9 de nov. de 2012

Uma noiva herdada


Capítulo Um p.4

Lua sempre se sentira desconfortável diante dele. Frente aos treze anos dela, ele parecia ter uma pre­sença inconfrontável. Quando ele demonstrava desaprovação a ela, especialmente quando com Diego, ela se sentia de alguma forma ameaçada.

Mas com uma percepção tardia, ela notou que o repelia da mesma forma. Ela se ressentia da fácil re­lação que ele tinha com o pai que ela apenas começa­va a conhecer. E também da amizade dele com Diego Montez, que na época Lua pensava ser o amor de sua vida.

Apagando as memórias indesejadas, ela levantou e seu coração deu um salto quando os lábios dele, per­feitamente moldados e sensuais, se abriram em um sorriso sociável. Lua se arrepiou sem saber por quê... Estava errada: ele mudara. Parecia ainda mais arrogante e arredio.
Acalme-se e mantenha o controle, trata-se de um negócio, dizia Lua a si mesma. Ela tinha confiança para lidar com qualquer situação e educadamente es­tendeu sua mão.

— Sr. Aguiar, que bom vê-lo novamente.

—Thur, por favor; afinal somos quase da mesma família — ele disse, perscrutando com os olhos ne­gros a mulher à sua frente. Os cabelos loiros estavam presos em uma trança, revelando a beleza do rosto. Os olhos cor de chocolate grandes e de cílios espessos o encaravam, mas evitavam contato direto com seu olhar. Acrescente-se um pequeno nariz perfeito e uma boca rosada luxuriosa que implorava para ser beijada e a mulher era uma dinamite! O olhar dele desceu até um decote que se insinuava no corte da jaqueta. O corpo dele ficou tenso. A imagem da ado­lescente loira, baixinha e magra que ele carregara em sua mente por anos desapareceu diante daquela bela figu­ra feminina. Lua Blanco tornara-se uma mulher muito atraente.
Ele olhou enquanto ela o observava, notou a cha­ma de reconhecimento em seus olhos brilhantes e algo muito próximo a medo. Ela tinha todo direito de ter medo, ele pensou, cinicamente, aquela desgraça­da sem coração. Não a via há oito anos; seu corpo mudara, mas reconheceria aqueles olhos em qualquer lugar.

— Perdoe-me pelo atraso, Lua. Espero que não tenha aguardado muito. — E apertou a mão ainda estendida dela.

Lua engoliu em seco. O aperto de mão dele era firme e caloroso e provocava efeitos muito estranhos em sua pulsação.

— Não muito — ela respondeu. — E, por favor, pode me chamar de Lu — ela afirmou, mas quando tentou puxar a mão, ele apertou ainda mais.

— Por favor, sente-se. — Ele esperou que ela se sentasse para largar sua mão, acrescentando: — Há muito tempo não nos vemos. Talvez desde sua festa de noivado quando você tinha... Quantos anos? De­zessete, dezoito?

— Dezessete — ela confirmou. A última coisa de que precisava era ser lembrada de sua festa de noiva­do, especialmente Por aquele homem. 

Lua não o via desde aquela época, mas, erguendo a cabeça, olhou para ele e por um rápido instante sentiu algo perigoso naqueles insondáveis olhos negros e naquela postura ereta. Seus instintos todos a avisavam de que deveria ter cuidado com um homem como Arthur e, ao se lem­brar do quarto e último telefonema que ele fizera, alguns dois depois do enterro de seu pai, ela se arre­piava ligeiramente.

Creditos: Ronnie

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