{FIC} O Maior Idiota do Mundo

Capítulo 2

- Oi Arthur. - ELA SABE MEU NOME? Estou ficando com medo.

- Como sabe meu nome? - Minha curiosidade só está aumentando.
- Você é da minha classe. É inteligente e um tanto quanto... - ESTRANHO - diferente. Posso não falar com você, mas não sou obrigada a fingir não saber seu nome.
- Ah, sim... - Isto realmente me surpreendeu - E o que você quer comigo?
- Quero ajuda matemática. - Ah meu pai, é agora que eu danço. Ela não é totalmente inteligente. Na verdade, também não é burra, mas tem sérios problemas com matemática, por isso eu não pensaria duas vezes antes de decidir que a ajudaria.
- Esta bem. - Suspirei. Será que ela tem dificuldade em aprender as coisas? Porque eu sinceramente odeio ter que ficar repitindo a mesma coisa até que ela entenda. Espero que a cor do cabelo não queira dizer nada. - Quando e onde?
- Quando você estiver disponível. - Tive vontade de rir. Eu sempre estou disponível, afinal, não tenho amigos nem namorada. Apenas eu, meu pai, meu video-game, skate livros e algo que prefiro não comentar.

- Pode ser na escola, ué. - Me surpreendi mais uma vez.
- No colégio? É sério isso? - Ela assentiu. - Não se importa com eles? - Apontei discretamente para o time de futebol do colégio. Eles são os 'populares' [coisa que todos querem ser] e adoram tirar onda com os nerds. Na verdade, eu sou o alvo preferido deles. Malditos bombados punheteiros. Opa, acho que exagerei... Ou não. É isso que todo menino faz mesmo.
- O que tem esses babacas? Eles que se fodam... - Deu de ombros - Mas e aí, vai me ajudar? Diz que sim... - Bateu uma mão na outra e meio que me assustou.
- Sim, quando você quiser me chama.
- Então vamos. - Saiu me puxando pela mão para dentro do colégio. Ok, aquilo estava me assustando.

Aquele dia estava estranho. Bem estranho. Sophia não saiu de perto de mim por toda aquela manhã, e eu incrívelmente gostei muito disso. Ela não é como as outras, que vive falando de roupas, unhas, cabelos e blá blá blá... Gosta de jogar video-game e assistir desenho.
Assunto era o que não nos faltava. Mas eu me senti mal assim que o grupinho de Lua passou por nós e algumas garotas olharam para mim e Sophia com cara de nojo.
- Hm, acho que elas estão estranhando sua ausência... - Murmurei olhando disfarçadamente pra suas amigas. Ela deu de ombros como em toda vez que falava de alguém com quem ela costuma andar
- Eu não ligo pra elas, assim como elas não ligam pra mim.
- Como assim? A Lua se importa com você... Pelo menos eu acho.
- Ela sim. Mas aquelas garotas são insulportáveis, credo. - Bufou e eu ri. - Prefiro conversar com você. Ficar falando de roupas, dinheiro e todas essas babozeiras que elas falam é um saco. - Tive que rir novamente. É raridade uma garota pensar assim.
- Mas e aí, vamos estudar? - Perguntei e ela me olhou e sorriu. Tem um belo sorriso. - Vamos, vamos. - Andamos pelo gramado do colégio até chegar a algumas mesinhas. Lugar perfeito para estudar. Sophia era inteligente e entendia as coisas mais ou menos rapidamente - suspeitei que isto aconteceria. Depois de uma hora ela já estava reclamando.
- Vamos estudar mais amanhã, Arthur. - Assenti e comecei a arrumar minha bolsa. - Onde você mora? - Informei o endereço e ela riu - Então eu vou no mesmo ônibus que você. Não moro muito longe.
- Geral que estuda aqui mora lá. - Ela concordou, pegando também sua bolsa. Saímos do colégio juntos sendo observados por vários olhares curiosos. - Não gosto do jeito que essas pessoas me olham. - Sussurrei pra Sophia, que depois de praticamente um dia inteiro comigo, não me parece tão ruim assim. Quer dizer, nem um pouco ruim.
- Eu também não. - Sussurrou de volta.
- Eles não olham feio pra você.
- Eu disse que não gosto do jeito que olham pra você. São todos um bando de idiotas. Ignore, apenas ignore. - Sorri fraco pra ela. Ignorar. É o que eu mais venho tentando fazer ao longo do tempo. Não tenho culpa se as pessoas não me ignoram. Tudo seria tão simples com essa ajudinha...

- Me fala mais de você, Arthur. - Ela está realmente interessada em saber o que um nerd de dezessete anos faz? O que todo garoto normal faz, eu acho...
- Eu não tenho muito o que contar. - Ela fez uma cara de reprovação, como se soubesse que eu tinha algo pra contar. - É serio, Soph. Sou tão sem graça quanto assistir propaganda eleitoral num domingo à tarde. - Ela riu baixinho
- Você não é sem graça, Arthur. É bom de papo. - Continuou a tagarelar.
Eu a levei em casa e depois fui pra minha. O dia foi estranho, e eu só consigo pensar se Sophia realmente gostou de ser minha amiga.

Creditos: Vanessa Aguiar