno transe com Leopold batendo a porta com força e ligando o caminhão. Fui olhando todo o caminho que fazíamos, era muito estranha aquela sensação de estar deixando tudo para trás. 

- Você tem certeza de que é isso o que quer fazer? – Leopold perguntou depois de um longo tempo em silêncio.
 
- Às vezes um raio pode cair no mesmo lugar duas vezes. – respondi simplesmente e encostei a cabeça na janela. Senti o coração ficar apertado, lembrei de tudo o que me fez fugir de Bolton. Agora estava sendo praticamente pelo mesmo motivo, mas comigo adulta e ciente dos meus atos.
 
Ao passar pela calçada em que trabalhava, lembrei do dia em que vi
 Thur sentado exatamente no lugar onde eu ficava esperando algum carro parar, não acreditando que ele tinha voltado depois de ter recebido spray de pimenta nos olhos, me levando ainda para ver um filme. Um filme em um cinema aberto. Um dos filmes mais lindos que já assisti. 

- Não é certo. — falei em um tom que, se não estivéssemos em silêncio, ele certamente não teria ouvido. 
- Cansei de procurar o que é certo. — abri os olhos lentamente e notei que estávamos a apenas um centímetro de distância, ele ainda acariciava o meu rosto, mas agora com a outra mão segurava o meu pescoço. Seus olhos se dividiam da minha boca para os meus olhos. Eu já não sentia parte nenhuma do corpo, sentia estar flutuando. Senti seu nariz encostar-se ao meu, massageando-o, assim como naquele sonho que tive.
 

Voltei a fechar os olhos. A mão que acariciava o meu rosto agora se dirigia para a minha nuca. Eu, que apenas usava as mãos para me apoiar no banco do carro, levei-as a sua nuca, acariciando seus cabelos. Nossos narizes brincavam e eu sentia a sua respiração bater novamente em meus lábios. Tinha medo de abrir os olhos e estar sonhando, então os mantive fechados. Como um choque, senti os lábios de
 Thur tocarem os meus com leveza e esse toque começou a se intensificar. Meu coração já nem devia bater mais de tão acelerado que devia estar. Ele pressionou, como se pedisse passagem para nos beijarmos. E eu o fiz, finalmente. Abri suavemente a boca e senti a sua língua encontrar a minha. Elas iam de um lado para o outro com muito cuidado, parecendo se conhecerem há anos. Estava sendo eletrocutada por dentro, senti as tão famosas borboletas no estômago que tanto ouvi a Mel falar que sentia... Lembro de tê-la achado idiota. Mas essas borboletas realmente existem. Basta encontrar alguém que saiba a hora de despertá-las. O beijo estava mais intenso, os braços de Thur agora estavam na minha cintura e os meus em volta de seu pescoço. Ele parece saber o momento certo para tudo. A nossa sintonia era inexplicável. No som, alguma canção que nem prestamos atenção terminava de tocar. E a que começava... Ah, a que começava. Paramos de nos beijar como que num impulso e começamos a rir. Pareciam aquelas cenas clichês de filme. Era “I Wanna Hold Your Hand”. Thur aumentou o volume e me olhou, sorrindo. O sorriso mais lindo que já o vi mostrar. Sorri para ele também, não com um sorriso tão lindo quanto o seu, já que creio ser impossível. 


(Coloque a canção para tocar) 

Doía saber que tudo aquilo ia ficar no passado, que talvez nunca mais teria a chance de sentir por alguém o que sentia com
 Thur. Querendo ou não, o motivo real para manter a ideia de sumir foi não ouvir dele o que precisava e esperava. Eu sabia que não seria fácil ter uma conversa honesta com ele e, no entanto, me sentia ainda mais covarde por nem ter tentado. Agora já é tarde demais, é olhar apenas para frente. 

“I've been the needle and the thread
(Eu tenho sido a agulha e a linha)
 

Weaving figure eights and circles round your head
(Tecendo figuras e círculos rodeando sua cabeça)
 

I try to laugh but cry instead
(Eu tento rir, mas, ao invés disso, choro)
 

Patiently wait to hear the words you've never said
(Pacientemente espero escutar as palavras que você nunca disse)”
 

Em algum lugar de minha subconsciência eu esperava que dissesse que gostava de mim e não conseguiria me ver partir. Mas uma coisa ninguém podia arrancar de mim: as memórias. Apesar das turbulências que enfrentei, guardaria tudo aquilo com carinho, tudo o que tivemos. Pelo menos a parte boa. E no fim, não interessava realmente se
 Thur nem chegou a sentir por mim metade do que sinto por ele, o importante é que vivi intensamente enquanto pude. Vivi em meses o que não vivi em 20 anos. O vidro ia ficando embaçado, porque eu chorava baixinho com a cabeça encostada nele. Junto com a lembrança de Thur, me veio a lembrança de Harry, Mica e Chay. Eu definitivamente nunca iria esquecer os momentos que tivemos. É tão ruim não ter a certeza de que estaremos todos juntos um dia novamente. Quem sabe eu volte para Londres, mas Mel tenha perdido o contato com eles e tudo isso tenha ficado realmente no passado? A única coisa que eu tinha certeza ali era de que, por enquanto, tinha tomado a decisão certa. Eu precisava sair. Eu precisava de um tempo. Saíamos da cidade e eu ainda conseguia ver a London Eye, que também me lançou várias lembranças. Não só com Thur, mas também com os meus novos amigos. Sentia pontadas a cada lembrança que tinha de Mel, sua gargalhada ecoava em minha cabeça e tudo o que eu queria era vê-la antes de partir. Não podia, não conseguiria. Seu abraço e seu sorriso seriam definitivamente umas das coisas que eu mais sentiria falta, que mais me fariam pensar em voltar. Ela é tudo para mim. Mãe, pai, irmã, tia, avó. Ela é o que eu penso ser uma família. 

- E que diabos ele faz aí? Foi cantar pra ganhar um trocado extra, por acaso? — rimos. 
- Não, sua demente! A namorada dele é filha dos donos da festa e ela é sobrinha do John!
 
- Você tá brincando? @#$% que pariu! Que cínico, e como ele está agindo?
 
- Fingimos que fomos apresentados hoje, mas tá sendo difícil disfarçar. Estamos inquietos e eu te liguei pra me ajudar a resolver esse problema! — falei impaciente.
 
- O que eu posso fazer? Fingir que sou uma garçonete e derrubar bebida nele? Espera que esto indo! — tentei, mas não consegui controlar o riso. A minha amiga não é normal.
 
- Dããããã, não! Escuta, quero que você me ligue daqui cinco minutos e finja que tá passando mal!
 
- Dãããã pra você agora! O John, do jeito que se sente o meu pai, vai se oferecer pra me levar ao hospital.
 
- Dãããã pra você, de novo! Vou dizer que vou pegar um táxi, que não quero estragar a festa dele! Ele vai acreditar, escuta o que eu estou te dizendo. — falei rezando para que ela concordasse logo.
 
- Tá, tá, tá... Até que faz sentido! – amém! — Então vai logo que dando cinco minutos em ponto eu ligo!
 
- Muuuuuito obrigada, amiga. Muito mesmo! Te devo mais essa! — agradeci, comemorando sozinha na cabine.
 
- É, eu sei. Vou começar a anotar tudo o que você me deve, sua bisca. Agora anda, vai logo pra lá que eu estou louca para atuar. — rimos e nos despedimos.
 

Guardei o celular na bolsinha e abri a cabine. Olhei-me no espelho e respirei fundo. Estava tudo planejado, eu iria escapar daquela festa e deixar o
 Arthur à vontade. Então voltei para a mesa, John e Sophie conversavam empolgados, mas Thur parecia olhar em outra direção. Quando me viu chegando à mesa, olhou-me. Dos pés à cabeça e esboçou um sorriso. Ignorei e sentei. Sophie puxou algum assunto idiota sobre a grife que fez o seu vestido e eu fingi estar gostando da conversa, na verdade estava ansiosa pelo telefonema da Mel. Nunca cinco minutos passaram tão devagar. Até que finalmente senti o celular vibrar. Atendi praticamente vibrando junto com ele. 

- Alô?
 
- Uhul, é agora!
 
-
 Mel? O que você tem, amiga? 
- Oh Deus, adoro isso! Tenho vontade de te tirar dessa festa chata. — ela gargalhou.
 
- Calma, fica calma, por favor. Enquanto você ficar agitada assim só vai piorar. — falei tentando parecer preocupada, mas conter o riso era quase impossível.
 
- Anda Julia Roberts, quero mais DRAMA!
 
- Não, não posso sair daqui,
 Mel, você sabe... Estou fazendo companhia para o John. — todos na mesa estavam me olhando preocupados. 
- Manda ele se @#$%& junto com a sobrinha dele e esse cantorzinho de McFly imbecil! — quase começo a rir, mas levei uma das mãos à boca, tentando controlar.
 
- Ai meu Deus, estou indo, não consigo te ouvir assim e não te ver. Aguenta que estou chegando. Tchau.
 
- E o Oscar vai para... Tchau! — ela desligou e eu também.
 

(...)

Subi as escadas apressada e bati na porta.
 Mel me recebeu já rindo e eu a abracei. Rimos juntas por um tempinho, ali, paradas na entrada do apartamento. Entramos e me joguei no sofá, tirando a sandália e apoiando os pés na mesinha de centro. Mel sentou na poltrona. 

- Obrigada, amiga, muito obrigada. Acho que nunca me diverti tanto! – falei ainda rindo e fechando os olhos com a cabeça apoiada no sofá.
 
- E eu? O que você achou da minha performance?
 
- Ai sua imbecil! Você quase me faz gargalhar na frente deles e estragar tudo. Mas valeu a pena, ri demais dentro do táxi... Quando desci, ele desejou até que eu continuasse sempre assim... Feliz! — agora era
 Melanie quem ria descontroladamente. 

Fomos para o meu quarto e eu tirei toda a maquiagem, em seguida vesti uma camisola de seda. Deitamos em minha cama e a
 Mel me fez contar tudo, pra variar. Quando contei da parte do banheiro, ela disse que eu deveria ter feito igual naqueles filmes e revelar tudo... Assim a Sophie iria até o Thur e jogava o sapato na cabeça dele, como ela fez com Ryan. Também me disse que conhece Sophie, já foi em algum jantar oferecido pelos pais dela. “Ela é uma vagabunda”, disse-me inconformada. Não acreditei tanto assim, acho que ela disse para me conformar, alegrar-me. Sophie é completamente doce e delicada. Como seria uma vagabunda? Acho que eu chego mais perto disso, e não aquela moça tão elegante e educada, louca para casar com o namorado. Não pensem que ela também não xingou Thur. Chamou-o de todos os adjetivos necessários, os ruins, claro. Mas eu pedi que deixasse pra lá, o Thur não é meu, por mais que às vezes eu desejasse isso de forma assustadora. 

- Dorme aqui comigo? — perguntei virada para a janela,
 Mel encarava o teto. 
- Durmo. — respondeu simplesmente.
 
- Obrigada.— fechei os olhos.
 
-
 Lu? 
- Oi?
 
- Você se importa se eu colocar música? Só durmo com música. — falou com uma voz pidona.
 

O gênio forte e egocêntrico de Mica; personalidade mais estranha do mundo de Chay e o jeito sério, porém sarcástico de Harry me marcaram decisivamente. Era impossível não reconhecer que eles foram algumas das únicas pessoas que eu tinha medo de perder. Eu simplesmente amo aqueles garotos. E não sei o que farei para suportar tanto tempo sem vê-los se engalfinhando e me fazendo rir feito louca. 

- Você viu quem eu trouxe? – Mel disse e Harry levantou a cabeça lentamente e olhando para o lado. A expressão que ele fez valeu o meu dia. Eu não sabia que eles sentiriam tanto a minha falta. 
- MEU DEUS! EU TÔ VENDO DIREITO? – esfregou os olhos e eu balancei a cabeça, sorrindo. Então ele se aproximou e me deu um abraço. Não um simples abraço. Era tão apertado que parecia me sufocar, mas eu poderia ficar sufocada ali, não tinha problema. Foi tão sincero que eu apenas o abracei com a mesma intensidade, claro que não com a mesma força, devido ao pequeno detalhe de ele ser homem. – Rachel, eu senti tanto a sua falta! Os meninos também! – falou se distanciando e me dando vários beijos estalados na bochecha.
 
Ele fez carinho na minha nuca e apoiou o queixo na minha cabeça. Eu estava apreensiva para aquele reencontro com
 Thur e tudo mais, mas Harry foi tão carinhoso, tão lindo com aquela recepção que eu me sentia preparada para qualquer coisa. 
Mal olhei para frente e
 Mica e Chay me abraçaram, se não tivesse uma parede atrás de mim, acho que fariam montinho, porque eu não tinha forças para aguentá-los. A recepção deles foi tão calorosa quanto a de Harry, e eu parei para me perguntar como tinha aguentado tanto tempo longe daqueles bobos lindos. O abraço de Mica foi mais apertado, porque Chay eu via sempre que ia em nosso apartamento ficar com Mel. 
- @#$%! Rachel! Eu nunca pensei que eu ia dizer isso pra alguém, mas você fez uma falta danada! –
 Mica disse ainda me abraçando e eu passei a mão em sua nuca. 

(...)

- Quem é? – perguntei procurando com o olhar e
 Chay apareceu no quarto. Escondi o rosto com as mãos. – Vai lá pra fora, vou lavar o rosto e depois te chamo. – falei levantando e correndo para o banheiro. (...)
- Posso entrar? – perguntou com um sorriso maroto no rosto e eu assenti.
 
- Senta aqui. – dei dois tapinhas na cama e ele sentou ao meu lado.
 
- Como você tá?
 
- Ruim, né? – disse dando de ombros e em tom desanimado. Ele passou um dos braços ao redor do meu pescoço. – E envergonhada. – baixei a cabeça.
 
- Não se cobra tanto. Assim é pior ainda. – falou sincero e eu levantei a cabeça, olhando-o e vendo um olhar misericordioso.
 
- Dói tanto. – mal falei e
 Chay me abraçou apertado, dando um beijo no topo da minha cabeça. 
- Eu só quero te dizer que nada mudou. A não ser o fato de você ser
 Lua e eu ter absolutamente amado o seu nome. – brincou e eu ri, enxugando algumas lágrimas teimosas que insistiam em cair. (...)
-
 Chay... – o chamei e ele ficou sério. – Como o Harry e o Mica estão em relação a mim? 
- Pode ficar tranquila, como já te disse, não mudou nada. Nós te amamos do mesmo jeito, ou até mais. – disse me dando um beijo estalado na bochecha e me abraçando novamente.
 

Abracei os meus joelhos e escondi o rosto. Estava impossível conter os fortes soluços. Eu amava o que estava deixando para trás. Deixei a maior parte do meu coração em Londres. Senti a mão de Leopold acariciar a minha nuca e levantei a cabeça, sorrindo fraco e enxugando algumas lágrimas. Ele me disse que tudo ficaria bem, que logo, logo eu estaria com um sorriso no rosto e um filho nos braços, veria tudo de uma forma melhor. Acomodei-me no banco e começava a chover. Enquanto contava cada gota que batia na janela, fui sentindo as pálpebras pesarem. Eu tinha noção de que aquele seria o sono menos tranquilo que já havia tido. 

Acordei bruscamente e Leopold me disse que já estávamos em Bolton. Tentei ajeitar os cabelos e abrir mais os olhos. Olhei para o lado e vi que estávamos em um posto de gasolina. Desci para esticar as pernas e olhei em volta. Foi uma sensação incomum. Era extremamente estranho estar em Bolton novamente e ver o quanto aquela cidade havia mudado em quatro anos. Leopold conversava com um frentista e vez ou outra o pegava olhando para onde eu estava, acho que para garantir que desta vez eu não fugiria. Apontei para a loja de conveniência, avisando que iria até lá e ele assentiu. Comprei iogurte e voltei para perto do caminhão. Pelo que pude perceber, estava de manhã, ainda. Leopold veio até mim e disse que já estava pronto. Entrei no caminhão e ele perguntou para onde eu iria. Peguei um papel amassado no bolso e confirmei o que já lembrava. Dei as coordenadas e observei o caminho com cautela. Parecia ser outra cidade. Não lembrava nem de longe aquela Bolton que deixei aos 16 anos. Olhava atenta para as pessoas que passavam na rua, tentava encontrar algum rosto conhecido, mesmo sabendo que isso seria praticamente impossível.
 

Senti as pernas fraquejarem ao entrar naquela rua. O caminhão parou e eu respirei fundo antes de descer. Sabia que não seria fácil. Era uma mistura infinita de sensações. Sentia agonia, ansiedade, medo, curiosidade. Leopold me entregou a minha mochila e me deu um abraço apertado, disse que estaria disposto a me ajudar no que precisasse, bastava ligar em seu celular. Agradeci muito tudo o que estava fazendo e disse que manteria contato. Desejou-me sorte e eu vi que realmente precisaria. Assisti seu caminhão sumir de vista e me virei para o lado da rua que mais me assustava. Olhei para a casa de meus pais e percebi que ela estava praticamente da mesma forma, a diferença é que as paredes estavam descascando, era óbvio que precisava de uma pintura urgente. Também notei que a grama do jardim estava um pouco alta demais. No fundo eu imaginava que estaria dessa forma, pois quando morava ali a única pessoa que se importava em apará-la era eu. Coloquei a mochila nas costas e caminhei lentamente, sentindo como se as minhas pernas estivessem grudadas no asfalto. Por que o passado consegue ser mais assustador do que o futuro? Minha mão foi quase contra a vontade até a porta. Bati de leve e me senti exatamente da maneira como me senti quando me despedi de
 Thur no dia anterior, antes dele abrir a porta do quarto. Bati novamente e não ouvi nenhum movimento. Virei-me e voltei a encarar a rua, tomando ar para criar coragem e bater de novo. 

Ouvi a porta se abrir. Virei-me bruscamente e dei de cara com aquela pessoa que eu devo chamar de ‘mãe’. Ela estava abatida, com grandes olheiras e pareceu me reconhecer de primeira. Olhou-me da cabeça aos pés e eu senti todas as partes do corpo tremerem. Como era grotesco estar ali novamente.
 

- Por que você voltou? – perguntou em um tom indignado e tragou o seu cigarro. Soltei uma risada abafada, era incrível, mas eu não esperava uma recepção diferente. Tudo estava como eu acreditava que estaria.
 
- É bom te ver também, mamãe. – falei em um tom sarcástico e agora quem sorriu foi ela, balançando a cabeça negativamente e coçando a testa. Parecia estar mais desconsertada do que eu.
 
- Quem está aí, Ellen? – ouvi a voz de meu pai vindo do fundo da casa e o procurei com o olhar.
 
- Ninguém, Paul. – respondeu simplesmente, me olhou uma última vez com os olhos cerrados e bateu a porta. Era óbvio que seria assim. Agradeci-me mentalmente por não estar decepcionada e por não esperar um abraço caloroso e uma festinha de boas-vindas. Saí dali e caminhei para o lado da casa, para o quintal vizinho.
 

A casa dos Former.
 

Aquela sim havia mudado bastante. Agora tinha duas árvores na frente e um balanço na varanda, com alguns vasos de planta na janela frontal. Sorri ao ver o quanto tudo estava bem cuidado. Era até irônico, era como se por eles serem pessoas boas tudo estivesse incrivelmente mais bonito do que na casa ao lado. Toquei a campainha e senti um frio constante na barriga.
 

- OH MEU DEUS! EDWARD, VENHA AQUI! – dona Mary gritou, levando as mãos à boca ao me ver, quando olhou da janela para ver quem havia tocado a campainha. Sorri abertamente para ela e então a porta foi aberta. O senhor Edward me recebeu de braços abertos. Ele sim era um pai para mim. Abracei-o muito apertado e abri os olhos, vi dona Mary limpando algumas lágrimas e percebi que eu estava exatamente como ela: lacrimejando de tanta emoção. Desvencilhamo-nos e corri para abraçá-la. – Querida, como eu senti a sua falta. Deus, olhe para você! – disse se distanciando e colocando as mãos em meu rosto. – Como está linda. – me abraçou novamente.
 
- Eu nem acredito que estou com vocês de novo! – falei, me desvencilhando e recebendo um beijo no topo de minha cabeça, dado pelo senhor Edward.
 

Dona Mary pediu que entregasse a minha mochila para ela e levou-a para um quarto. Segui-a e ela disse que eu ficaria ali. Olhei e percebi que aquele era o quarto onde Carol dormia. Assim que decidi voltar para Bolton, testei ligar para o número que tinha gravado em minha mente, que seria da casa deles na época em que saí de lá. Falei com o senhor Edward e agradeci aos céus por ainda ser aquele o seu telefone. Avisei que estava indo e eles comemoraram, dizendo que exigiam que ficasse lá. Não tive muito tempo para perguntar por Carol, faria isso quando chegasse. Olhando para o quarto completamente sem decorações, apenas com uma cama de solteiro e uma cômoda, pude perceber que ela não vivia mais lá.
 

- Dona Mary, onde a Carol está? – perguntei sentando na cama, enquanto ela mexia em algumas gavetas da cômoda, checando se estavam limpas para que eu colocasse as minhas roupas.
 
- Ah, meu bem, ela está formada. Você sabe como é, criamos os filhos para o mundo. Assim que começou a ganhar melhor, alugou um apartamento e foi morar sozinha. – respondeu em um tom desanimado e eu imaginei o quanto aquilo tinha sido difícil para ela, pois Carol e dona Mary tinham um ótimo relacionamento, eram unha e carne.
 
- Fica perto daqui?
 
- Sim, e será surpresa. Edward e eu não avisamos que você chegaria. Convidamos Carol para jantar aqui hoje. – agora seu tom de voz estava bem mais feliz e eu sorri.
 
- Ai, acho que nós duas teremos ataques cardíacos! Quando vi vocês achei que teria um troço. – falei sincera e ela riu baixo, sentando ao meu lado.
 
- Ela sempre fala de você. Sempre diz que não se conforma por não saber onde você estava.
 
- Nossa, eu também sempre me lembrava dela. De vocês. Na verdade, eram as únicas lembranças que fiz questão de guardar daqui. – baixei a cabeça e a senti fazer cafuné.
 
- Nós nunca esquecemos você, minha querida. E eu sempre soube que iríamos nos rever. – me abraçou e eu senti como se tudo fosse melhorar dali para frente. – Você se importa se eu perguntar sobre seus pais? – perguntou ao nos separarmos e eu neguei. – Quando pretende falar com eles?
 
- Eu fui lá antes de vir aqui. – comecei e ela arregalou os olhos. – A minha mãe abriu a porta e agiu exatamente como eu pensei que agiria.
 

Contei como havia sido para dona Mary, ela tentou me consolar, dizendo que as coisas melhorariam com o passar dos dias. Perguntei se eles haviam conversado com os meus pais nesses últimos tempos e ela disse que pouquíssimas vezes, mas que meu pai havia se curado de seu vício e havia perguntado uma vez para o senhor Edward se eles ou Carol tinham tido notícias minhas, o que me deixou surpresa. Ela também perguntou um tanto quanto desajeitada como estava o meu filho e por que não o havia levado comigo. Respondi cabisbaixa que não cheguei a tê-lo e dona Mary ficou constrangida, me pedindo mil desculpas e dizendo que Carol a mataria se soubesse que ela tinha me feito perguntas a respeito disso. Eu disse que não importava, que ela tinha todo o direito de querer saber e que não pedi segredo. Contei como estava a minha vida em Londres, para ela e para o senhor Edward, quando a ajudava na cozinha com o almoço. Eles disseram que queriam conhecerMelanie e que ela era um anjo colocado em meu caminho. Evitei falar no que trabalhava, queria poupá-los desse choque, assim como o fato de estar grávida novamente. Eu já estava claramente à vontade. Almoçamos conversando muito e depois tomei banho e fui para o quarto descansar. Dormi realmente mal durante a viagem e me sentia como se o caminhão tivesse passado por cima de mim.
 

Já estava pronta e ajudei dona Mary com alguns pratos para o jantar. Esperava por Carol ansiosa. O senhor Edward foi correndo na cozinha avisar que ela estava chegando. Dona Mary disse que iria para a sala de jantar com o senhor Edward e ficariam conversando com Carol, então eu viria e serviria o prato principal, fazendo a surpresa. Adorei a idéia e suei frio de tanto nervoso. Ouvi a voz de Carol vindo da sala e meu coração bateu acelerado. Cheguei a achar por muito tempo que talvez nunca teria a chance de falar com ela de novo. Senhor Edward fez o sinal que havíamos combinado e eu peguei a travessa de lasanha, indo até a sala de jantar. Quando me viu, Carol deu um grito e se levantou em um impulso. Coloquei a lasanha na mesa e corri em seu encontro. Eu também gritei de felicidade ao vê-la e foi impossível controlar a emoção. Notei que ela também chorava enquanto nos abraçávamos.
 

-
 Lua, eu me sinto a pessoa mais feliz do mundo em te ter de volta! – falou sincera, com a voz trêmula devido à emoção, me apertando ainda mais. 
- Senti tanto a sua falta, amiga. Tanto. – falei me afastando e a olhando. – Você tá muito linda! – a abracei novamente.
 
- Olha quem fala! – agora ela que me olhou. – Um mulherão! – brincou e nós rimos.
 

Soltamo-nos para jantar e aquele foi um jantar realmente animado. Colocamos todas as fofocas em dia e não falamos de nenhum assunto desagradável. Carol contou tudo sobre a sua nova vida e eu sobre a minha, claro que ausentando alguns detalhes, como a minha profissão. Contaria para ela depois, quando estivéssemos a sós. Ela também ficou profundamente feliz em saber que encontreiMelanie. Confessou que já chegou a pensar que eu havia morrido e eu ri, dizendo que ela teria que me aguentar por muito tempo. Quando terminamos de jantar, Carol disse que iria em seu apartamento buscar suas roupas para dormir na casa dos pais, para que continuássemos conversando. Aprontei-me para deitar e fiquei esperando-a. Dei boa noite para seus pais e fui para o quarto. Carol logo chegou e arrumou um colchão no chão ao lado da cama em que eu estava deitada.
 

-
 Lu, você tá ouvindo isso? – perguntou procurando algo. 
- Ih, acho que é meu celular. – falei levantando da cama e correndo. Abri a bolsa que estava em cima da cômoda e o tirei ainda vibrando de lá. “Você recebeu 15 mensagens”. Deveria ser
 Mel. Ela deveria estar louca. Senti o coração ficar do tamanho de um grão de areia ao ver que 14, das 15 mensagens, eram avisando que seu número tinha me ligado. Mas a 15ª mensagem era de texto. E foi esta que me deixou como uma estátua. 

“I never meant the things I said
To make you cry. Can I say I'm sorry?
 
It's hard to forget and yes I regret all these mistakes

I don't know why you're leaving me
But I know you must have your reasons
There's tears in your eyes, I watch as you cry
But it's getting late.
 

(Nunca quis dizer as coisas que eu disse
Para fazer você chorar. Posso dizer que sinto muito?
 
É difícil esquecer e sim, eu me arrependo de todos esses erros

Eu não sei por que você está me deixando
Mas eu sei que você deve ter suas razões
Há lágrimas em seus olhos, eu assisto enquanto você chora
Mas está ficando tarde)
 

Honestly, Thur. (Honestamente, Thur)  

-
 Lu? O que foi? – Carol perguntou preocupada, ficando ao meu lado e eu entreguei o celular em sua mão, para que ela mesma visse. – É seu namorado? Ex? 
- Nem um e nem outro. – respondi desnorteada e li a mensagem de novo.
 

Depois de algum tempo voltamos para a cama e contei tudo para Carol. Desde como eu ganhava a vida em Londres até a história com
 Thur. Ela ouviu tudo atenta e quase infartou quando falei que ele era o Thur do McFly. Disse-me mil vezes que só podia estar brincando. Ficou maluca quando falei que fui com eles ao Brasil e eu fiquei muito surpresa com o fato de ela não ter me visto nos tablóides e nos programas de fofoca. Sua reação não foi ruim como esperava quanto ao fato de eu ser prostituta. Ela apenas ficou inconformada de saber que não pôde estar presente em minha vida por tanto tempo. Pedi mais desculpas por ter sumido daquela forma, mas ela disse que compreendia perfeitamente bem, apesar de nunca ter deixado de se perguntar onde eu estava. Também ficou bastante triste quando contei que tinha perdido o bebê que esperava aos cinco meses de gravidez. A história do meu primeiro programa a deixou apavorada e eu ainda sinto calafrios ao contar. Fiquei receosa em contar que estava grávida novamente. Ela acharia que sou muito burra para cometer o mesmo erro mais uma vez. Senti que seria preciso quando Carol começou a me questionar o porquê de ter fugido de Londres. 

- O exato motivo pelo qual saí daqui. – respondi sem encará-la. Carol entendeu de primeira e a ouvi respirar fundo, como
 Thur fez quando contei que já havia engravidado uma vez. 
- É do
 Thur? – perguntou simplesmente, me olhando e eu assenti. – Você tem que contar pra ele! 
- Não, não vou fazer isso. Como te contei, o nosso relacionamento nunca foi uma coisa estável. Nem posso chamar de relacionamento.
 
- Mas o que importa? Ele é tão responsável por esse filho quanto você. – se não tivesse olhando para Carol falando aquilo, juraria que era
 Mel. 
- E você acha que ele acreditaria em mim? – perguntei e ela ficou pensativa.
 
- Você o ama? – perguntou de uma vez e eu engoli seco.
 
- Amar não, isso é muito forte. – desconversei.
 
- É apaixonada por ele? – insistiu.
 
- Talvez. – dei de ombros e ela deu um gritinho, dando um tapa na própria boca por ter achado que acordaria os pais, rimos.
 

Quando percebemos, já passava das quatro da manhã. Carol tinha que trabalhar às oito. Forçamo-nos a dormir, apesar de nos pegarmos conversando novamente várias vezes. Parecia que esses quatro anos distantes não tinha feito a mínima diferença. Ainda parecíamos aquelas duas amigas adolescentes que ficavam jogando conversa fora a noite toda. Tudo aquilo estava me fazendo tão bem que eu me senti mais leve ao finalmente fechar os olhos.


AGORA SÓ DEPOIS DE AMANHÃ GENTE

16 comentários:

  1. ela vai voltar pra Londres ou o thur vai vir atras dela aaaaaaaaaaaaaaaaaah perfeita

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    1. faço a msm pergunta, eu ia amar se ele fosse atrás dela...
      Nossa perfeito chorei muito

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  2. Talita sokorro vc vai me mataaaaaaaar só dps de amanhã eu não vou aguentar :'( talitinha do meu ♥ eu vou chorar amanhã o dia todooo ~dramaa básico~ eu querooo june 15 ahhhhhh


    (http://nandawebsluarcmf.blogspot.com.br/)

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  3. parabens talita e demais a web as melhores ahhhhhhhhhhhh

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  4. N faça isso comigo eu n irei agüentar ate depois de amanhã !!!!! :"( . Faça pelo menos um capitulo hoje!!! Pfpfpfpf... Quem quer mais um capitulo hj???

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  5. aaaa eu choreiii, eu ri eu amo essa web posta mais.

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  6. Aiiin eu ñ vou conseguir esperar até amanhã, posta só um cap hj pfffff, to amando a web!

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  7. Ama essa dua web, amo mesmo... posta mais por favor .... quero ++++++++ ... dois capitulo ou 3 por dia hahahaha

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  8. Vai ter algum cap hj????Diz q siim pffff

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