10 de jan. de 2013

{FIC} Falsa Lua-de-Mel


15° e 16º Capitulo


Alguém!!!!


Lua olhou-se no espelho. A água quente caía do chuveiro e embaçava o vidro, mas ainda conseguia se ver, e muito bem: o cabelo estava desarrumado, a face afogueada, os lábios estavam inchados pelos beijos que haviam trocado... Enfim, tinha a aparência de alguém que estava desfrutando de uma lua-de-mel.
Isso era ridículo, sem contar perigoso. Só de pensar no que fizera com aquele homem, confundia seu cérebro e fazia com que estremecesse inteira.

Os jatos de água caiam nos lugares certos, em sua pele sensível e em seus músculos doloridos. Ficou ali parada absorvendo a sensação deliciosa por vários minutos.
Alcançou o sabonete e cheirou-o. Tinha o cheiro de Arthur! Só de sentir aquele perfume foi suficiente para que suspirasse, e quando começou a passá-lo pelo corpo, excitou-se novamente. Ou quem sabe ainda estivesse excitada com o que passara no quarto. Tentando ignorar a excitação o melhor que podia, concentrou-se em sua missão: sair daquele lugar e rápido.

Desligou o chuveiro e, por falta de opções, pegou o felpudo roupão de banho que estava pendurado atrás da porta do banheiro e o vestiu. Pronta para enfrentar qualquer discussão ou guerra de nervos, entrou no quarto, resoluta e de queixo erguido, mas em vez de Arthur, encontrou Mel fazendo a cama.
— Bom dia, dormiu bem? — perguntou a latina de forma inocente, com um pequeno traço de sarcasmo na voz. Ambas sabiam que tinham trocado de quarto durante a noite.

— Como uma pedra — Lua respondeu tão inocentemente quanto ela. — E você?
— Fabulosa! — devolveu a outra sem pestanejar, usando a palavra em espanhol, e dando um sorriso superior.
— Você fica presa aqui com freqüência por causa da neve? — Dulce perguntou.
— Sempre que há alguma nevasca, como a de ontem.
— E Chay também?
— Não, ele não — desconversou Mel, afofando os travesseiros.
— E mesmo? E para onde ele foi?
— Eu não sei. Eu não mando nele, é ele quem manda em mim.
— Alguém esteve em meu quarto ontem — começou Lua, sentando-se na cama.
— Claro que sim. Arthur, eu presumo...
Lua olhou para o grande e luxuoso colchão onde estava sentada. Não conseguia se conformar em ter permitido que aquilo acontecesse. Como fora ingênua em pensar que um simples lençol iria manter Arthur em seu lado da cama!
— Não foi Arthur.
— Não?! — perguntou Mel, arqueando uma de suas sobrancelhas perfeitamente delineadas.
— Não. Eu dormi naquele quarto que você me acomodou, mas acordei de madrugada com alguém se inclinando em cima de mim, na cama. Quase tive um infarto e saí correndo de lá.
— Tem certeza? — insistiu ela, franzindo a testa.
— Certeza de quê? — perguntou Sophie, aparecendo na soleira da porta com um sorriso.
— Lua está me dizendo que viu alguém em seu quarto ontem à noite, se inclinando sobre ela.
— E mesmo?! — Sphie quase engasgou.
— Com certeza sonhou — refletiu Mel. — Numa noite como a de ontem, todos nós dormimos mal e tivemos pesadelos.
— Eu não estava sonhando — contrapôs Lua.
Mel e Sophie trocaram olhares. Sophie deu-lhe uns tapinhas no braço e disse:
— Eu consegui fazer o café da manhã no fogo da lareira. Está com fome?
Lua estava faminta, provavelmente por ter queimado um milhão de calorias tentando absorver o corpo de Arthur daquele sabonete minutos antes. Será que conseguiria olhá-lo de frente?
— Eu não tenho nada para vestir. — Lembrou-se ela.
— Eu lhe trago algo meu — ofereceu-se Mel já saindo do quarto. — Eu trouxe ontem algumas mudas de roupa por causa da tempestade.
Quando Mel deixou o quarto, Sophie virou-se para Lua.
— Humm... então você veio parar aqui? — Ambas olharam para a cama.
— Eu não dormi com ele — justificou-se Lua e Sophie olhou-a intrigada. — Quer dizer... Eu dormi na mesma cama que ele, mas não dormi com ele, entende?
— Ele beija tão bem quanto sorri? — perguntou Sophie.
— Eu não estou interessada nele. Risquei homens da minha vida — retrucou Lua.  
— Ah!... — Sophie disse com risinho divertido nos lábios. Nesse instante, Mel voltou ao quarto com roupas para Lua. Ela trouxe uma mini-saia preta e um suéter vermelho de lãzinha, bordado com pequenos paetês. Para combinar, botas pretas de cano alto e salto agulha, bem mais altas do que suas próprias botas.
Lua pegou as roupas sensuais com um misto de agradecimento e bom humor, pois não havia mais nada a fazer, a não ser aceitar aquela situação.
— Ótimo, vá se trocar, então. Estarei esperando por você lá embaixo — disse Sopie, enquanto puxava Mel para fora do quarto, consigo.
Lua desceu as escadas banhadas pela luz suave da manhã com extremo cuidado, segurando-se com firmeza no corrimão. Tinha medo de cair e arruinar as botas de Mel. Não podia se dar ao luxo de gastar mais nada, pois já planejara comprar no seu, quase estourado, cartão de crédito, a passagem de avião para...
— Onde? — murmurou para si mesma. — Aruba parece interessante, ou qualquer ilha onde não haja neve, nem "gostosões misteriosos".

Grata pela luz, mesmo que fraca, seguiu pelo corredor, passando pela escadaria, o saguão, contando as portas até que encontrou uma sala espaçosa, com estantes de livros que iam do chão ao teto. Admirada, entrou no cômodo.
Havia poltronas e pufes, sofás com almofadas grandes e fofas e, junto às amplas janelas, bancos cobertos por travesseiros e mais almofadas, ou seja, um paraíso para o amante da leitura. E ela adorava ler. Chegou perto de uma das estantes: todos os clássicos de Charles Dickens. Outra prateleira continha Shakespeare. Outra, abrigava cinco fileiras repletas de romances históricos, contemporâneos e alguns de seus autores favoritos.

Poderia passar uma semana inteira ali sem se cansar nem se arrepender de passar sua lua-de-mel sozinha. Foi até a prateleira dos romances e escolheu um em especial. Quando tinha cerca de treze anos, esgueirou-se na biblioteca de sua casa e lera esse livro embaixo de suas cobertas, com a lanterna acesa.

— Lua? 
Deu um grito de susto e o livro saiu voando de suas mãos. Virou-se e deparou com o homem cuja voz era capaz de fazê-la estremecer. Arthur olhou-a com os olhos mais sensuais que vira em sua vida.
— Passei por Micael ainda há pouco e ele me disse que você estava andando por aí, falando sozinha sobre "gostosões misteriosos". Sou eu, certo? — Lua revirou os olhos, mas os olhos dele estavam cravados em seu corpo. — Nossa! — Mediu-a de cima a baixo e suspirou. — Mais roupas para a lua-de-mel?
— Não. Estas são emprestadas.
Ele vestia um agasalho azul de manga comprida, que tinha a cor e um par surrado de jeans. Pegou o livro que tinha caído no chão e examinou a capa: um homem seminu, tirando o vestido de uma mulher, também seminua. Deu um sorrisinho e comentou:

— Humm... Uma história de ninar?! Ótimo, você poderá lê-la para mim hoje à noite. 
— Nós não vamos partilhar a cama esta noite! — ela,exclamou.
— E sinta-se à vontade para ir direto às partes interessantes. — Arthur ignorou-a. Abriu o livro numa página qualquer. — Como aqui, por exemplo. — Fingiu estar lendo, inventando o texto — "Elizabeth tremia pela antecipação de colocar os lábios quentes no membro pulsante..." — Levantou a cabeça, dando-lhe um sorriso malicioso. — Que coincidência, eu também tenho um membro pulsante.
Lua cruzou os braços sobre o peito, recusando-se a admitir que aquele sorriso mexia com ela, desde a raiz dos cabelos até a ponta dos pés, e todas as zonas erógenas no caminho, que aparentemente eram em maior número que podia lembrar.
— Saia daqui! — ordenou.
— Sinto muito, princesa, não há para onde ir. Venha tomar o café comigo.
— Não, obrigada. Eu vou lá fora tentar fazer uma ligação do meu celular. — Deu-lhe as costas e andou em direção das portas francesas. 

Continua..

Creditos: UR

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