Capitulo 17
–Oi querida tudo bem?-Perguntou minha
mãe carregando algumas sacolas.
–Tudo ótimo… -Respondi com um sorriso
bobo.
–O que houve?-Ela perguntou tirando a
redinha do cabelo.
–Nada… Por quê?
–Você parece feliz. -Disse ela
sorrindo.
–Impressão sua. -Sorri.
–Eu acho que não…-Disse ela jogando a
bolsa no sofá.
–Porque chegou tão cedo?-Perguntei
tentando distrair minha mãe.
–Acharam melhor fechar o restaurante
por um tempo.
–Por quê?
–Por causa de uma barata. Acham que
tem mais delas.
–Credo. -Disse com uma careta.
–E então?-Ela perguntou.
–O que?
–Não vai me contar o motivo da sua
felicidade?-Disse minha mãe sorrindo.
–Maria Claudia eu não vou te contar
absolutamente nada.-Resumi com as mãos na cintura.
–Como quiser Lua Blanco.-Disse ela
caminhando até a cozinha.
Eu já estava subindo as escadas
quando ela gritou na cozinha:
–Tem alguma coisa haver com garotos?
–Talvez!-Eu respondi subindo as
escadas.
Eu ouvi minha mãe rir na cozinha, ao
chegar ao meu quarto eu tranquei a porta e me encostei-me a ela, só em pensar
naquele beijo minhas pernas ficaram bambas e um arrepio percorreu minha
espinha, eu deslizei pela porta até chegar no chão,eu sorria feito boba ao
pensar em Arthur me beijando,só em pensar em seus lábios macios e quentes eu
ficava anestesiada. Naquela noite eu dormira pensando nele, foi um erro.
Sonho:
Estava chovendo muito, trovões
bombeavam no céu abrindo vários feixes de luz em meio as nuvens negras,minhas
roupas estavam muito molhadas e eu estava com frio,eu me encontrava em um rua
escura,algumas pessoas vestidas com trajes da época passavam por mim de guarda
chuva e pareciam não me notar. As casas estavam todas com as luzes apagadas e
as portas trancadas, passei pela igreja onde um padre cochichava algo no olvido
de uma freira e com uma expressão muito seria ela concordava.
A alguns passos dali eu encontrei um
grande orfanato feito de tijolos, havia uma placa de madeira que dizia:
”Orfanato Wolff para garotos, ” Era o único lugar onde havia algumas luzes
acesas, eu bati na porta, mas ninguém abriu,então eu simplesmente entrei,havia
muitas fotos antigas nas paredes, eram crianças com uniformes escolares, ao
lado deles havia algumas freiras,eu caminhei pelo orfanato bem de vagar com passos
lentos prestando atenção em tudo o que eu via,nas paredes alem de fotos havia
muitos crucifixos pregados.
Andei mas um pouco e cheguei a um
quarto onde havia varias camas enfileiradas com crianças dormindo em cada uma
delas,na cabeceira da cama junto a um crucifixo pequeno tinha o nome dos
garotos. Mas havia uma cama desocupada,quando olhei o nome na cabeceira meus
olhos se arregalaram,estava escrito ‘’Arthur Aguiar.”
Logo depois eu ouvi um grito de
criança vindo dos corredores do orfanato,as crianças que dormiam acordaram
assustadas,passaram correndo por mim sem me perceber,eu era invisível para
eles,todas as crianças ficaram na porta a espiar o que acontecia,de repente uma
freira jovem e bonita apareceu na porta e mandou todas as crianças se ajoelharem
ao pé de suas camas,logo estavam orando enquanto os gritos de crianças
continuavam,eu segui os gritos que davam em um quarto cheio de crucifixos e
imagens religiosas,havia muitas freiras ajoelhadas ao pé da cama de cabeça
baixa enquanto uma outra sussurrava algumas coisas em uma língua desconhecida.
Na cama um garoto que aparentava ter
uns 12 anos estava amarrado pelos calcanhares e pelos pulsos, ele se sacudia e
gritado sem parar, aquelas palavras que a freira sussurrava parecia estar
machucando o garoto de alguma forma. Quando a freira terminou de sussurrar
aquelas palavras todas elas gritaram juntas:
–Durma demônio!
Foi quando percebi que o garoto era
Arthur,e como se fosse mágica seus gritos se selaram,seus olhos foram se
fechando lentamente até ele dormir.
–Conseguimos… -Disse uma freira mais
jovem.
–Shiiiiiiii ele pode acordar
novamente. -Disse uma freira idosa.
Desamarraram Arthur aos poucos e o
levaram no colo até o porão, a porta parecia ser feita de uma camada grossa de
metal,quando abriram a porta pude ver varias marcas de unha,”Como uma criança
teria conseguido arranhar a porta daquele jeito?” Pensei.
Lá dentro era muito escuro, aquilo me
deu um arrepio, depois de deixarem o garoto lá elas trancaram a porta com cinco
cadeados e depois foram embora. Quando percebi já estava de manhã, eu conseguia
ouvir choro de crianças vindo do porão, era Arthur,me deu um aperto no
coração,de repente as freiras chegaram e abriram a porta bem de vagar,chamaram
pelo seu nome e ele apareceu na porta,com cara de cansado e com o nariz
vermelho de tanto chorar,as freiras abriram caminho para que ele passasse.
De repente o cenário mudou novamente,
era uma tarde nublada e alguns moradores saiam para trabalhar com suas roupas
da época, as mulheres tinham uma cinturinha fina e usavam grandes vestidos que
chegavam a arrastar no chão. Um moço alto e bonito apareceu na porta do orfanato,
sua pele era morena,seus olhos eram de um lindo castanho dourado,suas
sobrancelhas eram grossas,ele usava paletó e gravata,tudo preto,na cabeça ele
tinha um chapéu elegante e também preto. Uma freira apareceu na porta para
atendê-lo e ele disse algo que eu não pude ouvir,ela assentiu com a cabeça e o
levou até uma sala reservada onde Arthur esperava sentado na mesa,ele usava o
típico uniforme do orfanato,camiseta branca e um short azul e um tênis também
azul,seus cabelos castanhos estavam penteados de lado,e seus olhos não eram
castanho esverdeado eram só castanhos,já naquela época Arthur era lindo de
morrer,em seu pulso havia algumas marcas roxas,provavelmente de tanto amarrarem
ele na cama. O moço lhe deu um pirulito,Arthur deu um sorriso e o homem fez o
mesmo,eles começaram a conversar e de repente o sorriso dos dois se apagaram a
conversa parecia ser bem seria,alguns minutos se passaram e quando o tempo dos
dois acabou a freira foi buscar Arthur,antes do homem ir embora ele deu a Athur
uma agenda preta,e depois se virou e saiu caminhando lentamente pela porta.
De uma hora para outra o cenário
mudou novamente, agora eu estava no jardim do orfanato onde as crianças corriam
e brincavam sem parar,menos Arthur que se encontrava sentado em um banco escrevendo
em sua agenda,um garoto gordo e cheio de sardas no rosto apareceu e arrancou a
agenda de suas mãos,o garoto tentava fazer com que Arthur corresse atrás dele
mais Arthur não se movia,apenas o fuzilava com os olhos. O garoto corria de um
lado para o outro como um idiota balançando a agenda no alto da cabeça.
–Idiota. -Resmunguei.
E mais que depressa Arthur me
encarou.
–Você pode me ver?-Perguntei.
Ele apenas disse que sim com a
cabeça.
–Porque não tenta pegar sua agenda de
volta?
Ele apenas me encarou e disse que não
com a cabeça.
–Ele é um idiota.-Resmunguei
novamente.
Arthur apenas me encarou por um
estante e depois voltou a encarar o garoto que roubara sua agenda.
–Você me conhece?-Perguntei.
É ele apenas disse que não com a
cabeça.
–Porque não diz nada?
E Arthur deu de ombros.
De repente o garoto começou a rasgar
as folhas da agenda, Arthur se levantou furioso e caminhou em direção ao
garoto,que correu para cima de uma grande árvore e gritou:
–Aqui você não me pega…
Na,na,na,na,na…
Arthur me lançou um olhar maligno e
eu sacando o que ele ia fazer gritei:
–Não faça isso Arthur. Não faça!!!
Mas ele não me ouviu,Arthur encostou
a mão na arvore que foi secando lentamente,todas as outras crianças pararam de
brincar para ir ver o que estava acontecendo,a arvore secava vagarosamente,suas
folhar verdes foram ficando amarelas e depois cinzentas,seus galhos foram
secando e secando até ficarem parecendo com garras de monstro.
–Pare Arthur!!-Gritei mais uma vez.
Era tarde de mais,o galho onde o
menino estava sentado secou e quebrou ao meio,o garoto caiu lá do alto e bateu
a cabeça no chão. As crianças entraram em desespero, Arthur agora tinha uma
expressão de susto,o garoto estava caindo no chão sangrando,quando as freiras
viram a cena correram para o jardim e agarraram Arthur pelo braço e o
arrastaram para o porão enquanto ele gritava sem parar e chorava
desesperadamente.
–Não. Por favor!!-Ele implorava mas
elas continuavam a arrasta-lo.
Eu corri atrás delas mas entraram no
porão e se trancaram lá dentro.
–Não. Não!!!-Ele gritava.
–Não o machuquem!!-Eu gritei enquanto
tentava abrir a porta.
Eu ouvi um barulho de chicote e logo
depois os gritos dele novamente,eu tentava tapar o ouvido e acordar mas não
adiantava eu continuava dormindo, o barulho do chicote era alto,os gritos de
agonia e dor de Arthur ecoavam pelos corredores do orfanato,as crianças que
passavam por ali tampavam os ouvidos e corriam.
–Parem de machuca-lo por favor!!-Eu
implorava, mas continuava a ouvir o barulho do chicote bater com força nas
costas de Arthur.
Ele chorava alto e implorava mas elas
não paravam,eu tampei os ouvidos e comecei a chorar como uma criancinha. De
repente a porta do porão se abriu e as freiras saíram de lá todas com cara de
cansaço,a última carregava o chicote,ele estava ensanguentado, a freira já
cansada de tanto bater em Arthur arrastava o chicote no chão,por onde ele
passava deixava para traz um rastro de sangue.
Eu entrei no porão e desci as escadas
correndo, Arthur estava deitado no chão nu e encolhido,ele já havia parado de
chorar,agora ele só soluçava e tremia. Suas costas estavam completamente
cortadas, eram cortes profundos,eu toquei em seu ombro e ele se encolheu mais
ainda. Eu não aguentei e me ajoelhei no chão e comecei a chorar e soluçar
novamente,eu me sentia culpada por não ter o ajudado,ele então se jogou em meus
braços me abraçando e em seguida começou a chorar também,eu acariciei seus
cabelos negros e fechei os olhos. Foi quando eu ouvi passos descerem a escada e
ele sussurrou em meus ouvido:
–Você precisa ir agora…
–Não vou te deixar sozinho com elas!
–Eu vou ficar bem… Você pode
ir…-Disse ele ainda me abraçando.
–Mas…
–Hora de acordar…-Ele sussurrou em
meu ouvido.
E eu imediatamente acordei.
Créditos: Cecília

posta ++++++++++++++++++ por favor
ResponderExcluir+++++++++++++++++++++++
ResponderExcluirpelado como veio al mundo nossa que sorte da lua!!!!! quem dera eu
ResponderExcluir