8 de jan. de 2013

{FIC} Falsa Lua-de-Mel


11º e 12º Capitulo de Falsa Lua-de-Mel
Dormir Juntos!!!!



Apesar de o quarto estar de fato aquecido, deitou-se totalmente vestida com o agasalho de Arthur. A combinação daquela roupa de cama macia e felpuda com o calor vindo do fogo, fez com que ela começasse a transpirar de calor. Irritada, levantou da cama em busca de sua frasqueira. Buscou dentro dela por algo que pudesse vestir. Encontrou o macaquinho vermelho de renda que ganhara em seu chá-de-cozinha. Era todo transparente, com as cavas das pernas bem altas, e praticamente nenhum tecido para cobrir os seios. Não era uma roupa apropriada nem para dormir. Era para ser exibido ao noivo até que ele dissesse: "é lindo, mas tire-o logo!"

E de repente, a auto-piedade voltou com força total, inundando seu coração, apertando-lhe a garganta, e marejando os olhos de tal forma que não conseguia nem ao menos respirar. Tinha conseguido agüentar até ali sem chorar, mas aparentemente não havia nada agora que pudesse distraí-la de seus pensamentos tristes.
Ainda com calor, puxou a segunda peça de dentro da frasqueira: um caríssimo pijama de seda pura, de camiseta e shortinho. A parte de cima tinha alças finíssimas e um decote profundo em "V", revelando o vale entre seus seios, e a parte de baixo mais descobria do que cobria, mas era de uma suavidade deliciosa sobre a pele.

Depois de verificar se a porta do banheiro e do quarto estavam devidamente trancadas, ficou mais tranqüila e despiu-se e vestiu o pijama, sentindo-se ridícula ao lembrar que o comprara só para agradar Pedro.
Voltou a se deitar, pensando que, a julgar pelo dia que tivera e como sua vida tinha sido virada de cabeça para baixo, poderia ficar ali para sempre, remoendo o assunto. No entanto, no momento em que encostou a cabeça no travesseiro, respirou profundamente e deixou-se levar pelo sono.

Lua estava no fundo da igreja, em seu maravilhoso vestido branco, e espiava os convidados que, irrequietos, aguardavam o início da cerimônia. Já estavam murmurando palavras ansiosas sobre a demora do noivo em aparecer e alguns já demonstravam pena dela, enquanto outros apenas acenavam com a cabeça, como se dissessem que ela merecia o que estava acontecendo.

Seu pai olhava o relógio pela centésima vez. Sua mãe tentava sorrir para acalmá-la. Pedro não aparecera. Ela não se rendeu ao vexame de chorar na igreja; em vez disso, deu meia volta, saiu correndo, e pegou um táxi. Ainda bem que era um sonho, pois a cena passou rapidamente por aquele vôo turbulento, e parou quando já estava na mansão onde passaria a lua-de-mel.

De repente, viu-se vestida com o macaquinho vermelho, caminhando em direção a uma cama de quatro colunas. Só que desta vez, um homem a aguardava, e seu coração deu um pulo de alegria. Não estava sozinha afinal de contas, tinha um noivo! Ele se sentou na cama e estendeu o braço, dando-lhe um sorriso sexy, os olhos famintos buscando os dela, as mãos quentes puxando-a para si. Era Arthur.
Arthur?

Rindo de si mesma, ela abriu os olhos de volta à realidade, e viu uma figura se inclinando sobre a cama. Olhou-a por um instante e percebeu, aterrorizada, que alguém estava de fato inclinado sobre ela.
Com um grito abafado, jogou-se para fora da cama e correu em direção à porta, mas bateu de cara nela e caiu sentada no chão. Sacudiu a cabeça para se livrar da dor e da tontura e levantou de novo.

Com o medo apertando sua garganta, agarrou a maçaneta, percebendo, muito tarde, que a porta ainda estava trancada. Sem saber como, conseguiu destrancá-la e saiu às cegas pelo corredor, sendo seu único pensamento a necessidade de manter-se viva, de preferência longe dali. Poderia ter gritado e chamado a atenção de todos os funcionários, sabia disso, mas não havia uma gota de lógica em seu cérebro naquele momento.

Quando deu por si, estava em frente à suíte nupcial. Passou correndo pelas portas duplas no final do corredor e entrou de supetão na suíte, onde estava um predador ainda maior que o que tinha entrado em seu quarto.
Arthur Aguiar.

Sem pensar muito, jogou-se sobre a cama. Quando sentiu o balanço do colchão,Arthur sentou-se, alarmado.
Quase chorando de alívio, Lua jogou-se em seus braços.
— Mas que diabos... está acontecendo? — perguntou ele, e segurou-a contra si.
Com a respiração entrecortada, ela se encolheu ainda mais nos braços fortes.
— Eu estava dormindo...
— Eu também — respondeu ele num tom de voz suave e ao mesmo tempo áspero. — Mas assim está melhor, muito melhor. O que está vestindo?
— Não, você não está entendendo... — As palavras ficaram presas na garganta quando sentiu as mãos dele deslizando por suas costas e se encaixando em suas nádegas. — Eu fiquei com calor, e tranquei a porta para tirar a roupa...
— Hum, interessante... Continue, gostei dessa parte de ti¬rar a roupa — continuou ele enquanto pressionava o rosto no pescoço dela.
— E depois eu achei que estivesse sonhando, talvez estives¬se mesmo...
— Sonhando comigo? — perguntou esperançoso, enquanto beijava-lhe o pescoço, sugando a pele delicadamente.
— Oh, meu Deus... — Lua bateu com as mãos na cabe¬ça de Arthur e puxou-o para cima. — Você não está prestando atenção no que estou dizendo!
— Claro que estou, você tirou a roupa, entendi. — E voltou a inclinar-se em direção ao pescoço dela, quase fazendo com que sucumbisse ao desejo que se assomava.
— Arthur, eu estou falando sério!
— Desculpe. — Não parecia nada convencido. — Continue.
— E eu não sei como foi que ele entrou...
— Espere um pouco! — Arthur segurou-a com mais força e afastou-se para fitá-la. — Então você não veio aqui para dormir comigo?
— Não! — ela exclamou indignada.
— Que droga... — Suspirou desapontado. Olhou-a longa e pausadamente. — Bem, termine.
— Eu sonhei que alguém estava se inclinando sobre mim. — Só de falar, a imagem voltou à sua mente. Apertou os olhos com força. — Eu... eu não sabia o que fazer, então eu vi um rosto... E quando eu abri os olhos alguém estava mesmo em cima de mim.
Arthur olhou rapidamente para a porta, que ela havia dei¬xado escancarada quando entrara.
— Espere aqui — disse ele.
— O quê? Oh, meu Deus... Aonde você vai? Não pode me deixar aqui! E se você for atacado?
— Fique tranqüila, princesa, eu sei me cuidar. — E enca¬minhou-se à porta, pronto para defender seu mundo. — Agora, fique aí.

Numa parte totalmente oposta da casa, uma sombra se esgueirava contra a parede enquanto Arthur seguia no corredor. O suor brotava-lhe na fronte, e seu coração martelava no peito. Aquele homem estava perto, perto demais. Não podia deixar que ele lhe visse.

Não se mexa, ordenou-se. E Arthur não o viu...
Na suíte, Lua esperava, e quanto mais esperava mais nervosa ficava. Dizia a si mesma que Arthur voltaria a qual¬quer instante, alegre, rindo e dizendo que não vira nada de anormal.
— Pronto, cheguei! — Ele voltou, trazendo vida ao ambiente com sua presença. Parecia uma miragem usando apenas a calça do agasalho.

— Encontrou alguma coisa? — perguntou ansiosa.
— Nada, a não ser uma casa às escuras — disse ele numa voz suave, como se soubesse exatamente o que Lua estava pensando.
— Você foi ao meu quarto? — perguntou novamente, desta vez forçando-se a olhá-lo nos olhos.
— Fui à sala de estar lá embaixo, mas não vi nada, nem mesmo suas coisas. — Franziu a testa. —Você não estava dor¬mindo assim lá, estava?
— Mel me instalou num dos quartos do andar de cima — ela murmurou.
— E depois você trocou de roupa.
— Já disse, estava quente.
— Minha querida, tudo em você é quente. Qual quarto, princesa?
— Subindo as escadas, a primeira porta à direita. Como assim "quente"? Pensei que eu fosse um transtorno para você.
— Digamos que você tem o dom de ser sexy mas também é muito chata, está bem assim? Agora espere aqui.
— De jeito nenhum! — Ela levantou-se de um salto, recusando-se a ficar ali sozinha mais uma vez. Com um suspiro exasperado, arrancou um dos lençóis da cama e fez uma tanga improvisada.

Arthur surpreendeu Lua quando a segurou pela mão ao saírem do quarto, e puxou-a para perto, passando um braço por seus ombros. Ela não conseguia enxergar nada, mas Arthur não parecia ter o mesmo problema, pois caminhava decidido pelo corredor em direção ao quarto onde ela estivera. Assim que entraram, viram o brilho das velas que ainda queimavam e iluminavam o cômodo.

Arthur cruzou o quarto e verificou o banheiro, o armário, debaixo da cama e até embaixo da montanha de roupas da cama.
Quando se voltou para ela, Lua esperava ver um sorriso divertido no rosto dele, ou algum tipo de comentário sarcástico. No entanto, ele tinha uma expressão intensa no rosto.
— Não estou vendo nada de estranho. — Não dissera que ela estava louca, ou que estivesse vendo coisas. Acreditava nela.
— Bem... — sussurrou ela, sentindo a garganta apertada, e lutando contra um enorme desejo de abraçá-lo. — Devo ter imaginado coisas, mas acho que vou conseguir dormir agora.
— Tem certeza?
— Absoluta, obrigada.

Não muito convencido com a resposta, Arthur mais uma vez levantou as cobertas, num convite silencioso para que ela voltasse para debaixo delas. A delicadeza daquele gesto não passou despercebida para ela, mas não conseguiu se mover.

Arthur soltou as cobertas e se aproximou dela. Levantou a mão e entrelaçou-a nos cabelos de Lua, apertando gentilmente, forçando-a a fitá-lo.

— Você, não quer dormir aqui, quer?
Lua meneou a cabeça, assentindo, mas no meio do caminho deu um leve movimento dizendo "não".
— Quer voltar para o sofá, então? — Ela negou com a cabeça de novo. — Bem, você pode ficar na suíte, sabe disso não é?
E desta vez ela concordou.
— Isso é um "sim"? Você quer trocar de quarto comigo? Princesa, eu preciso que você diga algo.
Lua mordeu o lábio inferior.
— Você se importaria de ter companhia? — disse ela por fim. Os olhos de Arthur flamejaram com tal sugestão.
— Tem certeza? — Ele brincou, com um sorriso nos lábios. Tinha pequeninas linhas de expressão ao redor de seus travessos olhos, como se risse muito.
— Não se vanglorie muito, sim? — respondeu ela. Afastou-se dele e pegou sua bolsa, mas antes que pudesse jogá-la no ombro, Arthur foi mais rápido e pegou-a de sua mão. Estendeu a outra mão, balançando os dedos encorajando-a para que desse a sua.
Voltaram pelo mesmo corredor escuro e cheirando a cedro que tinham vindo. No meio do caminho, Arthur parou na terceira porta à esquerda, o corpo tenso e paralisado.

— O que... — começou Lua, mas ele a interrompeu, colocando um dedo sobre seus lábios. Então ela ouviu um suave burburinho vindo do outro lado da porta. Seria... um gemido?

Sentiu arrepios subindo pelo corpo quando se virou para a porta fechada. Seria a mesma pessoa que visitara seu quarto? Deu um suspiro involuntário, mas Arthur estava bem atrás dela, uma das mãos em seu ombro para ampará-la. Naquele instante um som inesperado veio através da porta: um gemido claramente feminino e, que estranho, aquela voz soava familiar. Lembrava a voz de...

— Oh, Chay... — veio o som de uma voz sexy com um sotaque latino.
Eram Mel e Chay!
Outros gemidos vieram, acompanhados do som de peles suadas se esfregando.
Chay e Mel estavam fazendo sexo!

Se aquilo não fosse no mínimo irônico, não sabia de mais nada, pensou ela. Deu um passo para trás e foi de encontro à muralha que era o peito de Arthur. E, de repente, a noite mudou por completo. Ou talvez tenha sido a escuridão que se tornara mais profunda, envolvendo os dois numa aura de intimidade que Lua não esperava, assim como o arfar dos dois amantes do outro lado da porta.

Sentiu-se incomodada com essa reação, mas também desesperada para escondê-la de Arthur. Enrolou o lençol no corpo com mais força. Precisava lembrar-se a toda hora que não queria mais homens em sua vida.
Os gritos de Mel cortaram a noite, juntamente com sons de batidas ritmadas na parede. O grito abafado de Chay juntou-se ao dela e depois... silêncio absoluto.

Lua deu meia-volta e encarou Arthur. Pela primeira vez em muito tempo viu-se sem palavras. Forçando a passagem, achou o caminho de volta à suíte nupcial. Quando entrou, deparou-se com a enorme cama de casal e engoliu em seco.

— Mexeu com você, não foi? — disse Arthur suavemente, bem atrás dela.
— Aquele showzinho patético? Poupe-me! — Deu um passo para trás, pois não conseguia pensar com clareza quando ele ficava muito perto. — Já vi coisa muito melhor em filmes pornôs.
— Mexeu sim — concluiu ele. — Mas conte-me mais sobre esses filmes que assistiu.
— Não tem graça nenhuma! — E se abraçou com mais força no lençol.
Arthur se aproximou dela por trás, sem tocá-la, mas mesmo que quisesse, não havia como evitar aquele calor tão delicioso perto de si. Ele inclinou a cabeça, e inspirou perto de seu pescoço.
— Humm... Você tem um perfume delicioso — disse num sussurro.
Lua desejou que ele também não exalasse aquele perfume tão sensual, e que não irradiasse tanta confiança, tanta intensidade. Ou mesmo que não tivesse aquele corpo maravilhoso, que fazia com que ela se sentisse ainda mais frágil.
— Arthur, isso é serio! — Irritou-se. — Alguém estava se inclinando sobre mim enquanto eu dormia. — Só de lembrar sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha.
As palavras surtiram o efeito que ela esperava. Ele ficou parado, muito sério, o sorriso desaparecendo do rosto.

— Eu sei que estou sendo covarde e... — começou, envergonhada.
— Não! Por Deus do céu, não! — interrompeu-a, parecendo transtornado com sua falta de tato. — Qualquer um ficaria apavorado com o que aconteceu. Venha cá.
Lua levantou a cabeça e olhou para Arthur que tinha agora os olhos escuros e sombrios, fazendo-a engolir em seco.
— Não teria sido Chay sugeriu ele.

Continua..
Creditos: UR

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