1 de abr. de 2013

Web de capítulo único - Is Not Only Fathers Day.



Eu estava ouvindo a música do despertador do meu celular tocar bem de longe. Que coisa, eu nunca consigo levantar na hora certa. Olhei em volta e me peguei sozinha naquela cama enorme, sobrava realmente muito espaço quando Thur não dormia lá em casa.
Eu me levantei, indo em direção à minha suíte, e liguei o chuveiro no morno. Entrei debaixo do mesmo; fechei os olhos, pensando em coisas que me incomodavam e eu nunca tinha feito nada para mudar, tá, até tinha feito, mas, sei lá, não era algo que, às vezes, tivesse uma importância tão grave.
Eu e o Thur namorávamos havia cinco anos, mas não morávamos na mesma casa: eu tinha meu apartamento e ele tinha o dele, mas sempre estávamos passando um tempo um na casa do outro, já havíamos trocado chaves e tudo mais. Teve uma vez que eu fiquei exatos três meses sem entrar na minha casa pra nada, apenas ficando no apartamento dele, mas eu ainda não sei por que nós não moramos juntos, e olha não é por falta de querer ou por falta de conversa, mas tudo bem. 
Mesmo morando eu casas separadas, eu e o Thur somos doidos por crianças, já tentamos inúmeras vezes termos um lindo bebê, mas aí é que está a pior parte de tudo isso.
Quando estávamos tentando ter filhos, eu comecei a ter cólicas fortes demais, e, quando era mais nova, eu também tinha cólicas fortes, mas foram piorando com o tempo. Eu marquei alguns exames e acabou dando que eu tenho endometriose. Ok, você deve estar pensando “o que é isso?” , enfim, são peles que não são eliminadas durante a menstruação e isso causa cólicas bem fortes e crônicas, e também o risco de fertilização é mínimo, mas, mesmo assim, fomos tentando e nada. Então, um tempo atrás, exatos dois meses, eu fui com uma amiga a um orfanato, e conheci a pequenaBeatriz. Ela tem quatro anos, é a coisa mais fofa que um pai ou uma mãe poderia ter dentro de casa. Eu fiquei dias pensando como uma mãe pôde abandonar um lindo bebê que nem ela lá, pra outra pessoa cuidar.
Umas duas semanas depois que eu a conheci, passei a freqüentar sempre o orfanato, então, peguei vários papéis e advogados pra conseguir a guarda dela, mas eu tive que provar que sou noiva doArthur, eu consegui e estou esperando, mas estou com um certo pressentimento, sabe? Que não vai rolar.
Olhei em volta, e o banheiro estava todo embaçado já. Meus dedos, enrugados, e eu lembrei que era sexta e eu ainda tinha um dia de trabalho pela frente, sabe? Saí do banho, me enrolando na toalha fofinha e macia, e pude ouvir o telefone de casa tocar. Enrolei a toalha no corpo e fui correndo atendê-lo.
“Alô?” eu disse ofegante pela corrida do banheiro até cama. 
“ Poxa, amor, eu pensei mesmo que você já estava no trabalho.” Ouvi a voz de Thur preocupado do outro lado da linha; olhei no relógio que se encontrava no meu criado mudo e me apressei. 
“Eu precisava mesmo, amor, me atrasei, mas o que aconteceu?” Disse, levantando e abrindo meu guarda roupas. Comecei a jogar umas roupas, e lembrei que ia resolver umas coisas sobre a papelada da Beatriz - precisava estar apresentável.
“Podemos sair hoje? Pra jantar?” Ouvi Thur dizer e umas vozes ao fundo. Uma delas eu reconhecia super bem, a voz de um dos amigos de Thur. Todos doidos.
“Ótimo, nos vemos mais tarde, eu estou realmente atrasada, amor. Preciso desligar, te amo, tá?” Antes que Thur respondesse, eu desliguei o telefone e joguei o mesmo em cima da cama. Eu me troquei correndo e fui voando no banheiro passar algo na cara e secar o cabelo.
Depois de ambos feitos, desci correndo, peguei as chaves do carro, tranquei a casa e fui pro trabalho. 

Chegando no escritório, tudo estava no seu devido lugar. Eu sorri e fui sentando, olhei os papéis em cima da minha mesa, peguei-os e comecei a ler. Os papéis da adoção estavam lá, eu lia e relia e não conseguia me concentrar. E se Thur não gostasse da Idea? Se eu aparecesse com a “nossa” filha e ele achasse ruim porque foi uma surpresa? Minha cabeça ficou girando e eu não sabia o que fazer, olhei pro telefone mil vezes, peguei-o na mão e disquei o número que nos últimos meses eu já sabia de cor. 
“Oi, Sr. Ventura? Podemos marcar de acertar os papéis da adoção hoje? Ok, obrigada, até.” Foi a decisão mais difícil da minha vida de ser tomada, ainda mais sozinha. Olhei no relógio e, como as horas por aqui passam bem rápido, já estava quase na hora do meu almoço com o tal Senhor que iria acertar a adoção. Estava tudo certo, era só eu assinar alguns papéis e depois esperar a ordem pra pegar a pequena Beatriz. Eu estava mesmo ansiosa, olhei mais uma vez no relógio e vi que estava quase na hora. Peguei minha bolsa e minhas coisas e fui saindo do escritório e avisando a secretária que teria um almoço importante; ela apenas concordou e lá fui eu.

Cheguei no restaurante e um senhor de cabelo meio grisalho e bonitão acenou pra mim, logo me toquei que era o tal Sr.Ventura. Eu sorri de lado e caminhei até a mesa, vendo-o levantar a cadeira pra que eu me sentasse, eu sorri de novo em agradecimento, ótimo cavalheiro esse.
“Então, senhorita Blanco, aqui estão os papéis, e, se não se importa, já pedi uma tônica para a senhorita.” Ele disse, me entregando os papéis.
“Muito obrigada, mesmo.” Eu peguei os papéis, assinando todos, antes que eu não tivesse essa coragem toda, não é? Assinei tudo, e, ao decorrer do almoço, quis saber: 
“Sr. Ventura, uma coisa, eu queria muito saber a história da Beatriz. Acho que, quando crescer, ela terá o direito de saber quando perguntar.” Eu disse, olhando pra ele.
“Primeiro de tudo, me chame de Mat, e, em segundo, concordo com a senhorita, vamos lá.” Ele disse, me olhando, enquanto eu estacionava meus talheres na mesa para prestar atenção. Eu o olhei e ele começou a falar:
“Ela foi nomeada Beatriz, porque, quando foi deixada no orfanato, deixaram um bilhete junto com ela pedindo pra que esse fosse seu nome; disseram que eles deveriam encontrar uma família que daria tudo que ela precisasse. Ela foi abandonada quando tinha cinco meses de vida, foram encontrados nela alguns machucados que foram constados como agressões físicas e torturamento a ela; você deve perceber que, quando alguém chega perto dela, ela tenta se afastar, não? Basicamente, é essa a historia dela. Depois de um tempo, uma das mulheres que trabalham lá me conheceu e eu fui tentar investigar algo, mas ela nunca foi registrada. Na verdade, ela está sendo registrada agora por você.” Enquanto ele dizia, foi se passando pela minha cabeça por que diabos uma mãe faria isso com uma filha; ela só poderia ter algum marido bêbado que batera na pequena Beatriz, que vândalos, eu fui pensando e lágrimas começaram a se formar no meu rosto; eu passei mão pelo mesmo e assenti com a cabeça. 
“Obrigada por contar, Sr. Ventura, quer dizer, Mat, eu vou fazer o possível pra ela não sofrer mais com isso, farei o que for possível.” 
“Na verdade, Senhorita Blanco, ou Lua, como preferir, você é uma das poucas pessoas que adotam crianças que pensa no bem estar delas dessa forma, quase sempre ninguém pergunta: assinam os papéis e pronto.” Mais um motivo pra eu ficar horrorizada com isso, fato. Jesus, são crianças! Mas, ao mesmo momento, meu pensamento se virou ao o que Thur iria achar. Depois de alguns minutos, me despedi do Sr. Ventura, fui embora pra minha casa, me larguei no sofá quando cheguei e vi qualquer coisa passar pela tv. Quando estava quase pegando no sono, pude ouvir o barulho da maçaneta, olhei e vi Thur entrando, eu apenas sorri fraco pra ele e fechei os olhos, ouvindo a TV. Encostei a cabeça no sofá, e senti Thur se sentando ao meu lado e colocando minha cabeça em seu peito e me abraçando.
“Parece que alguém está cansada.” Ele disse baixinho perto de mim, depositando um beijo na minha testa. Eu sorri ainda de olhos fechados.
“Tive um dia cheio, se importa se ficarmos assim hoje?” Eu disse baixinho, me aconchegando mais nos braços de Thur e sentindo seu perfume suave. “Obrigada.” Eu disse baixinho, novamente. Comecei a pensar, enquanto tinha certeza que ele estava assistindo alguma maratona de friends na TV, e percebi que, dessa forma, Arthur seria um ótimo pai.

Acordei no sábado com Thur ao meu lado. Nosso dia foi extremamente corrido, passamos a manhã no centro da cidade vendo algumas coisas, e à tarde e à noite totalmente na casa da mãe de Thur. Quando nos demos conta, já estava super tarde, já passava das onze e eu tinha acordar super cedo, afinal precisava buscar a Beatriz. Thur ficou comentando coisas com seu pai sobre o que fariam no dia seguinte - sim, domingo - primeiro domingo de agosto: dia dos pais, era uma data extremamente sagrada naquela família, eu apenas sorria, ouvindo os comentários até Thur levantar e dizer que iríamos pra casa.
Chegamos em casa rápido, era perto, fui correndo pro quarto antes de Thur vir atrás de mim, e coloquei as coisas que eram necessárias na bolsa para o dia seguinte. Quando Thur entrou no quarto, eu estava colocando minha bolsa em cima de uma poltrona. Ele me olhou e sorriu, vindo em minha direção, me abraçando pela cintura, e me dando um beijo levemente suave em meu pescoço, dizendo baixinho em meu ouvido: 
“Eu te amo.” Eu sorri e o abracei muito forte. Ele me levou até a cama e me fez deitar com ele atrás de mim, me abraçando. Eu sorri sozinha de novo, Thur sempre tinha essas coisas românticas, ele sempre foi assim, e nós adormecemos daquele jeito.

Acordei com meu celular debaixo do travesseiro vibrando, olhei no relógio e eram oito da manhã. Olhei pro lado e Thur estava esparramado como sempre. Levantei sem fazer barulho e me troquei correndo, pegando a suposta bolsa em cima da poltrona e saí de casa correndo, entrando no carro e voando até o orfanato. Chegando lá, todas as mulheres já me conheciam, mas ninguém ali imaginava o que eu iria fazer. Às vezes, nem eu mesma imaginava. Entrei direto para a sala da coordenadora do local, vendo por uma sala a pequena Beatriz com umas tias brincando. Bati na porta e ouvi um ‘Pode entrar, por favor’. Eu entrei e a coordenadora sorriu ao me ver. 
Lua, quanto tempo.” Charlott era nome dela, ela sempre me tratrou super bem e realmente já devia desconfiar do meu interesse em adotar a Beatriz.
“Char, bom dia.” Eu disse, sorrindo de orelha a orelha.
“O que devemos a honra da senhorita aqui, em pleno domingo de manhã?” Ela me olhou e sorriu de novo.
“Eu vim te trazer alguns papéis, você já deveria suspeitar que eu tenho interesse de adotar a...” Antes que eu pudesse terminar a frase, ela a completou pra mim.
Beatriz, sim, eu sei.” Ela completou a frase estendendo a mão para que eu estendesse o envelope pra ela; eu apenas o tirei da bolsa e o entreguei. Ela demorou por volta de uns dez minutos pra ler todos os papéis e ver se estava tudo realmente certo. Enquanto eu brincava com meus dedos pelo nervosismo, ela ergueu o olhar pra mim e eu fiquei mais nervosa ainda, vendo-a abrir a boca.
“Você me surpreendeu, Lua, tenho que admitir, você fez isso sem ninguém saber?” Dava realmente pra ver no olhar dela que ela estava surpresa.
“Aham, você sabe que o Thur sempre quis filhos, e eu também, mas por conta do meu problema...” Eu abaixei a cabeça, respirando fundo e continuando: “Não sei se ainda teríamos esperanças, quando eu conheci a Beatriz, tive certeza que era ela a filha que eu não pude ter.”
Lua, eu tenho o maior prazer em te dizer que está tudo certo, e que você pode levar a Beatriz com você, tenho certeza que você é e vai ser a mãe que ela não teve.” Charlott disse, olhando nos meus olhos, me fazendo derramar algumas lágrimas. Eu sorri pra ela e saí da sala, indo até a sala em que Beatriz se encontrava, as coisas dela já estavam prontas em algum canto, eu a peguei pelas mãos e a coloquei no banco de trás do carro, guardando suas coisas no porta malas. Sentei na parte do motorista olhando pelo retrovisor e sorrindo, ela sorriu de volta.
Lua, agora, somos só eu e você?” Ela disse com dificuldade, e uma voz extremamente fofa e delicada 
“Não, Beatriz. Agora, somos eu, você e seu papai.” Eu disse, sorrindo e indo pra casa. Mais feliz eu não poderia ficar, eu fui pra casa com a Beatriz me contando as coisas que ela fazia no orfanato e tudo mais; cheguei no prédio e pude ouvi-la fazer um barulhinho com a boca como quem diz 'UAU'. Estacionei o carro e desci, trancando as portas e abri a porta de trás ajudando-a sair, e pegando sua malinha no porta malas. Nós subimos de elevador, e ela me disse que nunca tinha entrado em uma nave daquelas, eu ri e expliquei que era o elevador. Quando chegamos na porta de casa, eu suspirei e fiquei olhando pra porta. Ela pegou em minha mão e disse: 
“Você está triste?” Eu ouvi e passei a mão em seu rosto, dizendo pra ela: 
“Fique aqui, e só entre quando eu disser, ok?” Ela ouviu e fez um sinal positivo com o dedo. Eu sorri e abri a porta de casa, vendo Thur esparramado no sofá com o telefone na mão. Ele olhou pra mim levantando e sorrindo, o seu sorriso continha alívio e felicidade.
“Amor, pelo amor de Deus, eu já estava mandando a polícia atrás de você, como você sai sem deixar recado? Onde você estava?” Ele disse sem respirar. Eu sorri e fiquei parada ao lado da porta, vendo de rabo de olho a Beatriz subir e descer com os seus pequenos pés.
“Amor, lembra quando pensamos várias vezes em ter filhos?” Eu disse, olhando em seus olhos. 
“Claro que lembro, amor, como não iria lembrar? Mas o que isso tem a ver?” Ele disse, balançando a cabeça e não entendendo nada. Eu mordi meu lábio e olhei pra ele. 
“Eu tenho uma surpresa pra você.” Eu o olhei, e ele me olhou mais uma vez sem entender. Eu virei pra porta, pegando na pequena mão da Beatriz, fazendo-a entrar em casa e a coloquei na minha frente.
Thur, feliz dia dos pais.” Thur olhou pra minha cara e olhou pra cara da Beatriz sem entender, sem saber o que fazer. Meu coração não sabia se parava de bater ou se dava pulos de alegria. Thur abriu o maior sorriso do mundo, com lágrimas nos olhos.
“É...é... é... nossa... princesinha?” Ele disse, deixando algumas lágrimas caírem de seus olhos e sorriu. “Vem aqui, pequena, vem, me diz, qual o seu nome?” Ele disse, abaixando e chamando a Beatriz. Ela olhou pra mim, e eu fiz que sim com a cabeça, ela foi andando até ele e dizendo:
“Meu nome é Beatriz, você que é o meu papai?” Ela disse, chegando perto dele e sorrindo. Thur abriu os braços, olhou pra minha cara e sorriu. 
“Sim, eu sou o seu papai, minha princesinha.” Ele a pegou no colo e a girou. Ela deu risada, e meu coração decidiu nessa hora dar muitos e muitos pulos de alegria. Eu fui até a porta e peguei a mala dela, deixando-a do lado da porta e encostando na mesma, vendo Thur com Beatriz no colo e contando pra ela que tinha uma coleção de ursinhos pra mostrar a ela. Eu sorri e ouvi a voz de Beatriz me chamar. 
“Você não poderia ter arrumado um pai mais bonito pra mim... Mamãe!” Ela disse, sorrindo, e o Thur começou a fazer cócegas nela.

Nós passamos o dia dos pais como sempre na casa dos pais de Thur, só que, dessa vez, passamos um dia dos pais diferente, um dia dos pais que ficaria marcado nas nossas vidas, e um dia dos pais que vamos e pretendemos passar pra sempre. 

The end. 

Créditos: Fanfic Obsession.




6 comentários: