{FIC} Lignes de L'amour

Cap 16

A cada sinal de melhora de Arthur, era uma vitória para mim. Havia largado temporariamente o meu emprego. Vivia apenas para cuidar dele. E  cada sorriso, cada quilo engordado, cada alimentação concluída, fazia tudo valer a pena. Arthur estava se recuperando e aquilo me deixava imensamente feliz.

Mas como eu vivo no mundo real e não em um conto de fadas, a melhora de Arthur trazia consequências, e uma delas era o fato de que, ao estar totalmente recuperado, Arthur voltaria para Camilla e eu continuaria aqui, sozinha, sofrendo, como sempre estive e tentando seguir com a minha vida.

O inverno de 2016 veio impiedoso e nefasto. Naquele dia em especial, nenhuma alma se atreveria a sair de casa, mesmo com a proximidade do natal a chegar. O frio estava insuportável. Em minha casa, Arthur e eu encontravamos sentado em frente a lareira, enquanto assistiamos a um programa qualquer, enrolados em três cobertores para tentar amenizar o frio.

- Sabe Lua, as vezes eu me pergunto, se no passado haveria alguma forma de ter lhe impedido de partir para cá.

A melhora de Arthur havia ocorrido gradativamente, mas de uma maneira  satisfatória. Eu poderia dizer que o homem que estava ao meu lado, era quase o mesmo de anos atrás. Os pesadelos já não o assombravam tanto. Uma vez ou outra ele ainda despertava inquieto durante a  noite, mas não de forma tão assustadora como no inicio. Arthur voltara a se alimentar devidamente, andava pelo apartamento, passeava pela cidade, cozinhava para nós e voltará a se interessar pela vida.

- Acho que não. – percebi seu olhar ser tomado pela decepção. – O convite foi a gota d’água para mim, talvez…

- Eu sei que o INCAMA era importante para você Lua, e o convite para integrar a equipe era um sonho seu desde o inico, mas e os nossos sonhos? E os nossos planos?

- Eu não estava falando da carta de aceitação Arthur.

- Então, de que convite você falava?

- Como assim de que convite?  O do seu casamento Arthur. O do seu casamento com Camilla. – nesse momento ele me olhou completamente assombrado. Era como se não se lembrasse desse pequeno detalhe. Fui até meu quarto, onde busquei uma caixa mediana em que guardava todas as minhas recordações de Arthur. De um maço de papel, retirei o convite e o coloquei em suas mãos. O rosto de Arthur era tomado por uma enorme confusão, o que me causou uma certa preocupação. Estaria Arthur tendo lapsos de amnésia?

- Não. – respondeu-me como se estivesse lendo minha mente. – Esse convite, eu… Céus! Eu jamais me casei com Camilla, Lua. Jamais me casei, jamais a pedi em casamento e acho que jamais me casaria.

- E esse convite então?

- Você conhece Camilla. Ela fez esse e muitos outros modelos de convite de casamento. Mas acho que ela não se deu muito bem com a noticia de que não haveria casamento nenhum, e o resto da história você já deve conhecer.

- Céus! Eu pensei que…

- Depois desse dia eu repensei muito na minha vida. – Arthur falava enquanto olhava em meus olhos. – Corri atrás da papelada, terminei com Camilla e quando finalmente saiu a liberação e eu fui ao seu apartamento para conversarmos, você já havia se mudado. Droga Lua, você nem ao menos se despediu.

- Se eu me despedisse, provavelmente depois me faltaria coragem para partir. – confessei timidamente. – Mas que liberação é essa que você falou?

- A liberação do abrigo, Lua. Ou vai me dizer que você se esqueceu dos nossos planos de faculdade?

- É claro que não. – murmurei perplexa – Não acredito que você conseguiu. Nossa, já se passaram tantos anos, que eu pensava que isso jamais seria colocado em prática.

- Qual é Lua. Todos os nossos planos e todos os nossos sonhos irão ser colocados em prática. Temos muito anos ainda pela frente.

- Todos?

- Todos bambina.

- Sem exceção? – questionei-lhe com uma cara de quem iria aprontar.

- A onde você quer chegar Lua?

- E depois você me pergunta se eu esqueci dos nossos planos? Vamos Arthur, eu sei que você lembra. Natal, eu, você …

- Nada de parenta da falando como você está bonitos, porque ainda não casou. – interrompeu-me Arthur – O melhor natal de todos.

- Podemos?

- Claro que sim bambina. Será inesquecível.

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