7 de abr. de 2013

June 15



Capítulo 30.

(COLOCAR PARA CARREGAR 1: http://www.youtube.com/watch?v=_A0A9N0AtPk )
 
(COLOCAR PARA CARREGAR 2: http://www.youtube.com/watch?v=-Lb557lk060 )
 

Londres, 15 de junho de 2010. Exatamente dois anos depois do dia em que a minha vida foi exposta a mudanças drásticas e inesperadas. É engraçado ver como tudo está diferente. Há dois anos, eu não tinha nenhuma previsão de deixar as calçadas e nem conseguia pensar em uma possibilidade de voltar à minha cidade natal. Agora tudo parecia melhor. Margot – minha patroa em Bolton – mandou uma carta de recomendação para a matriz da agência de viagens em que trabalhei em Bolton, fui contratada de imediato, há quase um ano. Também consegui uma vaga na mesma faculdade que
 Mel estudava, porém no curso de Jornalismo, que sempre foi uma das coisas que mais me interessaram. Eu queria me tornar crítica de música. Quanto a relacionamentos, estou “namorando” há oito meses com Dave, aquele rapaz que estava acompanhando Mica e Harry na serenata para Mel e Raquel no ano passado e pediu o meu telefone. Isso foi se transformando em flores, bombons, cartinhas por debaixo da porta, telefonemas, saídas e finalmente beijos. Claro que ele teve que ter muita paciência, porque eu não consegui ceder tão fácil, fiquei fragilizada pelo que aconteceu no dia em que nos conhecemos por muito tempo e, se digo que estamos namorando entre aspas, é porque pedi que ele não oficializasse um pedido. Apenas vamos levando e ver até onde conseguimos chegar. Parece que agora quem tinha trauma de relacionamentos sérios era eu. 

Apesar de tudo, cada dia criava mais confiança e intimidade com Dave, ele é muito divertido e criativo, sempre me surpreende com presentes inesperados no dia em que completamos meses de, er, namoro. Não são anéis de diamante, nem colares, mas sim presentes com alto valor emocional, coisas que ninguém imaginaria receber e então recebe. No último dia dos namorados, ele mandou entregarem uma pizza no apartamento, e nessa pizza, as calabresas formavam as iniciais de nossos nomes e, entre as letras, havia um coração de orégano. Não vou mentir e dizer que estou perdidamente apaixonada, ou que meu coração bate mais rápido quando ele me abraça e beija, mas nós criamos um vínculo legal, um sentimento legal. Não sei explicar bem que sentimento é esse, mas Dave sabe me deixar feliz, e eu sei o quanto ele gosta de mim. Às vezes penso não merecer tal quantidade de amor, mas faço o que posso para fazê-lo se sentir recompensado. Acho que se eu quisesse retribuir tudo o que ele já fez por mim nesses oito meses, precisaria de 30 anos e talvez nem assim conseguiria. A banda dele está prestes a fazer sucesso. Fletch, empresário do McFly, aceitou, a pedido deles, cuidar da banda de Dave e prometeu que até o fim do ano eles serão um sucesso. Eles também já estão confirmados para fazer a abertura dos shows da próxima turnê dos garotos. Falando em Fletch,
 Mel, Quel e eu estávamos nos aprontando para o seu casamento. A cerimônia vai acontecer no jardim de sua casa, que segundo Mel, é enorme e fica bem próxima à London Eye. A festa vai ser lá mesmo, aquele típico casamento de filmes americanos. Fiquei realmente surpresa em ter recebido um convite. 

Melanie, Raquel e eu ainda dividimos o apartamento, porém mudamos para o último andar do mesmo prédio e agora temos três grandes quartos e a sala dá praticamente duas do apartamento antigo. É um pouco mais caro, mas agora são três pessoas cooperando.
 Mel se formou em Moda no fim do ano passado, agora ela trabalha assessorando um importante estilista inglês, que prometeu levá-la a Milão nos desfiles da temporada. Raquel está no último ano de Cinema, afinal ela veio transferida do México e já mudou de emprego três vezes do ano passado para cá. A nossa amizade parece se solidificar a cada dia, temos os nossos perrengues de vez em quando, mas quem não ama brigas. Elas continuam firmes e fortes em seus relacionamentos e eu continuo tendo que me meter às vezes, porque nunca vi quatro seres gostarem tanto de uma discussão por besteira. 

A minha amizade com os garotos do McFly continua firme, quer dizer, com exceção de você-sabe-quem.
 Chay e Mel ainda eram os mais bêbados nas nossas festinhas e ele e Mica ainda nos matavam de rir com as suas briguinhas infundadas. E, bom, sobre Thur, desde aquele dia não o vi muitas vezes. Na verdade creio que só duas, porque fomos a dois shows do McFly no fim do ano passado e ele estava lá, lógico. Era bastante estranho quando os nossos olhares se encontravam, sempre um dos dois tratava de recuar imediatamente, ou ambos, ao mesmo tempo. Dave não imagina nada do que tenha acontecido entre Thur e eu, e ele e Thur são bastante amigos. Por conta disso é que eu tinha algumas informações sobre ele, já que Harry, Chay e Mica não tocavam muito em seu nome na minha frente. Nosso círculo de amizade se ampliou, os caras da banda de Dave têm saído com frequência conosco, Steve e Chris também são muito engraçados, são como dois clones de Chay, aquele mesmo senso maluco e destrambelhado. 

- Onde estão aqueles imbecis? –
 Mel perguntou com o celular no ouvido, fazia meia hora que ela tentava falar com Mica e Harry, mas seus celulares estavam desligados. 
- Será que eles estão dormindo? – perguntei, passando rímel.
 
- Não é possível! Eu mato! – Raquel disse, agora com um inglês bem melhor, procurando um gloss no kit de maquiagem de
 Mel. 

Mica, Harry, Dave e
 Chay ficaram de passar em nosso prédio para que chegássemos juntos. Eles tinham alugado uma van para que coubesse todo mundo. Não que tivessem tido essa ideia sozinhos, já que na cabeça deles daria perfeitamente para todo mundo se acomodar no carro de Chay. Foi aí que as únicas cabeças pensantes – e femininas – tiveram que entrar em ação e lembrá-los de que não podíamos chegar com os vestidos amassados. 
Não demorou muito tempo e depois de
 Mel desistir de ligar, Chay ligou em meu celular, levando uma bronca e em seguida justificando que os amigos esqueceram de carregar seus celulares, por isso não atenderam. Na noite anterior, fizemos uma pequena farra na nova casa de Harry e torramos a bateria de seu celular fazendo ligações interurbanas. Como se não fosse o bastante, pegamos também o celular de Mica e torramos sua bateria com mais ligações. Os donos consentiram, é lógico, acho que porque estavam muito bêbados. A nossa preocupação foi justamente pelo fato de o casamento ser realizado às 10 da manhã, por isso ficamos com medo de eles não conseguirem acordar a tempo. 

Terminamos de nos arrumar e por volta das 9 horas, os nossos respectivos príncipes, e o
 Chay, apareceram para nos buscar. A van foi mais lotada do que o previsto, porque acabamos buscando Steve e Chris também, e o último trouxe sua namorada, Michelle, que é muito simpática e companheira de vodka. Harry dirigia, porque Mica e Chay eram um tanto quanto barbeiros, Chay um pouco pior. Este foi ao seu lado, como um verdadeiro DJ, colocando todos para cantar as canções que escolhia. A casa de Fletch era muito distante de nosso prédio, e também não contávamos com um trânsito tão ruim àquela hora. Passamos 20 minutos presos em uma rua, mas conseguimos chegar ao local faltando apenas 5 minutos para o início da cerimônia. Saímos da van quase que nos pisoteando, porque todas usavam vestidos longos. Tive de ajeitar a gravata de Dave, ele não era muito bom com isso. Também ajeitei um pouco mais o seu cabelo, já que era pior ainda nisso. Mel e Quel também tiveram que ajeitar as gravatas de seus namorados; Michelle a de Chris e eu acabei também ajeitando a de Chay e Steve, que fizeram um pequeno drama por não terem quem fizesse isso por eles. Demos uma última checada em nossas maquiagens com o pequeno espelho trazido por Mel e entramos na mansão. 

Era realmente uma grande casa com um enorme jardim. Um dos jardins mais lindos que já vi. Havia centenas de flores coloridas e o verde era intenso. O padre já esperava embaixo do arco cuidadosamente decorado e em frente ao altar, as cadeirinhas brancas já estavam quase todas lotadas, com exceção das últimas, que eram as nossas, claro, porque demoramos muito para chegar. Esse era o segundo casamento que assistia na vida, o primeiro foi quando eu tinha apenas doze anos. Todos conversavam bastante e nós cumprimentávamos de longe algumas carinhas conhecidas. O portão frontal se abriu e Fletch entrou, acompanhado de sua mãe. Ele não era um homem muito bonito, mas acho que estava tão feliz que digamos que ficou bem charmoso naquele terno. Sua mãe se juntou ao seu pai na lateral, onde a mãe da noiva já estava. Exatamente às 10 horas e 10 minutos, a marcha nupcial começou a ser tocada. Nenhuma voz era ouvida ali, todos voltaram as suas atenções para a noiva, que estava linda. Ela vinha acompanhada de seu pai e seu vestido tinha detalhes rosa-bebê.
 Chay, que estava do meu lado direito – já que Dave estava do esquerdo –, me cutucou e cochichou que ela só podia estar interessada no dinheiro de Fletch, já que era muito “gostosa” e nova para ele. Dei uma cotovelada e mandei que ele se calasse, mas não pude deixar de rir com a idiotice do meu amigo, só ele, para no meio de uma cerimônia, dizer uma coisa dessas. 

Logo Fletch e Linda – sua noiva – estavam lado a lado e o padre começou a abençoá-los. Olhei para trás e
 Mel já tinha algumas lágrimas acumuladas nos olhos, sorri para ela, que me devolveu um sorriso seguido de uma mordida no lábio inferior. Voltei o meu olhar para frente e também comecei a sentir um nó na garganta, eu já não lembrava o quanto um casamento podia ser emocionante. Já havia visto e chorado com vários em filmes, mas na vida real é uma sensação inexplicável. O vento soprava cada vez mais forte, mesmo sendo uma manhã ensolarada, e Dave logo tratou de tirar o lenço do bolso de seu terno e me oferecer. Aceitei e enxuguei algumas lágrimas que já escorriam e deviam borrar a minha maquiagem. Ouvi alguns fungados ao meu lado e quase gargalhei alto, atéChay estava emocionado. Falei baixinho em seu ouvido que ele mordeu a língua com o que disse quando Linda apareceu no jardim e ele apenas assentiu, apertando os olhos com a mão, tentando parar a emoção que sentia. 
“Eu vos declaro marido e mulher.” Após o padre dizer a frase clássica, Fletch e Linda selaram a união com um beijo e foram cobertos de aplausos. A cerimônia foi muito mais bonita do que qualquer um de nós esperava. 

Mais à frente podiam ser vistas várias mesas e cadeiras, para que os convidados se acomodassem. Também havia um tablado de madeira próximo ao local onde se encontrava o bolo, em que vários rapazes estavam reunidos com seus instrumentos, deviam estar acertando os últimos detalhes para começar a tocar as músicas escolhidas pelo casal. Escolhemos uma mesa que ficava perto do centro, onde estavam os noivos e seus familiares. Os garçons nos serviram com uma entrada de frios e vinho. A banda começou, tocando “She Is Love”, do Oasis, uma das minhas canções favoritas. Os meninos brincavam com os palitos da mesa e
 Mel, Raquel, Michelle e eu brindávamos, tomando mais e mais vinho. De vez em quando, quando ninguém percebia, eu procurava por Thur com o olhar, pois Dave havia me dito que ele só viria para a festa. Não que eu achasse que ia mudar muita coisa quando o visse, mas a cada vez que olhava, ficava mais frustrada por não achá-lo. 

- O que você tanto procura? –
 Mel perguntou me assustando, por me acordar do pequeno transe em que me encontrava. 
- Hã? Eu? Nada! – disfarcei, rezando para que ela acreditasse.
 
- Sei... – disse desconfiada. – Talvez
 quem você procura ainda não tenha chegado. – enfatizou com um sorriso cínico e eu fiz careta. Nós não falávamos muito sobre o ocorrido no ano passado, masMel sempre soube que Thur não havia ficado completamente no passado. Não que eu ainda pensasse nele as vinte e quatro horas do dia, mas era como se sempre faltasse alguma coisa. Algum pedaço. 

A banda fazia mais e mais covers animados, fazendo todos levantarem de suas cadeiras e dançarem.
 (n/a: Coloque a primeira canção para tocar) Eu estava distraída, conversando com Raquel eChay quando uma nova canção começou a ser tocada. É estranho, mas depois de dois anos, a sensação que tive foi a mesma que senti da primeira vez que a ouvi longe de Thur. Chay arregalou os olhos e esticou o braço, berrando cada verso de “I Want to Hold Your Hand”, dos Beatles. O modo perfeito que a banda fazia o cover apertava ainda mais o meu coração. Raquel me puxou pelo braço, para que dançássemos juntas, mas era como se a voz do vocalista tomasse conta da minha cabeça e me conduzisse até um passado não muito distante: o dia em que, para mim, essa se tornou a minha trilha sonora com Thur. Lembrei, então, do dia em que ele fez o cover com o McFly no Children In Need, do quanto me surpreendeu e me fez ficar ainda mais apaixonada. Desvencilhei-me de Quel e corri atrás de um garçom, já que pela quantidade de pessoas dançando, eles haviam parado de servir vinho por um tempo. Encontrei um em uma das extremidades do palco e peguei uma taça. Fiquei parada por algum tempo e era como se eu sentisse a presença de Thur ali. Eu estava bem ao lado da caixa de som, mas parecia não existir nenhum barulho estridente, apenas as vozes dos cantores da banda. Era cada vez mais forte e parecia puxar o meu olhar para um lado em que eu nem teria interesse em olhar, mas foi naquela hora em que eu encontrei um par de olhos azuis me olhando fixamente. Foi como se eu escutasse um copo de vidro quebrando dentro de mim, as batidas do meu coração soavam como batucadas em meu ouvido. Thur também segurava uma taça de vinho e, ao contrário do que eu esperava, não desviou o olhar. 

“Yeah, you've got that something, 
(É, você tem aquela coisa especial)
 

I think you'll understand. 
(Acho que você vai entender)
 

When I'll say that something
(Quando disser essa coisa especial)
 

I wanna hold your hand, 
(Eu quero segurar a sua mão)”
 

Os meus olhos pareciam não obedecer aos meus comandos, eu me sentia enfeitiçada. Naquele momento pude entender o que era a sensação “estranha” que apareceu quando nos vimos no fim do ano passado: era algo como se não tivéssemos um passado, e muito menos um passado ruim. Toda a mágoa que me acompanhou desde o dia em que discutimos parecia ter evacuado. A sensação era justamente a de estar começando do zero.
 Thur estava parado, enquanto várias pessoas ao seu redor dançavam, mas era como se só estivéssemos os dois naquele jardim. Então, mais uma vez, depois de tanto tempo, ele conseguiu me surpreender. Ergueu a sua taça de vinho, como se dissesse que aquela era a nossa música e deu um meio sorriso, justamente aquele que quase me causava um ataque cardíaco. Senti todas as partes do corpo ficarem dormentes e involuntariamente devolvi um sorriso e ergui a minha taça. A minha respiração estava descompassada e eu já nem conseguia lembrar de que estava no meio de várias pessoas, em uma festa. Senti como se tivesse parado no tempo. Como se estivesse sonhando. A única coisa que eu sabia, era que queria segurar a sua mão.

-
 Lu, o almoço tá servido! – Dave disse após tocar o meu braço com a sua mão gelada. Dei um pulo devido ao susto que levei e derramei um pouco de vinho em meu vestido. – Você estava sonhando? – perguntou rindo, ao me ver desconsertada. Se não me policiasse, responderia que sim. 
- Ahn... Não, vamos. – tentei disfarçar e segurei a sua mão. Dave foi à frente e então virei-me um pouco para olhar
 Thur uma última vez, porém não consegui mais achá-lo. 

Eu me sentia exatamente como em um conto de fadas, em que a personagem ingressa num mundo paralelo e depois volta para a realidade. Almocei sem nem ao menos sentir o gosto da comida. Não conseguia parar de lembrar do meio sorriso de
 Thur e do nosso cumprimento desajeitado, quer dizer, o meu cumprimento desajeitado. O mais estranho era saber que tudo havia ficado para trás, que éramos passado um para o outro. Porém, no momento em que os nossos olhares se encontraram naquele jardim, foi como se o mundo tivesse parado de girar e só nós dois soubéssemos o que tínhamos. O elo que depois de tanto tempo confirmou ainda existir. Eu não sei sobre ele, mas para mim foi como se todas as dúvidas que sentia nesse tempo todo fossem esclarecidas: o meu sentimento por Thur tinha ficado trancado em algum lugar do meu coração, sem ser alimentado, mas ainda sim vivo, mais vivo do que eu podia imaginar. E, mesmo sabendo que nós não tínhamos mais chance, senti uma felicidade inexplicável invadir o coração: tudo estava bem, Thur e eu tínhamos nos perdoado inconscientemente. 

Anoitecia e todos estavam muito animados, mas o auge foi quando a banda começou a tocar “Crazy Little Thing Called Love”, do Queen, e eu levantei, puxando
 Mel para dançar. A gente vivia dançando essa canção durante as madrugadas desse ano. Cada um na mesa começou a levantar e Mica puxou a namorada para si, então comecei a dançar com Dave. Quel e Harry dançavam juntos, Chris e Michelle também. Steve tinha encontrado uma prima por lá e dançava com ela. E Chay? Bem, Chay continuava o mesmo. Enquanto todos dançavam em casais, ele apenas bebia o seu vinho e cantava as mulheres que iam passando pela mesa. Tudo ali parecia bem e eu me sentia extremamente feliz por ver Mel e Mica tão bem, sem problemas – não que a história do saco de merda não tenha rendido boas brigas – e Raquel e Harry trocando o “eu acho que te amo”, pelo “eu sei”. Quanto a mim, não posso dizer nem que amo Dave e nem que vivemos brigando, tudo o que eu posso dizer é que ele se tornou alguém especial para mim, alguém que eu gostaria de poder contar sempre, mas não alguém que eu gostaria de dividir uma vida para sempre. Eu sabia que não teríamos um caminho muito longo a percorrer, mas como já falei para ele há algumas semanas atrás: que seja bom enquanto dure. 

Todos já tinham bebido o suficiente e nós fomos para um lugar vazio no jardim. A festa ainda rolava, mas nós estávamos meio saturados. Deitamos e ficamos contando as estrelas.
 Chay já roncava, é claro que, para variar, ele era o mais prejudicado. Steve era o único que estava sentado, se agarrando com a sua prima. Dave também havia passado da conta e estava bastante sonolento, não demorou muito para que pegasse no sono. Mel e Mica estavam logo ao lado, Mel também estava bem bêbada e quase apagando. Mica conversava com Chris e Michelle enquanto afagava Mel, que estava deitada em seu peito. Harry e Raquel estavam mais preocupados em se amassar atrás de um arbusto. Fiquei observando o brilho de cada estrela e vendo que nada é tão ruim quanto parece. Ou, se for, pode melhorar. Quem diria que de dois anos para cá eu teria contato regular com os meus pais? Quem diria que a minha vida profissional teria finalmente deslanchado? Quem diria que talvez eu não fosse futuramente uma quarentona solteira? 
Olhei para um lado e Steve e sua prima haviam sumido, deviam também estar atrás de algum arbusto por aí. Do outro lado,
 Mica dormia e Chris e Michelle jogavam alguma coisa no celular. Não havia nem sinais de Raquel e Harry. Chay roncava cada vez mais alto. 

Decidi levantar e caminhar por aí, sabia exatamente aonde tinha que ir. Dave dormia com seu braço transpassado embaixo do meu busto, então o tirei lentamente. Ele se mexeu um pouco, mas não abriu os olhos. Sentei e o observei por alguns segundos. Dave era um rapaz realmente bonito, seus traços eram delicados e uma das coisas que mais me ajudou a acostumar com ele foi o fato de lembrar bastante
 Thur, a não ser pelos cabelos, que eram um pouco mais claros. Até os olhos tinham a mesma cor. Muitas vezes me culpei por não conseguir retribuir todo o sentimento que tem por mim, mas a sua presença sempre me fez bem. Dei um beijo leve em sua testa e, antes de levantar, tirei os sapatos. Chris e Michelle me perguntaram onde eu estava indo, então menti que estava indo ao banheiro. Caminhei bastante até chegar ao portão frontal e deixei a mansão ainda descalça. Assim fui por todo o caminho, mas segurando os sapatos em uma das mãos. Eu não sei direito o que tanto me atrai naquilo que os meus olhos vêem e seguem. 

A London Eye me parece infinita, talvez simbolize, intimamente, o modo como a minha vida foi conduzida todo esse tempo. Estive por cima muitas vezes e por baixo mais ainda, em todos os sentidos imagináveis. O fato de vê-la ali, tão grande, sempre despertou em mim a esperança de conseguir driblar todos os meus problemas, a esperança de ser maior do que todos eles. Ao entrar naquela cabine, eu me sentia no comando da minha própria vida, o que sempre me pareceu distante de acontecer. Aquela noite estava exatamente como na noite do dia 15 de junho de 2008: fria. Meu vestido era um pouco decotado e o vento era cada vez mais forte, já havia tirado o penteado, que eu tinha demorado horas para fazer, em minutos.
 
Cheguei à praça onde se localiza a London Eye, vendo o Tâmisa logo atrás, e o vento soprou com mais velocidade ainda. Suas luzes tinham sido acesas há pouco tempo, eu pude ver o momento que se acenderam enquanto olhava as estrelas, deitada no jardim da casa de Fletch. Não havia ninguém por perto, apenas alguns seguranças próximos à roda gigante, já que suas cabines não estavam disponíveis para o passeio à noite. O chão sob os meus pés estava bastante gelado, mas eu não queria calçar aquele salto que tanto me incomodava. Fiquei parada observando cada volta, as suas luzes me deixavam extasiada. Vi alguém que me parecia familiar, de costas, mais à frente, também observando as voltas da London Eye.
 

(Coloque a segunda canção para tocar) 

Aproximei-me, sentindo o vento gelado bater em meu rosto e percebendo que mesmo em todo aquele frio, o meu coração não era impedido de bater mais forte. Parei bem ao lado de
 Thur, seu cheiro pareceu acordar todos os meus sinos internos, movimentando as borboletas e fazendo bagunça no meu estômago. Ficamos os dois com o olhar fixo na roda gigante, apenas apreciando a presença um do outro. Aquele silêncio que podia dizer mais que um milhão de palavras, declarações ou pedidos de desculpa. Eu me sentia realizada pelo simples fato de poder estar novamente ao seu lado. 

- Você ainda pensa nele? – perguntou quebrando o silêncio e me deixando, como sempre, confusa.
 
- Nele quem? – perguntei de volta, ainda sem olhá-lo diretamente. Senti os olhos de
 Thur me observando. 
- No
 nosso filho. – respondeu simplesmente e o olhei, não acreditando no que ouvia. A palavra “nosso” realmente saiu de sua boca? Respirei fundo. 
- Muito. – desviei o olhar para o chão e observei os meus pés ficando sem cor, devido ao frio.
 
- Eu também. – sua voz rouca e baixa massageou os meus ouvidos, como há muito tempo não acontecia. Voltamos a nos olhar, ao mesmo tempo, e
 Thur riu. 
- O que foi? – perguntei sem entender o motivo da risada.
 
- Você sente? – perguntou já sério e eu fechei os olhos, voltando o meu olhar para o que acontecia dentro de mim quando estava perto de
 Thur. Ele não precisou me explicar o que perguntara, até porque não havia explicação com simples palavras. Voltei a abrir os olhos lentamente e encará-lo. 
- Sinto. – falei com um meio sorriso e ele franziu a testa.
 
- Dois anos. – lembrou nostálgico e voltou a olhar para a roda gigante.
 
- Quanta coisa mudou, não? – indaguei também voltando a olhar para a London Eye e percebi quando
 Thur assentiu. 
- Pelo menos agora eu não tenho um spray de pimenta nos olhos! – brincou e dei um tapa leve em seu braço, rindo.
 
- Foi divertido, não foi? – relembrei, olhando-o e percebendo que ainda era o mesmo
 Thur, apenas um pouco mais maduro e ainda incrivelmente lindo em um terno. 
- É, mas eu não queria de novo. – falou sério e eu senti um frio na barriga, pois, se dependesse de mim, viveria tudo aquilo de novo. Tá, talvez um pouco diferente. – Se eu tivesse um spray de pimenta nos olhos hoje, não teria conseguido perceber que você era a mulher mais linda da festa. – ele concluiu, fazendo o meu coração quase saltar para fora do peito e as minhas bochechas rosarem, mesmo naqueles ventos surreais. Ele ainda provoca em mim tudo o que provocava quando estávamos juntos.
 
- Mentiroso! – zombei. – Em um casamento não tem nenhuma mulher mais linda do que a noiva...
 
- Errado. Ela estaria mais bonita se fosse você. –
 Thur disse me olhando fixamente, paralisando todo o meu corpo. 
- Bobagem! – balancei a cabeça e voltei a encarar a London Eye, sem um pensamento concreto. – O que te trouxe até aqui? – perguntei e o ouvi respirar fundo.
 
- Você. – sua resposta fez com que mais uma vez os nossos olhares se encontrassem, em uma sintonia ainda mais forte.
 

“Maybe we're losing all reason in our silly fights
(Talvez estejamos perdendo toda a razão nas nossas brigas tolas)
 

Maybe this time it'll seem right
(Talvez desta vez parecerá correto)
 

I wanna tell you 'bout
(Quero te falar sobre)
 

The day we first met and
(O dia em que nos conhecemos e)
 

How I feel when you're holding me tight
(Como eu me sinto quando você me abraça forte)
 

Oh, and how you've changed my life
(Oh, e como você mudou minha vida)”
 

O motivo que me levou até a London Eye foi justamente a lembrança distante do dia em que
 Thur e eu frequentamos a mesma cabine. O dia em que ele disse que podia morrer no meu colo, pois morreria feliz. 

- Posso te pedir uma coisa? –
 Thur perguntou com cautela. 
- Qualquer coisa. – respondi hipnotizada, percebendo o quanto os meus olhos sentiram falta dos seus.
 
- Me deixa segurar a sua mão? – sorriu infantilmente e lançou um olhar inocente, me fazendo derreter e assentir. Seus dedos passearam sobre a palma da minha mão e nós observamos o momento em que os nossos dedos se entrelaçaram. Parecia fazer tanto tempo.
 
- Posso te pedir uma coisa, também? – perguntei levantando a cabeça,
 Thur fez o mesmo. 
- Contanto que não seja sair daqui... – respondeu em tom de brincadeira e nós rimos.
 
- Não, besta! – falei rindo e ele fez careta. – Me abraça? – voltei a ficar séria e observei o sorriso de
 Thur se desmanchar lentamente. 

E antes que eu pudesse pensar qualquer coisa,
 Thur não usou palavras para me responder. Uma de minhas mãos soltou involuntariamente os sapatos que carregava e quando percebi, estava com a cabeça enterrada no peito de Thur e as minhas mãos em volta de seu pescoço. As suas, me abraçavam pela cintura com intensidade. 
Aquele abraço era como se tudo voltasse para o lugar. Na verdade, como se nada nunca tivesse saído de seu devido lugar. O som de seu coração batendo tão acelerado quanto o meu me satisfazia mais do que qualquer música.
 
Ali eu não precisava de respostas e nem de um final perfeito.
 
Ali havia alívio por saber que o livro não estava chegando ao fim.
 
Ali a vida estava só começando.
 
Fim
 Hey chorando aqui com o fim da web. gostaram? nesse ultimo capitulo quero muuuuuitos comentários viu????

Créditos (x)

22 comentários:

  1. Como assim ultimo capitulo ??? Socooorro. Vai ter segunda temporada ???

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  2. Sério q acabou??? Faz um prólogo pfpfpfpfpfpf... Ameii d+ a web

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  3. Socorrooo como assim fim??? Segunda temporada JÁ pelo amor de deus!!!!!!!! - Naiara

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  4. Socorrooo como assim fim??? Segunda temporada JÁ pelo amor de deus!!!!!!!! - Naiara

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  5. Haaaa? Como assim fim?? É piada nékkk

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  6. Como assim acabou ?? Vai ter 2ª temporada néh ?? Eu preciso de mais dessa web ! Por favor faz outra temporadaaa !!!

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  7. Amanda Cruz (Pres. Prudente-SP)domingo, 7 de abril de 2013 às 14:59:00 BRT

    Por favor, faz 2ª temporada!!!! Essa web é mto linda, todos estão querendo a 2ª temporada!!!!

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  8. qro segunda terceira quarta quinta sexta e setima temporada pfpffpfpfpfpfpfpfpfpfpfpffpf

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  9. Prologo ou 2ª tem
    Pf pf pf pf pf
    Eu imploroooooo
    Ass: Julia

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  10. poxa já acabou ??? AAahh n eu amo essa web .. Por favor 2º temporadaaa!!!

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  11. E O QUE O TALITINHA COMO VC NÃO ME PREPARA FALANDO QUE ESSE ER O ÚLTIMO CAPÍTULO EU SOU MUITO DEPENDENTE DESSA FIC SEU EU MORRER DE ABSTINÊNCIA A CULPA ER SUA SOKRRO ESSA É A MELHOR QUE EU JÁ LI MAIS QUE MARAVILHOSA E PERFEITA!!!!!!:‘( ~le eu choraando~

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  12. porfavor segunda temporada eu so louca por essa web

















































    1

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  13. Não estou acreditando nisso! necessito da segunda temporada. Por favor??

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  14. ultimo capítulo?? sério?? isso ñ pode, por favor faz segunda temporada. amo essa web.. por favor necessito de uma segunda temporada :(

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  15. Que lindo! Amei, vc bem que podia fazer uma segunda temporada ou ate mesmo um prólogo mais logo ja dá. Kkkk' beijos
    Tipo amei mesmo a web! Parabéns para vc que consegue ter essa criatividade enorme para escrever. E vc escreve muito bem ta? Parabéns de novo!

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  16. Que lindo! Amei, vc bem que podia fazer uma segunda temporada ou ate mesmo um prólogo mais logo ja dá. Kkkk' beijos
    Tipo amei mesmo a web! Parabéns para vc que consegue ter essa criatividade enorme para escrever. E vc escreve muito bem ta? Parabéns de novo!

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  17. Talita sua louca, como vc faz isso? Caraca chorando demais :( Faz 2° temp. (Nathielly)

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  18. meu e muitu linda essa web eu amei e serio se vc nao fazer segunda temporada eu vo chorar muito sabe e eu ainda tinha esperança de ver os dois juntos no fimal da web POR FAVORai meu deus

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